Acordei... Meio zonzo... Não sabia o que estava acontecendo de fato...
Tentei me levantar mas não conseguia me equilibrar. Olhei ao meu redor, estava sozinho no beco sem saída, e já era noite. Depois de alguns minutos no chão, tentei me levantar mais uma vez. Estava menos zonzo, mas conseguia me manter em pé. Assim que levantei percebi que não era só minha cabeça que estava doendo, eram várias partes do corpo, como se eu tivesse perdido uma luta no vale tudo. Eu peguei minha mochila que estava no chão aberta, coloquei nas costas, apoiei na parede do beco e coloquei o braço mais dolorido no bolso do casaco. E então fui caminhando até a casa. O caminho parecia diferente de quando levei a Dominique para sua casa, estava mais triste, desanimado, frio e escuro. Claro devia estar tarde. Tomei uma pancada tão forte que fiquei umas 5 ou 6 horas desacordado. Não me preocupei com o que minha mãe ia pensar, ela não ligava muito pra mim, e devia estar bêbada uma hora dessas.Cheguei em casa, estava toda escura, não estava conseguindo nem caminhar direito. Arranjei um inimigo no primeiro dia de aula, um valentão do segundo ano, com uns amigos que vão na onda dele.
Assim que entrei eu não acendi as lâmpadas, me sentia confortável com a escuridão presente na porta. Era reconfortante, e não machucava minha vista, já que enquanto eu caminhava os postes ainda não estavam ligados. Eu subi as escadas e deixei a mochila na porta do meu quarto. Fui tirando as roupas e me olhando no espelho, eu olhava meus hematomas em volta de todo corpo. Era um galo na cabeça, o lábio inferior cortado, barriga dolorida, braços doloridos, e minha coxa direita estava dolorida também. Mas eu reparei em um reflexo diferente no espelho. O reflexo de um vulto, com um casaco, calça jeans, sapatos escuros, e usava o capuz do casaco. Além da escuridão da casa, o capuz que ele usava tampava seu rosto por completo. Não conseguia enxergar nem uma parte do rosto dele, mas com um esforço eu consegui ver sua boca. Ele estava sorridente. Um sorriso que eu jamais tinha visto. Um sorriso macabro, como se tivesse acabado de ver o que ele mais desejava em toda sua vida. Ele levantou um pouco a cabeça e sussurrou:
- Nero, eu me lembrei do seu nome, você se lembrou do meu?
Quando ele acabou de dizer isso eu paralisei. Eu não conseguia mover nenhum músculo do meu corpo, nem mesmo piscar. Ele olhou mais fixo para mim, e deu um pequeno passo para minha direção, e disse mais uma vez:
- Nero, eu me lembrei do seu nome, você se lembrou do meu?
Eu continuei imóvel, não pensava direito vendo esta situação, era algo que nunca tinha visto acontecer. Ele fixou ainda mais os olhos nos meus, e deu mais um passo para minha direção, porém foi um passo mais largo que o anterior e disse novamente, mas dessa vez com um tom mais ameaçador:
- Nero, eu me lembrei do seu nome, você se lembrou do meu?
Eu, mais uma vez, não me movi. Então ele começou a vir em minha direção, e tirou uma faca de cozinha do seu casaco, era uma bela faca, do tamanho do meu ante-braço e começou a andar arranhando a parede do corredor das escadas. Ele gritou:
- NERO! VOCÊ NUNCA IRÁ ESQUECER MEU NOME DE NOVO!
Ele ficou frente a frente ao meu rosto... E eu... Apaguei...
Acordei na mesma avenida em que tinha acordado um dia antes. Mas dessa vez foi diferente, eu estava com o mesmo casaco que aquele homem, mesma calça, mesmo tênis, mas o que mais me intrigou foi o fato de eu estar com a faca de cozinha dele. Porém nela havia sangue.
Eu nem precisei pensar muito, corri pela avenida até minha casa, cheguei em casa correndo mas não estava cansado, adrenalina circulava em meu corpo. Eu não entendia o que havia acontecido. Eu tirei as roupas, fui para o espelho do banheiro joguei a faca na pia e me olhei através dele. Meu rosto estava coberto por sangue. Eu não sabia o que tinha acontecido, mas se alguém tivesse me visto, obviamente acharia que eu tinha matado alguém, não queria pensar nessa possibilidade, porém eu não me lembrava do que tinha acontecido, nem como fui parar ali. Eu estava confuso de mais para pensar nisto agora. Entrei no chuveiro e fui me limpar desse sangue.
Acabando o banho eu recolhi as roupas com sangue no chão, e joguei debaixo da minha cama, minha mãe não iria abaixar para limpar lá, então ali era o melhor lugar para esconder as roupas. Enquanto eu caminhava pela casa pensando no que havia acontecido, eu olhei para a parede do corredor da escada e notei algo que não estava lá, havia um risco grande na parede, esse risco era grande de mais para eu tampar com algum pano ou qualquer coisa do tipo, ele pegava da porta do meu quarto até a do banheiro, eu olhei o risco é me lembrei do vulto que tinha visto. Quando me lembrei meu corpo congelou. Comecei a olhar em todos os cômodos da casa, procurando por algum rastro dele, ou algo que sumiu. Olhei no banheiro, no meu quarto, no quarto da minha mãe, na sala, na cozinha, e não encontrei nada. Mas havia um lugar em que eu não tinha olhado, no porão. Eu desci as escadas rapidamente e cheguei a porta do porão. Liguei a lanterna do celular, abri a porta para as escadas do porão e desci. Bem devagar, com calma, e com paciência. Quando eu acabei de descer eu mirei a lanterna no meio do porão e vi o mesmo vulto sentado em uma cadeira olhando para mim, as roupas dele estavam exatamente como as minhas, até no detalhe do sangue, eles estavam no mesmo lugar, ele estava mais sorridente do que da última vez. Ele fixou os olhos em mim, parecia que os olhos dele pediam sangue, estavam sedentos por sangue. Ele deu uma gargalhada macabra, e logo atrás dessa ele deu mais uma gargalhada, mais alta que a primeira, porém essa era contínua, uma gargalhada que estremecia qualquer pessoa. Ele começou a balançar a cabeça, o que me fez pensar que ele realmente estava rindo. Ele ria com um prazer imenso, notava isso só olhando para ele. Eu rapidamente subi as escadas sem olhar para trás, mas a gargalhada continuava ainda mais intensa. Parecia que ele iria morrer de tanto rir. Acabei de subir, tranquei a porta do porão e subi as escadas para o banheiro. Peguei a faca e fui para a sala. Peguei um banco, posicionei em um lugar que eu conseguia ver a porta do porão, sentei nele enquanto eu ligava para a polícia. Liguei para a polícia e disse que tinha um maníaco em meu porão, disse que ele estava trancado, e que eu estava vigiando ele. Eles disseram que tinha uma viatura perto do meu bairro, e que eles chegariam em minha casa dentre uns cinco minutos.
Quando eu desliguei o telefone notei um detalhe, eu estava com uma faca de cozinha coberta por sangue. Se eles vissem isso eu iria para a cadeia sem nenhuma pergunta. Então rapidamente corri pro meu quarto e deixei a faca junto com as roupas, debaixo da minha cama. Assim que escondi ela entre as roupas eu desci as escadas e olhei para a porta do porão. Ela estava aberta , sem nenhum vestígio de arrombamento, a fechadura estava intacta, porém a janela estava aberta. Quando eu pensei em ligar para a polícia mais uma vez a campainha toca, eram eles.
Um policial disse:- Garoto nos mostre onde é o seu porão, rápido.
Nem pensei muito, eles iriam vasculhar a casa e iriam achar as roupas e a faca se eu dissesse que o maníaco fugiu. Então eu disse:
- Ele acabou de fugir pela janela da minha cozinha.
Eles perguntaram se ele estava armado e eu respondi que estava. Então rapidamente eles subiram no carro, sem fazer mais perguntas e saíram a procura do maníaco.
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PSYKHÉ PATHOS (PAUSADO)
HorrorUm jovem de dezesseis anos, anti-social, depressivo, e sem esperanças na vida, descobre do jeito mais simples que sofre de distúrbios mentais, mais conhecido como Psicose...