Reflexões de uma noite insone - introdução

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Nem tudo na vida são flores... Sempre achei essa frase ridícula, mas ela traduz bem a minha vida até agora. Não sei qual frase vai traduzir tudo daqui em diante, mas espero que seja algo mais positivo e feliz, quero mudar o rumo da minha história e superar tudo, todos e, principalmente, quero me superar. Parando para pensar em tudo que eu passei até aqui, me dá até um frio na barriga e os últimos acontecimentos foram a gota d'água para que eu ligasse, definitivamente, o foda-se e fosse dar um novo rumo na minha vida.

Deitada na minha cama rabiscando um bloco de anotações e tentando ordenar meus pensamentos frenéticos, na verdade estou enumerando os fatos mais marcantes da minha vida, só para me convencer que mudar é bom e sair de uma zona de conforto mórbida é melhor ainda. Ache que estou ficando louca, minha cabeça não para, provavelmente isso é culpa da insônia que sempre teima em aparecer quando fico ansiosa e essa tem sido minha maior companheira ultimamente: Ansiedade.

Para começo de conversa meus pais se separaram quando eu tinha seis anos e eu fiquei com meu pai, meu anjo, minha mãe (se é que é possível chamar aquela mulher de mãe) simplesmente foi embora um dia, sem nem ao menos se despedir. Isso me afetou muito, me abalou ao ponto de ser difícil para mim confiar nas pessoas, fiquei bem mais cética e desconfiada das intenções dos outros. Imagina só o quanto eu era popular e descolada na escola... mas os poucos amigos que fiz sempre foram leais e pacientes comigo e me ajudaram no que puderam.

Meu pai, que sempre foi muito presente, viu que eu precisava de terapia e me fez ir ao psicólogo, no início achei o fim do mundo e reclamei muito, mas depois de algumas seções com a doutora Liz, outro anjo, vi que a coisa não era assim tão ruim. No final do segundo mês de terapia, eu já agradecia ao meu pai por ter me levado lá, a doutora Liz me ajudou a ver que eu não era o fardo que minha mãe tanto reclamava e que eu podia me soltar sem ter que me preocupar tanto com a opinião dos outros. E foi graças à ajuda dela e ao fascínio que desenvolvi por seu trabalho, que resolvi fazer faculdade de psicologia.

Estava tudo indo bem na minha vida. Eu estava fazendo o curso que amava, minha melhor amiga estava estudando comigo, consegui fazer novas amigas, até um namorado eu tinha! Mas o destino resolveu que era hora de bagunçar tudo e da noite para o dia eu fiquei sem meu pai. Ele se foi em um acidente de carro.

A minha adorável mãe apareceu no funeral, disse que era bom eu me virar, que não contasse com ela para pagar a faculdade ou me sustentar. Aí a coisa ficou feia, esqueci aonde estava e disse com a delicadeza de um rinoceronte raivoso que ela fosse se foder bem longe de mim e que ela é quem deveria ter morrido e não meu pai, A minha melhor amiga, Ro, teve que me segurar, quase dei uns bons tapas na cara dela e que se foda o fato dela ser minha mãe! Mulherzinha desgraçada aquela! Sei que sua intenção era se apropriar de uma parte da herança, quando soube que não teria direito a coisa nenhuma, subiu na vassoura e voltou para o buraco de onde nunca devia ter saído.

E como desgraça nunca vem em pequenas doses, meu namorado, Lucca, pediu um tempo. Ele só esperou um mês da morte do meu pai e bum! "Tô confuso e me sentindo sufocado, desculpa." Eu meio que já esperava isso, ele vinha dando sinais que a vida de universitário era bem melhor pra um solteiro que para um cara com namorada. Festas, garotas e muita bebida, eu era muito certinha e focada, é pra rir! Eu o mandei pegar a confusão dele e socar no rabo! Contei para as meninas a minha reação e como a cara dele ficou com minha resposta e rimos muito, mas sozinha no escuro do meu quarto também chorei muito, não é fácil para ninguém ser descartada assim e por maior que fosse a minha raiva dele pela sua total falta de consideração, eu gostava daquele babaca...

Meu pai me deixou bem, financeiramente falando, mas eu realmente não me vejo vivendo de renda e sem fazer nada. Também não me sinto bem morando sozinha nessa casa enorme, decidi procurar um emprego de meio turno e alugar um lugar menor e que seja mais próximo da faculdade, o plano é dividir um apartamento com a Ro. Vou sair para procurar um novo lar, um lugar mais próximo da faculdade, mas sem pressa. Quero achar algo que me faça sentir em casa.

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Oi gente, depois de séculos resolvi aparecer de novo. Estou reescrevendo a estória, mudando algumas coisas, atualizando outras, mas a essência não vai mudar. Carol e suas amigas vão ser guiadas pela curiosidade, se meter em um mundo que elas não conheciam e viver no limite entre a paixão e o perigo. 

Espero que vocês gostem e se divirtam muito.





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