LONDRES, REINO UNIDO,
13H:32MINS AM.DYLAN SMITH
OBSERVANDO AO redor como um maldito maníaco, eu balanço minha cabeça para que Claire e seu irmão possam seguir em frente. Ela me olha de lado, a maior cara de tédio do mundo estampada em seu rosto fodidamente bonito e jovem, esclarecendo que eu estou a cansando. Mas foda-se, nunca fomos postos no mesmo caminho na estrada da vida para que ela goste de mim, e sim para que a sua maldita cabeça teimosa possa permanecer intacta.
— Desnecessário. — A garota resmunga, e dá tudo de mim para não gritar com ela bem aqui. Nós não estamos juntos nem á vinte e quatro horas e eu mal posso aguentá-la, em toda a sua teimosia, frescura, histeria e forma irritante de querer mandar na situação.
— Você não gostaria de acabar com uma bala no meio da sua testa. — Rosno em sua direção como um cão maldito, e então, com uma expressão irritada na sua cara bonita, ela fecha a porta do banheiro feminino decadente do posto de estrada.
Nós aterrissamos em Londres á provavelmente cinco horas atrás, e, sem qualquer tempo para respirar, compramos roupas novas e alguns suprimentos, consegui um bom carro e pegamos a estrada para Manchester. É claro que Claire e Philip não pouparam as perguntas, mas eu fui grosseiro o suficiente para assustar o garoto e irritar sua irmã.
Olhando em meu relógio de pulso com tela LED, eu passo um olhar minucioso ao redor do posto praticamente vazio, antes de apertar o pequeno botão perto da bateria do pequeno aparelho. Uma lista de coordenadas aparece na tela pequena, e eu sei com exatidão para onde essas coordenadas levam: Rússia, mais especificamente Moscou.
Não é exatamente legal ter uma sede da CIA em território russo, mas Maxwell deixou claro que os dois pirralhos precisam estar em segurança, e a Rússia é o lugar ideal para que os dois fiquem reclusos e seguros, porque, bem, resgatando um pouco da história, os alemães nazistas não eram muito bem recebidos em alguns lugares, como a Rússia.
— Philip, eu sei que nós estamos saindo da cidade, mas... — Eu escuto a voz de Claire ecoando pelo banheiro, mesmo que baixo. Ela trava, e eu presto mais atenção em sua conversa com seu irmão. Espero com uma maldita expectativa o que vem á seguir - Dylan cuidará de nós dois. Ele é um bom amigo.
— Você nunca levou amigos para nossa casa além de Sam e Miles, além do seu namorado chato. — A voz de criança de Philip ecoa mais aguda pelo banheiro, e eu, como um filho da puta curioso, chego mais perto da porta do banheiro para escutar melhor a conversa. Encosto-me na parede imunda com cuidado para não fazer qualquer ruído. Não é tão difícil, peguei prática no decorrer dos anos trabalhando para o governo secreto.
Como o trabalho me obriga, eu estive bisbilhotando a vida de Claire detalhadamente pelo último mês, e consequentemente, descobri sobre seu círculo social, e isso inclui os caras com que ela provavelmente transou nos últimos dias, como um cara idiota chamado Bob Alguma-coisa, cuja aparência me deu uma ideia do seu patético "homem ideal". Magricela, ridiculamente romântico e "bonzinho".
Por dois segundos, o garoto teimoso e insistente consegue deixar a garota calada, mas então, sua voz afetada pela mentira, surge ecoando no banheiro:
— Bem, Bob não é meu namorado. Na verdade, Dylan é quem é. Nós estivemos juntos pelas duas últimas semanas, e eu resolvi que seria melhor contar para você em uma ocasião especial. E agora ele decidiu que seria legal nos levar em uma viagem, para que pudéssemos contar para você. — Eu consigo identificar quando sua voz falha ao dizer meu nome. Quase rio da sua mentira descarada e pelo ridículo fato de que ela esteja se justificando para um garoto de oito anos de idade. Foda-se, nunca fui bom com crianças, e um garoto irritante como Philip não poderia jamais mudar minha ideia á respeito de fedelhos como ele.
— Ele é meio assustador, Clary. — O garoto solta, falando baixo como se, de alguma forma, temesse ser ouvido. Eu reviro os olhos, mas tenho um sorriso idiota nos lábios. É sempre engraçado quando uma criança teme uma pessoa.
— É só que... Ele é um pouco sério. Mas tenho certeza que vai começar a te tratar bem como faz comigo, querido. Agora, lave as suas mãos, porque você sabe, Manchester nos aguarda. — Ela diz, numa falsa animação. O garoto solta uma risada, e então, dois minutos depois os dois saem.
Desvio os olhos da porta para o meu relógio, e então o bloqueio, antes, é claro, salvando todas as informações que antes apareciam na pequena tela. O bom de trabalhar para o governo secreto é que agentes de campo como eu tem total liberdade para usufruir das melhores tecnologias.
— Então, vocês finalmente ficaram prontos, hein? — Eu digo, e me sinto um idiota fingindo simpatia com o garoto. Nem posso acreditar de verdade que estou dando corda para a mentira de Claire, mas, pensando melhor, é preferível contar uma pequena mentira para o garoto e o deixar satisfeito, do que tê-lo atrapalhando todas as nossas ações com perguntas chatas e insistentes.
Claire me olha com a testa franzida, e eu faço-lhe uma careta do tipo: "você me deve por essa merda", no momento em que Philip me dirige um sorriso. Nós três caminhamos rapidamente para o carro, já abastecido, e então, as próximas duas horas são passadas ora em silêncio, ora preenchidas pelas vozes de Philip e Claire, que, vez ou outra responde seu irmão sobre as plantas na paisagem que se formam á nossa frente.
— O que nós estamos fazendo em Manchester, exatamente? — Claire me pergunta á medida que o carro vai adentrando a cidade, que á essa hora, está movimenta como nunca. Philip está dormindo no banco traseiro, o que explica nosso silêncio á alguns minutos.
— Há alguns documentos valiosos que eu preciso. — Digo simplesmente, e não há mais nada que eu vá lhe revelar. Além do fato de que eu não a quero sabendo dos motivos pelos quais eu me movo ou faço determinada coisa, quanto menos ela souber sobre qualquer coisa do meu mundo, melhor para sua segurança, e melhor para mim mesmo.
Eu sempre estive sozinho, desde os meus dezesseis anos, e nunca precisei dizer o que estou fazendo, porque o estou fazendo e assim por diante, então não preciso de alguém como Claire, nova e sem qualquer contato com o mundo negro que move a nossa violência mundial, sabendo á meu respeito e todas as minhas ações.
— Você entrou de supetão na minha vida, me tirando do meu normal, da vida dura pela qual eu tentei erguer junto com Philip depois dos nossos pais morrerem num acidente, então, ser vago comigo não é o certo á ser feito agora, Dylan. — Ela diz, encarando além da janela. Consigo sentir a mágoa destilada em suas palavras, mas isso não me faz sentir nada, como a maioria sentiria.
Ela parece certa, mas isso não é algo realmente que eu possa controlar dentro de mim. Viver por tanto tempo sozinho, de certa forma, me deixou um tanto egoísta e inabalável, de modo que contatos com as pessoas que levam suas vidas normais, são tão evitados por mim quanto alguém alérgico á amendoim. Principalmente sempre esclarecer o que estou fazendo.
— Sinto muito, mas você não precisa desse tipo de informação, então não pergunte mais. — É o que digo, nunca desviando meus olhos da estrada.
Eu a escuro suspirar, como se carregasse um grande fardo sob as costas. Não me importo de verdade, ela não sabe o que é o real sentindo da palavra cansaço ou sofrimento. Todos esses anos trabalhando em operações especiais em que precisei ficar infiltrado por tantos meses, tendo que esquecer o meu próprio eu, pude ter um vislumbre do sofrimento verdadeiro de alguns seres humanos, que são sempre explorados por outros. Então, mesmo que ela tenha passado um inferno particular por ter perdido seus pais e que nem saiba realmente a verdade sobre a morte dos mesmos, eu vou sempre me lembrar que seu sofrimento é muito menor do que já pude, eu mesmo, presenciar.
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Damaged Soul {t.h} [ PAUSADA ]
Fanfiction×.Tom Hardy Fanfiction.× Em meio á um conflito de guerras e desumanidade, será que uma alma danificada pode ser salva?