Capítulo treze.

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Victor levou Renata para um restaurante italiano, ele adorava massas e imaginou que ela poderia gostar também, a cidade onde moravam não tinha muita opção, mas as que tinham eram muito boas. Quando entraram no restaurante, percebeu vários olhares masculinos para sua feiticeira, era de se esperar pois ela estava simplesmente linda, mesmo com uma roupa casual ela era fantástica, quanto mais tempo passava perto daquela mulher mais a desejava, e mais começava a sentir um embrulhar no estômago muito parecido com ciúme. Sentaram em uma mesa perto da janela, e logo a garçonete veio com os cardápios, lançou um sorriso para Victor que o fez gostar um pouco menos daquele lugar. Ele sabia que chamava a atenção das mulheres, e gostava disso, mas aquele dia , ou melhor aqueles dias, ele só tinha olhos para uma mulher.

- Nos traga um vinho por favor, o de sempre. - a garçonete assentiu e saiu em direção ao balcão.

- Olha, então você vem sempre aqui? - ela ergueu uma sombrancelha irônica.

- Sim eu almoço aqui quase todos os dias.

- Eu não conhecia este lugar. Espero que eu goste.

- É um lugar simples, mas tem a melhor massa da cidade. - ele disse a encarando.

- Então vou gostar, eu sou simples também, e as coisas simples me fazem feliz.

- Sério? Me diga que coisas são essas? - ele havia ficado curioso.

- Só se você me prometer responder as minhas perguntas depois. - ela sorriu.

- Nada mais justo, senhorita.

- Fechado! Bom, eu gosto de praia. Não! Eu amo praia! Eu gosto de ler romances, eu gosto de assistir romances, e gosto de churrasco com cerveja e uma boa conversa com as amigas.

- Isso é ruim, será que devemos ir a uma churrascaria?

- Não, eu também gosto de massas, e gosto dormir, a coisa mais simples da vida e um dos melhores prazeres, só perde para o sexo, quando bem feito claro. - ela passou a língua pelo lábio superior, estava provocando ele.

- Simplesmente perfeita!

E quando disse isso a garçonete chegou com o vinho e as taças.

- Senhor, o que vai comer hoje? - ela estava ignorando Renata.

- Nos traga um espaguete. E a salada do dia por favor.

Ela se virou lentamente sem desviar o olhar. Aquela mulher estava mesmo flertando com ele? Ela não chegava aos pés de Renata, não tinha a menor chance. Fingiu que não havia notado, e voltou sua atenção para a feiticeira que o olhava do outro lado da mesa com um sorriso lindo.

- Agora é minha vez!

Tomou um longo gole do vinho e então o surpreendeu com aquela pergunta.

- Por que o senhor fugiu de mim?

Ela estava séria. Ele não havia fugido dela, ele apenas não queria ser seu brinquedo, se lembrou da cena dela conversando com aquele homem, e seu estômago reagiu de novo, não iria admitir que estava com ciúmes, muito menos dizer a ela que comparou sua atitude com a sua esposa Jasmine, mas não poderia se esconder daquilo. Teria que responder, então optou pela verdade, doa quem doer.

- Minha esposa era incrível- começou ele.

Renata arregalou os olhos e virou um pouco a cabeça sem entender. Não era aquela resposta que estava esperando, mas decidiu somente escutar.

- Sempre estava lá me esperando chegar das reuniões, um sorriso lindo, um olhar meigo, era perfeita, quando a conheci era apenas uma moça que veio fazer intercâmbio, nos vimos algumas vezes na faculdade e trocamos telefone, logo eu me apaixonei. Troquei as festas e boates pela doce Jasmine.

Ela podia ver em seus olhos a emoção.

- Não havia nada de errado nela, nunca discutia comigo, sempre me acalmava quando algo não dava certo. - Ele tomou um gole do vinho, e voltou a falar - E quando ela morreu, o acidente, foi como se uma parte de mim tivesse ido junto, comecei a beber como um louco, como meu pai fez quando minha mãe morreu.

Ele fechou os olhos e respirou fundo antes de continuar.

- Até Rodolfo me abrir os olhos para o que eu estava fazendo, Jasmine jamais iria querer me ver naquela situação, então decidi voltar, e me afundar no trabalho, minha vida jamais seria a mesma sem ela! Aí você entrou na minha sala, deslumbrante - ele sorriu - e eu me encantei, te desejei, seu cheiro, seu corpo, mexeram comigo. E você é tão ousada, é tão diferente de minha Jasmine, quando vi você conversando com aquele homem na sala de cópias, minha vontade era de te puxar pelo braço e tirar você dali, pegar uma cinta e dar na sua bunda para nunca mais falar com ele, era como se você estivesse me desafiando..

Ela riu, simplesmente riu, ele estava com ciúmes e ela adorou aquilo, mas quando ele lançou um olhar gelado para ela, parou para que ele continuasse.

- Meus pensamentos iam de você para Jasmine, eu tentei não comparar mas não conseguia, enquanto ela era doce, sensível e inocente, você é o oposto disso, é selvagem, inebriante, e não tem medo nem pudor, você sabe o que quer e não tem medo disso. E me enfeitiçou, simples assim, e então eu fiquei me perguntando se o que eu sinto por você pode se transformar em algo tão grande, como o que eu sentia por Jasmine. E sinceramente! Eu tive medo.

Renata estava boquiaberta! Como assim? Ela não sabia o que dizer, estava se sentindo feliz, não sabia o porquê, mas estava tão feliz com aquela revelação. Ele tinha fugido dela com medo de se apaixonar, Victor aquele homem lindo, rico e tão firme na frente de todos, estava com medo dela, a simples secretária.

Renata se levantou, e sentou no colo dele, passou os braços pelos seus ombros e deu um beijo doce em seus lábios.

- Você me deixou encantada! Confesso que esse feitiço eu não conhecia.

Então ele riu.

- Você é mesmo incrível. - sorriu para ela, um sorriso de menino travesso.

A garçonete se aproximou e pigarreou só assim Renata percebeu a presença da descarada. Sim, descarada! Desde que haviam chegado ela não tirava os olhos de Victor, bom mas talvez agora ela perceba que ele tem dona, pelo menos naquele momento ela era a dona dele. Voltou ao seu lugar, e a garota descarada serviu seus pratos. Victor levantou sua taça e brindou.

- A simplicidade!

- A simplicidade!

- Sabe você me deu uma idéia! O que acha de irmos a praia?

- Eu adoraria disse ela.

- Ótimo! Então vamos a praia. Mas eu escolho um biquíni para você.

Ela ficou parada olhando para ele e tentando imaginar por que ele disse aquilo. Aí se lembrou! Claro a sua marquinha! Ela não se aguentou e soltou uma gargalhada.

- Tudo bem então, eu deixo você escolher meu biquíni.

- Você não tinha escolha mesmo. - ele piscou para ela e eles almoçaram em silêncio.

Liberta-me  (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora