Prólogo...

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Arthur chegou em casa muito nervoso. Esperara tanto tempo por aquela promoção e agora, quando tudo indicava q ela aconteceria, outro tomar-lhe o lugar.
Fechou a porta do pequeno apartamento onde morava e deixou-se cair em uma poltrona da modesta sala, desanimado.De que lhe adiantava mourejar no trabalho com tanto empenho?De que lhe valera colocar os negócios da empresa em primeiro lugar, se na hora em que deveria colher a recompensa merecida passavam-no para tras?
Um sentimento de rancor o acometeu.Tanta dedicação e esforço haviam sido inúteis.Por que, para ele as coisas saíam sempre erradas?
Passou a mão pelos cabelos num gesto impaciente.Tinha consciência de ter agido sempre com honestidade.Era uma pessoa decente e esforçada.Por que nada dava certo?Parecia que a vida se comprazia em destruir todos os seus sonhos desde a adolescência.
Havia desejado estudar, graduar-se em medicina, mas nunca conseguiria condições financeiras para isso.Vinha de uma família muito pobre do interior de São Paulo.Seus pais nunca puderam financiar-se os estudos.Fez até o ginásio com muito esforço e aos quinze anos deixou a pequena cidade onde nascera e veio para a capital na esperança de conseguir o que pretendia.
Tinha uma boa aparência e muita vontade de trabalhar.Depois de alguns dias conseguiu emprego em uma loja do centro da cidade como mensageiro.O salário era pequeno, mas para ele representava um bom começo.Arranjou vaga em uma pensão de um bairro afastado e todos os dias,antes das sete, já se penduravam no estribo do boné para entrar na loja pontualmente às oito.
Durante o dia inteiro, até às dezoito, envergando a fardinha com o emblema da loja, ele ia e vinha, fazendo entregas, comprando pequenas coisas, neo ao banco Ao correio, com diligência e boa vontade.No princípio havia sido duro, porque ele não conhecia a cidade.Mas comprou um guia e dentro de poucas semanas já circulava por todos os lugares muito bem.
Logo descobriu que o salário que lhe parecera uma fortuna mal dava pra cobrir as despesas indispensáveis.O sonho de poder estudar ficava mais distante a cada dia.Decidiu procurar outro emprego, mas era muito jovem e teve de sujeitar-se a trabalhar naquele serviço durante três anos,atataque completasse dezoito anos.
Com tudo os anos haviam passado e, por mais que perseguisse esse sonho nunca conseguiu realizá-lo.
Com tudo procurou emprego mais não conseguira nenhum...Havia sido rejeitado em todos.
Então o telefone tocou e ele fez um gesto de contrariedade.Não sentia vontade de falar com ninguém.Contudo, depois do terceiro toque levantou-se da poltrona e atendeu.
-Pronto
-Arthur?O que aconteceu?Estou esperando há mais de meia hora.Esqueceu que combinamos de ir ao cinema?Já perdemos a sessão das oito.
-Desculpe, Ana.Tive um contratempo e me atrasei.Hoje não estou me sentindo bem...
-Está doente?
-Não, apenas indisposto.Sinto muito tê- lá feito esperar.
-Tudo bem se não queria sair comigo bastava apenas ter falado...
Falou Ana desligando o telefone logo em seguida.
Então Arthur levantou-se começou a andar...Pensando:
-Eu sou capaz!Eu sou capaz!Eu sou capaz!
Tomou um banho e foi se deitar.Pretendia levantar-se cedo tudo iria mudar e ele precisava estar bem-disposto para começar.

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