"O amor é formado de uma só alma, habitando em dois corpos"

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E lá estava eu, me movendo como se nunca mais fosse alcança-la, ela era perfeita e eu apenas um cara tímido que desenhava no final das folhas de meus cadernos, ninguém me via ou notava, eu não precisava de atenção, na verdade eu não queria... Meus olhos dourados percorriam as curvas dela, de forma tímida, fitando seu sorriso enquanto ela não percebia. Lá estava ela sempre com varias amigas e amigos, com seus cabelos curtos, coloridos, caídos ao ombro, sorrindo, feliz... Aquele olhar quase cinza, aquele jeito, tudo nela me encantava desde a 4ª serie, eu lembro de todas as brincadeiras, lembro dela na primeira fileira... Era sempre esperta, sempre atenta, e nunca deixava de se divertir.

E lá estava eu, no 2º ano sem coragem de dizer um "oi". Que burro eu sou! Ela estava lá, todos esses anos, 4 cadeiras a frente da minha, e minha grande idiotice foi incapaz de me permitir dizer "oi".

Eu andava pelo colégio, do mesmo jeito de sempre, com fones no ouvido, caderno na mão, desenhando, quando um dia a vi, no balanço, de cabeça baixa, com uma foto rasgada, lagrimas escorriam pelo seu rosto, e ela limpava-as o mais rápido que conseguia... 

Eu morri. Eu não gosto de morrer, porque doí, mas, morria toda vez que a via chorar, que a via quebrada, machucada, e dessa vez, aquele machucado não era um do qual eu sabia que sarava com remédios, ela precisava de mim... Porém eu não podia me aproximar, não podia lhe mostrar minha caixinha singela de sonhos, e faze-la sorrir... Eu ainda não tinha coragem... Eu me odeio!

E assim, lá estava ela, mais uma vez sorrindo, e andando com suas amigas, não havia tanto tempo, elas não percebiam, mas eu sim. Aquele sorriso meio falso, ainda escondendo seu machucado, e suas lagrimas, eu não podia fazer nada... 

Quando eu queria, usava um desenho pra pensar nela, já fazia um tempo que não ela não vinha. Agora, ela faltava de vez enquanto, aquilo me machucava. Eu me odiava...

As vezes, ela costumava passar por mim. Meu coração parava, minhas pernas tremiam, sentia borboletas em meu estômago, eu não há olhava, sabia que meu rosto travaria, minhas bochechas corariam... Só que, era bom... Aquele sentimento de medo e de prazer ao mesmo tempo. Era tão bom sentir aquilo, e era ruim ao mesmo tempo... nem sempre o platônico é revigorante... Porque, eu não queria só imagina-la perto de mim...

Ai, quando eu tomei coragem, descobrir que ela amava a mim. Posso dizer que meu mundo caiu, eu fui ao céu e ao inferno no mesmo instante, oh deuses, aquilo me consumiu. Eu precisava esquecer da timidez. Peguei uma folha do caderno, a desenhei, pedi para ela me ver. Deixei a carta no armário dela... E me subiu o nervosismo, o medo. Eu cheguei mais cedo, como sou burro! E meu coração bateu forte quando finalmente há vi.

Então, sob um carvalho branco, sempre nos encontrávamos.

"Uma vez nós fomos sombra. E eu me lembrei que não devo cair de tão alto, devia manter meus pês no chão... Mas meu pensamento voava por todas as dimensões... E eu a esperava ali, e quando ela me viu, correu em minha direção, naquele momento caminhamos juntos, em meio as flores, as folhas"...

Algumas vezes nossas opiniões foram diferentes, ela queria algo, e eu não queria e não aceitava, brigávamos... Eu não sei porque... Me arrependo de não ter aceitado algumas besteiras... Talvez por isso, por minha idiotice, ela tenha fugido... E sem ela, me sinto pesado como uma pedra, é como se ela me fizesse leve, e ao seu lado eu pudesse voar, eu mostrei a ela meus sonhos, desesperos, meus medos, minha coragem... Lhe dei minha caixinha singela, e nossos lábios se encontraram. Eu demorei para encontra-la, e achei que ela não me amava... Eu era apenas um cara tímido e ela... A menina mais bonita que meus olhos já viram.

Eu não quero mais brigar, podemos ser diferentes, mas é teu sorriso ao qual quero ver todas as manhãs, e é contigo que quero ficar... Eu sinto muito por todas as vezes que a vi chorar e não fui lá por medo, eu era um cara idiota... Mas, sem você eu sou só uma sombra... Você me fez ser luz, e eu pude existir sem medos, eu deixaria meu mundo cair para segurar o seu, pois eu não gosto de morrer, e você é a única capaz de me matar... Então, acredite, eu não vou te machucar. Não mais... Meu querido amor. 

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