O disfarce de uma estrela!

Capítulo 43: Estavas a pedi-las!

Fui para casa furiosa. Meti a chave na porta mas com os nervos e a raiva não a conseguia abrir, por sorte o Justin já tinha chegado e abriu-me a porta.

Entrei a correr e fechei a porta depressa deixando-me escorregar até bater com o rabo no chão. Respirei fundo e olhei para o teto branco:

- Que tal correu?- Perguntou ignorando o meu estado lastimável e mudando de canal.

- Diz-me tu, porque eu não sei. Qual foi a ideia de me seguires?

- Eu não te segui!- Disse depressa, como se tivesse razão.

- Poupa-me! Eu senti o teu perfume a milhas e o meu detetor de sawg rebentou assim que subiste as escadas!

- Pronto, já lhe avariei os circuitos!- Ele estava a rir-se de mim?

- Se eu não me consigo desenvencilhar sozinha, quanto mais quando tenho Justin Bieber por perto!!

- Bia, porque é que não o beijas-te?- Ele olhou para a TV travando o maxilar. À pois!! Agora é que ele era direto!!Eu adorava quando ele fazia aquilo, CONCENTRA-TE!

- Eu...- Eu não sabia que responder, eu não queria contar o que estava na minha mente, não queria que o Justin sentisse pena de mim.- Eu não tenho de dar-te explicações!!

Ele riu como se soubesse o peso que eu sentia dentro de mim.

- Qual é a graça?

- Ai é que está: o problema não tem graça nenhuma...- Disse olhando o televisor distraidamente.

- Em português, em português caraças!!- Implorei coçando a cabeça, para que ele disse-se algo que eu compreende-se o sentido.

- Eu não falo português.

- Tu percebes-te!! Olha... esquece. Faz isso: esquece! Eu estou com o pior feitio de sempre, porque tive o pior encontro de sempre e a única coisa que melhora o meu pequeno estado de espírito é ter Justin Bieber em casa, prestes a dar-me na cabeça, enquanto eu lhe vou descarregar em cima!!- Disse como para Deus.

- Não sou profissional, mas acho que quando se vai a uma coisa destas, normalmente tem-se alguma coisa de interessante para dizer... do tipo positivo.- Ele tentou consolar-me.

- Sim!! Ele convidou-me para almoçar!- Disse de forma positiva.

- Boa, como é que foi?

- Disse que eu não tinha técnica suficiente para ensinar a irmã, mas diz que a irmã dança muito bem... Graças a mim caraças!!

- Presumo que como correu tão bem , nem lhe deste o número...- Eu já disse que odeio a ironia deste tipo?

- Claro, que não! Ele nem merece ter nove dígitos no meu telemóvel!- Disse obstinada.

- Tu esqueceste-te de lhe pedir o número não foi?- Perguntou com um sorriso de gozo.

- Eu?! Mas tu achas que eu sou o quê?! Sim... esqueci-me!- Espetei uma mão na cara para esconder a vergonha.- Eu vou entrar de greve!! Rapazes só servem para chatear e perder a paciência!!- Deixei-me cair em cima do sofá.

- Se te serve de consolo, estás linda!- Disse-me com aqueles olhos cor-de-mel que eu tanto adorava.

- Tá... obrigada... Justin?

- Lá vem... que é que queres?- Ele foi um bocado grosso.

- Esquece! Não é nada...- Levantei-me e fui trocar de roupa, tinha uma aula de ballet para dar.

Entrei no meu quarto e abri o armário da roupa, lá bem no fundo eu tinha uma caixa muito importante para mim: a caixa do Manuel. Lá eu tinha todos os milhares de fotos que tirámos juntos, os presentes que ele me tinha dado... dei de caras com uma foto em que estávamos bem fofos, e aquele sorriso nem o Justin conseguia bater (foto inicio de capitulo).

Vesti os meus collants brancos com o body rosa claro, umas leggins pretas e um casaco de ballet cor-de-rosa claro, que ata atrás. Fiz um coque ajeitado com uma madeixa a cair de lado e desci.

- Estás tão... delicada!- Ele disse em tom de deboche.

- É, tu estás tão... chato!

- Eu sei que isso é tudo amor!

- Só que não!- Disse fria, fui buscar as minhas sapatilhas de pontas de gesso e abrir a porta assim que ouvi bater.

Eu tinha um sorriso demasiado grande nos lábios. Tinha o par de sapatilhas nas mãos.

- Boa tarde!- Olhei quem era e vi a Nina e a Lili.- Olá meninas!

- Olá Bia!!- Disseram com aquele sorriso adorável desdentado graças à queda dos dentes de leite.

- Eu venho buscá-las daqui a 1:30H, a mãe da Lili tem uns recados...- O cagão do Ricardo apareceu.

- Ok...- Tentei ser profissional.

- Até depois, e porta-te bem Nina!- Disse dando-lhe um abraço.

Até foi fofo.

- Ela porta-se bem de certeza, já o irmão...- O Justin comentou do lado de dentro.

Eu sorri embaraçada para os três à minha frente e atirei as sapatilhas ao aluno de intercâmbio.

- Tenho de ir!- Disse o loiro saindo depressa.

Fechei a porta depois das pequenas entrarem e respirei fundo.

- Podem ir descendo, meninas... eu tenho de ficar à espera das outras.- Tentei ser simpática.

- Sim, Bia!- Responderam em coro.

Assim que as vi desaparecer:

- Qual é ideia?! A palavra vergonha existe lá na tua terra?!

- Na minha?! Tu atiraste-me gesso à cabeça!!- Disse apanhando-me as sapatilhas.

- Não se perdia muito: não tens nada aí dentro!- Estávamos muito perto.

- Não é isso que ouço quando a menina se mete com os All around the world todos!!- Ele já estava furioso comigo.- É preciso lembrar-te que andas-te à porrada com a minha ex-namorada?

- Se é ex, não há problema!!- Disse depois de calçar as sapatilhas e meter-me em pontas para ficar do mesmo tamanho dele.

- Podes descalçar as sapatilhas, que não é assim que me chegas aos calcanhares!- Aquilo podia doer se eu tivesse um orgulho e uma autoconfiança de aço, mas não tenho portanto, foi só mais uma boca lançada.

- Ainda bem, porque pelos visto quando chegamos alto, metemos-nos a fazer chichi para baldes de plástico e a fumar ganza como não faríamos cá em baixo!- Acho que foi demais, eu repreendo-me tanto por ter dito aquilo. Onde é que eu estava com a cabeça? Eu não sou assim e afinal eu era belieber: uma belieber não diz isto... especialmente na cara de Justin Bieber.

Ele olhou-me com o maior desprezo do Mundo, com o maxilar travado e com os olhos tornado-se negros, e eu não o julgava por isso, aliás, eu já tinha julgado demais para um dia.

- Eu... desc... tenho de ir! Caso mais alguém bata à porta sabes onde estou!- Saí dali a correr e fui para a sala de dança. Eu estive perto de pedir desculpas, mas eu nunca pedi desculpas a ninguém, especialmente a Justin Bieber.

Fiz um esforço para engolir as lágrimas e entrei na sala.

- Muito bem, vamos começar?

As duas amigas estavam a conversar e fazer um pequeno aquecimento na barra de ballet que eu tinha ali.

Elas assentiram e sentámo-nos no chão:

- Lembram-se: pés de palhaço... pés de bailarina... pés de palhaço pés de bailarina.

As duas meninas seguiam os meus movimentos com os pés.