Os sete anões

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       Ergui os olhos, para encarar o homem a minha frente. Ele era mais ou menos uns vinte centímetros mais alto que eu, e me olhava visivelmente irritado, quem era eu não fazia idéia, jamais o tinha visto na cidade antes e naquele momento desejava jamais vê-lo outra vez. Que sujeito insuportável! Meu humor, que eu classificará de os sete anos, com certeza estava mais que zangado.
— Há quanto tempo tirou sua habilitação? - ele inquiriu
— Há mais tempo que você. - retruquei, para minha surpresa ele sorriu.
— Isso com certeza.
— Oque?? - aquele idiota estava me chamando de velha?
     Como sempre acontecia nesses casos, um aglomerado de gente se formou ao redor, todos curiosos e loucos por um barraco. Merda! Nunca fui de me meter em confusão, respirei fundo, buscando agir prática e racionalmente.
— Onde aprendeu a dirigir? Você virou a esquina sem dar o sinal.
Que ódio! Ele tinha razão.
— Tudo bem, tem razão. - tive que admitir em voz alta, oque o fez franzir a testa em um gesto de incredulidade, que contra minha vontade achei muito sexy.

 - tive que admitir em voz alta, oque o fez franzir a testa em um gesto de incredulidade, que contra minha vontade achei muito sexy

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— E oque pretende fazer? -questionou.
    Bom não tinha sido uma grande batida na verdade, apenas arranhões em ambos os carros, oque o seguro cobriria com certeza. E foi oque lhe disse.
   Quando a viatura da brigada militar apareceu, já estava tudo resolvido, liguei para a seguradora, e sim, eles cobririam o concerto. Problema resolvido! Fiquei aliviada, e, apesar da cara de poucos amigos do sujeito ele também, pareceu satisfeito.
— Pelo menos  você estava usando o cinto de segurança - comentou - talvez não seja de todo uma irresponsável.
— Vai se ferrar! - dei as costas e voltei para o carro, não vendo mais motivos para permanecer alí as pessoas dispersaram.
— Certo, Ana. - O sargento Rodrigo, meu antigo colega de escola, me liberou depois de fazer o teste do bafômetro - Você vai ter que ir a delegacia, e dar esclarecimentos.
— Pode ser amanhã? - questionei, minha cabeça começava a latejar.
— Tudo bem.
   Liguei o carro, e deixei o local, vendo de relance o sujeito do outro carro me lançar um olhar de desdém.
— Que homem mais irritante!
   Acabei não indo ao banco, ou seja acumulando contas à pagar. Que dia estressante, tudo oque eu não precisa no momento era uma crise familiar, mas como não temos controle sobre o tempo e o espaço, só oque pude fazer foi ficar perplexa quando Maria Luísa entrou como um furacão:
— Samuel, tem uma amante!

 Que dia estressante, tudo oque eu não precisa no momento era uma crise familiar, mas como não temos controle sobre o tempo e o espaço, só oque pude fazer foi ficar perplexa quando Maria Luísa entrou como um furacão:— Samuel, tem uma amante!

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     — Oque tá havendo? - Júlia inquiriu, liguei para ela depois de levar Luísa para o meu apartamento - E oque houve com a sua testa?
    Por conta da batida um enorme galo cantarolava na minha testa.
— Nada demais.
   Nos sentamos de frente para Luísa, e eu pedi que repetisse oque havia me dito antes.
— Samuel tá me traindo, tenho certeza, ele tem uma amante.
— O nosso Samuel? - Júlia questionou, nos olhamos por uns dez segundos antes de cairmos no gargalhada.
— Fala sério, ! - Júlia disse entre risos.
      Com certeza aquela era uma situação impossível de acreditar. Samuel era nosso primo, ele e sempre foram loucos um pelo outro, um fato que no começo incomodou nossa família, mas, quando Luísa ficou grávida, aos quinze anos, nossos pais optaram pelo clássico, aceita que dói menos. E quando os gêmeos nasceram, trouxeram a harmonia consigo. Era impossível imaginar Samuca sem Maria Luísa, e vice-versa.
— Tô falando sério.- afirmou, as lágrimas vertendo livres.
— Que merda! - Maria Júlia exclamou, na hora pensei a mesma coisa.
    Depois que Luísa se acalmou, ela contou com detalhes oque a fazia ter certeza que Sam a estava traindo.
— Já tem um tempo que as coisas não são como antes, acho que nosso casamento caiu na rotina. Eu tô sempre tão cansada, com a faculdade e os meninos, quase não temos tempo pra nós dois.
    Depois de muito tempo, Luísa tinha decidido voltar a estudar, a faculdade de pedagogia era uma meta que ela tinha se proposto alcançar, e pelo que eu sabia Samuel não tinha se oposto.
— A quanto tempo vocês não transam? - Júlia questionou naturalmente.
— Três meses.
— Então a coisa é séria mesmo.
— Samuel tem andado muito estranho, ele some sem dizer aonde foi, outro dia ele me disse que iria ficar na serralheria até tarde, mas quando liguei tio Abílio disse que ele saiu no horário de sempre.
   Para piorar a situação, Luísa viu as mensagens no celular de Sam, ele tinha um encontro marcado com alguém naquela manhã, então ela foi até o sítio hotel atrás dele e:
— Tinha uma mulher esperando por ele lá, uma loira dessas de farmácia.
    Sem saber oque fazer Luísa veio me procurar. Não era do feitio de Maria Luísa agir racionalmente, mas ainda que eu negasse aquela história fazia muito sentido. Mas...
— Você tem que falar com Sam, dar a chance dele se explicar, toda a história tem dois lados.
— Ana tem razão - Júlia concordou - que bom que você não fez nenhum barraco, afinal vocês tem dois filhos...
— Três.
— Oque? - Gritamos ao mesmo tempo Júlia e eu.
— Eu tô grávida.

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     Acordei atordoada na manhã seguinte, a cabeça latejando

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     Acordei atordoada na manhã seguinte, a cabeça latejando. Júlia se encarregou de levar Luísa para casa e fiquei um pouco mais aliviada, essa situação com Samuel e a nova gravidez a estavam levando a loucura, e nesse momento tudo oque ela não precisava era perder a cabeça.
— Que merda! - meu cabelo parecia um ninho de pássaros, mais tarde eu iria ao salão dar um jeito naquilo, mas no momento fiz um coque e saí para a rua, tinha que ir a delegacia.
— Bom dia, Benjamin.
— Bom dia, dona Ana.
— Só Ana,Benjamin sem o dona ok?
Ok! - ele concordou com um sorriso - Minha irmã também se chama Ana.
— É mesmo? - me surpreendi.
    Por falar em surpresa, achei que essa seria a última da semana, ainda tinha muita coisa pela frente. E para meu desgosto fui surpreendida mais uma vez àquela manhã.
— O delegado vai ouvir você num minuto - Betti me disse, pelo menos vai ser rápido pensei enquanto esperava, São Pedro não era uma cidade violenta, esse novo delegado teria muito tempo livre para cosar o saco e comer rosquinhas.
      Fiquei esperando na sala dele enquanto segundo Betti ele atendia outro caso na sala ao lado, aquele era o mesmo escritório que tio Neco usará à anos atrás, só oque havia de diferente era o computador e o porta retratos com a foto de uma neném loirinha sorrindo. Uma filha, mas não havia fotos de uma esposa.
— Senhorita Mariana Schmidt, não é?- me sobressaltei, quase tinha sido pega bisbilhotando.
— É Maria Ana - me voltei para o homem parado às minhas costas, e confesso meu queixo caiu - na verdade.
   Parado alí na soleira, segurando uma pasta com papéis e ostentando um meio sorriso, estava o insuportável motorista do outro carro.

Meu Conto De FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora