Quando me viro, encontro-me cara a cara com duas pessoas, um rapaz e uma rapariga praticamente iguais, quase que aposto que são gémeos ou irmãos.
O rapaz loiro, de olhos verdes e de termos humanos "atraente", sorri e comenta para a rapariga ao lado:
-Ora, ora! Vejamos o que nós encontramos, uma pequena enfermeira...
A rapariga, com as mesmas feições do rapaz mas com óculos, continua séria e nem olha para responder ao rapaz:
-...Uma rapariga, ela parece demasiado nova para ser enfermeira. Que pouco interessante...
O rapaz dá uma cotovelada a rapariga e acaba a frase:
-...Mas pode ser-nos uma grande ajudar! Então como te chamas?
Calmamente respondo:
-Aya... Aya Gregory.
-Bom, Aya. – ele diz o meu nome como se estivesse a saboreá-lo- O meu nome é Ichiro Suzuki...
-...Eu chamo-me Mayu Suzuki. - A rapariga acaba calmamente.
Tiro o cartão do médico que encontrei na sala de cirurgia e estendo o braço.
-Será que conhecem a pessoa deste cartão?
Ichiro aproxima-se de mim, enquanto Mayu continua no mesmo lugar. Ele agarra no cartão e lê, podia jurar que ele parecia durante um segundo melancólico, mas rapidamente desaparece como apareceu. Ele devolve-me o cartão (que volto a guardar no bolso) e pergunta-me:
-Então... o que uma rapariga como tu – ele olha-me de baixo para cima - está a fazer num lugar como este?
-Provavelmente é maluca...-comenta Mayu
Ichiro vira a cabeça e fala com a sua irmã:
-Mayu! Deixa-a responder!-Ichiro volta para mim e continua a sorrir.
-Não tenho a certeza, apenas acordei num dos quarto. E vocês?
Só com esta pequena conversa dava para perceber que apesar de serem irmãos era totalmente diferente em termos de pensamento, personalidade e roupa. Mayu usa óculos e tem vestido um uniforme de colégio enquanto Ichiro veste roupas mais descontraídas e não usa óculos. Ambos têm cabelo curto (Mayu tendo os cabelos pelos ombros).
-Olha, que coincidência! Nós também! – Ichiro exclama e Mayu acena a cabeça afirmativamente.
Mayu depois de estar algum tempo a observar-me pergunta:
-O que aconteceu com o teu olho?
-Eu fiquei cega dele aos 6 anos... doença... - esclareço
Mayu apenas encolhe os ombros e Ichiro (que foi se movendo para o meu lado) põe um braço à volta das minhas costas e começa a andar, forçando-me a avançar à medida que ele andava.
-Tens algum plano do que fazer neste lugar? – Mayu, que estava do lado do seu irmão pergunta-me.
-Eu só quero sair deste lugar. Não me interessa o resto.
-E que tal nós explorarmos, juntos, o 5º andar?- Ichiro questiona.
-É uma ideia totalmente estúpida, mas pode ser que achemos alguém útil. - comenta Mayu - O que achas rapariga?
Primeiro insinua indiretamente que sou inútil, e agora nem o meu nome pronuncia. O que esta rapariga tem contra mim?
-Não é que tenha muita opção... São as primeiras pessoas que encontro, é melhor continuar-mos juntos.
Ichiro risse e isso só me faz mais desconfortável.
-Em vez de estarmos a querer ir embora porque não aproveitamos das coisas boas?
-Se estás insinuar que vai acontecer alguma coisa entre nós, é um não para ti. – digo para ele com a minha voz mais séria.
Ele apenas ri, mas não comenta nada. Que par de irmãos mais estranho, é melhor ter cuidado, mais vale prevenir do que remediar...
Juntos encontramos as escadas e descemos até ao 5º andar, com Ichiro ainda com o seu braço esquerdo nas minhas costas, está a tornar-se irritante. E para melhor a situação, Mayu teve der ir à casa de banho "urgentemente" deixando-me sozinha com ele.
-O que achas de mim? - ele pergunta-me.
Ele para tira o seu braço das minhas costas e vira-se para olhar para mim, está à espera de uma resposta. Mas eu não sei responder, não o conheço suficientemente bem e a ideia que tenho dele não é a melhor.
-O quê?- faço-me de parva e espero que ele esqueça.
-Qual é a tua imagem de mim?-ele repete mas com outras palavras.
-Queres que seja honesta? – cruzo os braços e olho para ele intensamente.
-Sim! Se eu quisesse uma mentira eu não perguntava. – o tom dele agora é acelerado e um pouco irónico, como se fosse uma coisa óbvia.
Estava prestes a responder até ser interrompido por alguém.
Mayu tinha regressado. Suspiro de alivio, estou salva por agora.
-Voltei- Mayu anuncia- O que estavam a falar?
Como se fosse automático Ichiro muda totalmente e sorri para a irmã.
-Estava a dizer o quanto estou esfomeado! - Ele responde.
Porque mentiu para a irmã? E o que foi aquilo? "O que pensas de mim?" Isso é um pensamento para alguém que se julga abaixo de todos e que não serve para nada. Mas o que sei? Não sei nada, mas também estou esfomeada, nem me lembro da última vez que comi.
-Por acaso também tenho fome - diz Mayu, mais para o irmão do que para mim.
Não digo nada, não consigo, ainda estou a pensar no que aconteceu. Mas como ninguém me pergunta, eu não digo nada.
-Então e que tal irmos à procura de uma cafetaria? Seria de encantar se houvesse uma neste andar - Ichiro decide.
Como decisão absoluta vamos à procura da cafetaria só que desta vez Ichiro não põe o braço à minha volta, é um alivio, não gosto muito de contacto humano.
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Memento Mori - Lembrem-se Que Somos Mortais
Mystery / ThrillerAya era uma rapariga normal de 17, até que um dia acorda num quarto de hospital. Encontrando o lugar abandonado, a rapariga tenta encontrar o motivo de isto tudo estar a acontecer. A partir desse momento a sua vida parece dar uma reviravolta, que...