25. eu não me lembro dessa lembrança

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Isso era ridículo. Tudo isso o era. Eu me sentia tão fraca e inútil, como eu poderia servir pra alguma coisa? eu apenas era um peso morto que esgotava as energias de quem tentasse me ajudar

Movo meus braços, me sentindo desconfortável nas roupas pretas e escorregadias na qual me colocaram. Qual era a desse "Ruvel"? além de arcanjo treinador, ele agora tinha virado estilista?

Olho na direção de Harry, o vendo  segurar o riso com sua boca trêmula. Faço uma careta voltando a me sentar reta na cadeira. Eu não estava achando nada disso engraçado, Thalita parecia concordar comigo ao julgar pela expressão direcionada a um ponto perdido da sala de armas. Estávamos vestidas de uma calça justa preta e escorregadia, blusa solta, todas de mesma cor e um casaco de couro preto está fechado sobre ela, dando destaque ao conjunto de "caça" que foi nos instruídos à usar. Eu  estava me sentindo uma sardinha

“Vamos lá meninas." A voz de Ruvel soa esperada em meio a nossa posição “Isso se chama roupa de combate, é meio que uma tradição de onde venho. Irão se acostumar rápido.”

“Eu gostei, é flexível.” Zoey sorri enquanto se mantém na ponta dos pés, olhando como a roupa se posiciona em seu corpo. Ruvel olha pra ela com um brilho estranho no olhar, ele deixa sua coluna ainda mais reta e põe suas mãos atrás das costas

“Já que todas estão prontas." Ele para, olhando de relance pra Harry “Vamos começar." Foi o suficiente. A mesa e as cadeiras na qual estava sentada somem. Fazendo me desequilibrar nos meus próprios pés e logo sinto as mãos de Harry, impedindo a minha queda. Seu aperto era firme em meu braço. Observo Thalita se retrair um pouco, quando Louis a tenta ajudar

O que aconteceu com esses dois?

A sala estava vazia, não havia mais armas, objetos ou qualquer indício que já teve alguma matéria prima ali. Apenas restavam três anjos hesitantes, um treinador adorador sangue, uma Zoey empolgada e duas escolhidas com o rosto pálido de expressão. Eu sentia Harry ao meu lado, quieto e sua respiração estava o mais lento e calmo que alguma vez eu já ouvi. Niall e Louis estavam de braços cruzados, observando calados, o que estava se desenrolando bem abaixo do seu nariz  

“Vocês estão presas.” a voz de Ruvel é baixa, como um sussurro em um vento forte “Está escuro... em uma sala como essa!"

A sala, rapidamente se escurece, como se estivéssemos ao ar livre desfrutando do sol, quando alguém lhe tampa metade da luz que provinha dele. Lhe deixando em um breu. Solto uma lufada de ar quando o sinto úmido. Eu sentia a presença estática de Harry atrás de mim, ele ainda continua imóvel, quieto, silencioso. Conseguia ver Zoey e Thalita ao meu lado, cuja expressões não me eram visíveis. O espaço vazio é palpável e minhas costas antes quente pela presença de Harry se torna fria pelo seu afastamento. Viro-me pra trás e o observo se juntar aos outros anjos que estavam vidrados, nos assistindo. Engulo em seco 

“Algo as perseguem." Sua fala é sutil ao meu lado. Ruvel ergue meu queixo e vira-me na minha posição anterior “Vocês não o viu." Ele passa, lentamente pelo breve espaço que me separa de Zoey “Mas sabem que está por perto. O seu cheiro é forte." Sibila e logo um cheiro podre de enxofre me invade as narinas. O que me faz ter ânsia de vômito. O que ele estava fazendo? “Vocês podem escutar o som que ele faz." Ruvel fica ao lado de Thalita, que mantém seu corpo tenso enquanto tem sua postura reta

Eu posso ouvi-los. São passos lentos, calculados, pesados. Escuto um rosnado profundo e raivoso, eu consigo senti-lo perto “Até que por fim, ele aparece."

A primeira impressão que tive foi a de um cachorro de porte altamente médio. Mas logo a teoria se some quando a criatura levanta sua cabeça exibindo sua boca, onde sangue seco de um braço decapitado estava sendo solto dela. Ele exibe seus dentes, revelando o quão afiados e brilhosos pareciam ser em meio só breu. Ele avança, como se um sorriso humanamente doente estivesse desenhado em seu rosto 

HEY ANGEL - H|S [PARADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora