Solangelo

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(Flashback Nico)

(Aproximadamente 2 anos atrás)

(Dia 1)

-Preciso falar com você. –Will fala me analisando com os olhos e corando.

-Ahn... Okay. –falo confuso.

Will pega na minha mão e me puxa floresta a dentro e só solta quando já estamos bem longe do pavilhão.

-Eu sei.

-O que?

-Sobre você e o Percy. –ele fala me fazendo paralisar.

-O que você quer dizer?

-Que eu sei que você... Bem... É...

-Gay? –pergunto chutando uma pedra.

-Isso. –ele fala e posso jurar que vi um sorriso se formar em seus lábios.

-É o que dizem... Mas e daí? Quem se importa? O que você vai fazer?

-Na verdade... –ele olha para o chão com um sorriso lateral. –Eu pensei em algo melhor...

-O que? -pergunto cruzando os braços.

-Isso. -ele fala se aproximando de mim e me fazendo queimar por dentro. 

Me encolho já esperando o pior, tenho certeza que ele vai me bater. Mas ao contrário disso, Will coloca a mão suavemente na minha bochecha, me puxando para mais perto de si e selando nossos lábios timidamente.

Mal fecho os olhos por conta da surpresa e do susto, mas assim que Will se afasta um pouco de mim aproveito a chance para sair correndo sem olhar para trás.

(Dia 2)

Pelos deuses. Will não sai da minha cabeça.

Eu não esperava por isso. Não esperava que ele sentisse algo por mim, nem que ele eu acabasse sentindo algo por ele e muito menos que meu primeiro beijo fosse com ele.

Abraço meus joelhos deitado na cama quando alguém bate na porta.

Me levanto suspirando da cama e abro a porta com tudo dando de cara com Will encostado na batente da porta me encarando.

-E aí...! –ele fala dando um pequeno sorriso sem graça.

-Oi. –falo frio o analisando com os olhos.

-Eu... Queria pedir desculpa... Por ontem.

-...Não. Está tudo bem. –minto.

-Eu sei que não está tudo bem... Eu fui um idiota... –Will começa a falar mas eu não presto atenção em nada do que ele diz e começo a me concentrar na sua boca. -...É que eu só... Nico...? Você está...

Puxo Will pela gola da sua camisa e o beijo rapidamente mas ele faz o nosso beijo se tornar mais intenso, me puxando pela cintura para mais perto, me fazendo arrepiar por seu toque quente.

Nos soltamos recuperando o fôlego e encostando a testa um no outro. 

-Olha, realmente tá tudo bem. -respondo. -Tudo incrivelmente bem. 

-Tão incrivelmente que não possa melhorar? -ele pergunta dando um sorriso lateral e me empurrando para dentro do chalé.

-Com certeza não... -respondo fechando a porta atrás dele.

(Dia 7)

-Nico... –Will fala parando o beijo que durava já faz alguns minutos.

-Hum... –resmungo abrindo os olhos.

-Quer namorar comigo...? –ele fala meio rápido.

O encaro.

-V-você está falando sério? –pergunto confuso e sinto meu rosto queimar.

-Nunca falei tão sério em toda a minha vida. –ele fala e depois me dá um beijo rápido.

-...Claro que eu quero. –falo sorrindo quando Will me abraça e solta um suspiro de alívio.

-Pensei que fosse dizer não. –ele fala agora me encarando.

-E por que eu falaria não? –pergunto rindo.

-Sei lá... Você é tão fechado, nunca sei o que se passa na sua cabeça... –ele fala colocando a mão na nuca, meio sem jeito.

Acho que estou fazendo a coisa certa.

(Dia 93)

-Foi o pior erro da minha vida! –grito entrando com tudo no meu chalé enquanto Will corre desesperadamente atrás de mim.

-Não fala isso Ni... –ele fala sentando ao meu lado na beliche.

-Nunca mais me chame assim! -–falo me levantando.

-Nico eu...

-Sai do meu chalé agora. –falo fechando os olhos para não chorar.

-Será que você pode pelo menos me ouvir?

-Não. Sai daqui agora. –um silêncio se expande. –Acabou tudo.

-Eu não vou sair daqui enquanto você não me escutar.

-Então pode deixar que eu saio. –falo aproveitando a sombra da cama no chão, descendo rapidamente por ela e viajando na escuridão.

Acabo na Floresta Negra, na Alemanha, na mata fechada. O único lugar que me veio em mente.

Tem muitos pensamentos na minha cabeça, parece que ela vai explodir.

Will fez tudo certo, tudo o que devia fazer, excepto por uma coisa: quebrou meu coração. Will não teve coragem de se assumir aos seus irmãos e colegas e muito menos de negar o pedido de uma filha de Afrodite que combinou muito com a sua heterossexualidade falsa. Eu estava descendo no pavilhão quando enxerguei a cena, Will beijando uma morena e logo depois saindo de mão dada com ela.

E pensar que eu e ele quase...

Que eu quase...

Me entreguei pra ele.

Solto um grunhido de raiva me controlando para não chorar novamente.

Um covarde. É isso que o Will é. Um covarde.

Eu estava apaixonado por ele, e ele sabia disso, essa é a pior parte.

Will Solace brincou com os meus sentimentos e eu nunca o perdoarei por isso. 







Filha da MaréOnde histórias criam vida. Descubra agora