Prólogo

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Prólogo

Clara! Onde essa garota se meteu? ̶ Janice bufou de forma ruidosa enquanto murmurava .̶ Deve está se escondendo pra fugir de seus afazeres. Garota inútil.

─ Já estou cheia da incompetência dessa idiota! Não faz nada direito.Sempre atrapalhando minha vida.

Pedro, irmão mais novo de Janice,estava alerta esperando sua presa. Repassava mentalmente seu plano de forma incansável. Se encontrava no esconderijo que arrumou para dar uma lição na fedelha da Clara.

"Hoje ela ia aprender algumas coisas" sorriu de forma debochada.

Desde que viera morar com a irmã tentou aproximar-se da garota. Alguém tinha que lhe fornecer alguma diversão nesse fim de mundo.

Não que ela fosse seu tipo, longe disso. Ela tinha que agradecê-lo toda a atenção que lhe estava dispensando.

Afinal, era um cara bonito com os seus 1,78, sorriso charmoso e com um rosto que todas as meninas olhavam com cobiça. Mas a esnobe enteada de sua irmã, era a única que o desprezava. Achava que podia ignorá-lo. Aquela garota idiota ia aprender. Quem ela pensava que era? Ninguém nunca o ignorava sem receber seu castigo, muito menos uma fedelha como ela. Ele descobriu, após dias de observação, todos os lugares onde a gorda desengonçada costumava passar. Por isso a esperava num lugar estratégico do caminho. Tomando o devido cuidado para que ninguém o visse e já a aguardava há uns vinte minutos.

Clara andava apressada segurando o material que fora buscar na biblioteca para estudar. Há algum tempo vinha estudando escondida de sua madrasta e do Pedro. Não gostava nem de pensar nele, lhe dava calafrios. Achava-o muito estranho e embora algumas colegas de escola já tenham tentado aproximação com ela por causa dele, não conseguia entender o que as atraía. Ele era bonito tinha que admitir, mas tinha um olhar frio que não lhe deixava a vontade. O pior é que ele andava cercando-a em casa. Sua vida não estava fácil. Pensou suspirando.

Aos dez anos perdera sua mãe. Sentia tanta falta de sua mãezinha, de sua voz, seus carinhos e risadas. Três anos depois, seu pai chegou com Janice em casa e disse que ela iria cuidar de tudo dali por diante. Janice era outra que não conseguia entender. Sua atitude era sempre fria e vivia lhe exigindo que mudasse. Não gostava de suas roupas, falava que ela precisava deixar de se vestir como criança, afinal, já era quase uma mulher. E como pegava no seu pé para que emagrecesse! Todos os dias era a mesma ladainha. "Homem não gosta de mulher gorda Clara. Como vai conhecer alguém interessante com esse corpo?" E tudo isso piorou há um ano, após a morte de seu pai. Ele andava trabalhando incansavelmente todos os dias e bebia muito também. Até que adoeceu e não resistiu.

Agora com dezessete anos, Clara estava planejando sair de casa. Havia se inscrito em algumas universidades fora do Ceará. Queria ir pra longe de Janice e do Pedro. Não tinha mais ninguém a quem recorrer, pois seus pais eram filhos únicos. Mas, isso não a obrigava a permanecer à mercê dos dois. Estava decidida a ir pro Rio com algumas economias que juntou. Ali faria vestibular e iria passar porque disso dependia toda sua vida!

Estava pensando em tudo isso quando se viu surpreendida no caminho. Ao virar em uma esquina alguém lhe pegou por trás depois colocou o braço esquerdo em volta de seu pescoço e falou no seu ouvido direito.

─ Surpresa Clarinha! ─ Um arrepio percorreu seu corpo. Ela olhou para o Pedro assustada e tentou se soltar, mas ele apertou mais o braço.

─ Nem pense em fugir. Hoje estou preparado para suas artimanhas. Você vai vir comigo quietinha. Estou armado Clara e nem pense que não tenho coragem de usar esse punhal.

É você a luz ( Em Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora