Dia 1 - Interrogatório

37 6 0
                                    

Maxy. Foi a única coisa que Ray conseguiu pensar durante todo o caminho até a " prisão " deles, onde foi jogado em uma cela completamente de metal, estava escuro e com cheiro ruim, e os poucos raios de sol entravam por uma janela retangular pequena bem perto do teto. Será que o menor estava em uma cela parecida com a sua ? Será que ele estava bem ? E se alguém tivesse machucado ele ?

Não. Ray deveria evitar esses pensamentos e pensar positivo: Maxy estava bem. Talvez com raiva por ter sido preso numa cela suja, ele sempre teve os melhores hábitos higiênicos de toda a família. Até mesmo quando seus pais eram vivos.

Se levantou com cuidado, fazendo uma leve massagem no pulso, onde havia sido machucado pelas algemas. Deu alguns pulos para tentar chegar na janela e ver se aquela luz realmente era do sol ou havia algo mais na tal Prisão, mas falhou. Estava muito alto e suas pernas estavam fracas, tinha dançado a noite inteira e o frio que parecia ficar ainda maior por causa do metal não ajudava em nada, apenas fazia-o pensar que se não morresse por causa do capitão, morreria congelado.

Não tinha cama, e Ray viu-se obrigado a deitar no chão, tremendo. Acabou cochilando, e " Avalon " dominou seus sonhos, revelando-o algumas partes esquecidas de sua infância.

~~~

Diferente de Ray, Maxy não havia sido preso, estava sentado em uma daquelas salas de interrogatório que via direto em seus filmes de ação. As algemas prendiam-no na mesa e machucavam seus pulsos, que começavam a ficar roxos. Passou tanto tempo ali sentado que sua bunda estava começando a doer, ninguém tinha aparecido desde que fora jogado ali.

Isso não podia significar coisa boa. Talvez fosse morrer e todos aqueles guardas estavam apenas escolhendo o modo que fosse mais doloroso, e agora estariam indo até Ray rir de sua cara por não poder fazer nada para impedir a morte do irmão.

Cessou com os pensamentos assim que um Senhor entrou na sala, acompanhado de dois guardas. O senhor era diferente daquele Capitão que os prendeu, não parecia um monstro sedento por morte. Ele estava com um uniforme igual ao dos guardas, e a única diferença é que em seu peito haviam quatro medalhas douradas.

- Comandante Bay, precisa de algo mais ? - Um dos guardas perguntou, recebendo como resposta um olhar furioso do tal Comandante. Em um piscar de olhos ambos guardas já estavam do lado de fora, fechando a porta.

- Então, Maxinne Moonlight ? - O Comandante se sentou na cadeira bem na sua frente, batendo seus dedos na mesa de forma nervosa. - Pode me chamar de Trask

Maxy não falou nada, apenas se colocou ereto e com um olhar firme.

- Olha garoto, se você falar vai ser bem mais fácil. - Trask retirou de seu casaco uma foto amassada. Um grupo de pessoas vestidas com armaduras tecnológicas estava na figura, e atrás deles uma " ilha " linda, com casas e prédios completamente dourados. Parecia muito com a arquitetura grega. - Sabe quem são ?

- Sei lá, atores de algum filme idiota ? - Maxy falou sarcasticamente, revirando os olhos.

O Comandante apontou precisamente para o rosto de uma mulher com os cabelos platinados. Ela era jovem e bonita, tinha o rosto de uma atriz, os lábios carnudos e vermelhos e os olhos azuis. O cabelo caía por cima do peitoral da armadura azul, e em algumas partes tinham mechas douradas que o jovem reconhecia. Ele tinha aquelas mechas.

- Diana Moonlight Prince. - Trask falou, com um pequeno sorriso nos lábios. - Conhece esse nome ?

Maxy estava atônito. O quê sua mãe estava fazendo naquela armadura ? Por que esse cara tinha uma foto dela ? Como eles se conheciam ?

- Ela foi esperta demais. - O Comandante relaxou na cadeira, gargalhando. - Saiu de Avalon antes que a guerra lá explodisse, conseguiu se esconder dos nossos radares. Levou até mesmo A Entidade embora, e é isso que queremos de vocês.

- Por favor ! - Maxy bateu com o punho na mesa. - Quer mesmo que eu acredite numa história idiota e sem sentido dessas ? E se por acaso eu acreditasse, acha mesmo que eu saberia o quê é essa " Entidade " ?

Trask foi mais rápido do que Maxy poderia imaginar para um cara daquela idade, acertando um soco em seu rosto com tanta força que se sentiu tonto. Um filete de sangue escorreu de seu nariz, caindo na camiseta preta. Demorou um tempo até perceber que aquilo era serio, que sua vida estava mesmo em perigo, e tudo por causa do passado de sua mãe. Tentou se lembrar de algo, mas sua mãe não demonstrava fazer nada do que o velho falava, a única coisa que ela fazia de incomum era contar histórias inventadas para Maxy...

- Bem, você não aguentou um soco ? - O Comandante riu. - Realmente não tem nada da mãe.

- Não sei de nada ! - Maxy gritou, cerrando os dentes em seguida. Não demorou muito até levar outro soco, com a mesma potencia do anterior. Não levantou a cabeça dessa vez, tentando se " esconder " no meio do cabelo platinado que agora caia ao redor de seu rosto. Não adiantou de nada, levando outros três socos em seguida.

- Garoto, não me subestime ! - Trask gritou, agarrando o cabelo de Maxy e puxando-o para trás, forçando-o a olhar nos olhos do velho. - Melhor começar a falar !

O Pequeno ficou calado, mas mesmo que quisesse falar já não tinha mais forças para isso, o gosto metálico em sua boca só confirmava isso. Trask estava possesso de raiva, queria as informações a qualquer custo, mesmo que o custo fosse a vida do jovem Moonlight. Socou o rosto do garoto até que começasse a ficar roxo, mas ele nada falava, apenas continuava com aquele olhar. O Olhar de Diana. Cheio de confiança até mesmo na pior hora. A única diferença era a cor, os olhos de Diana eram azuis como o céu, mas os de Maxy eram negros, tão negros quanto o Abismo de Nyx.

- Desculpe garoto, mas você pediu por isso ! - Trask juntou as mãos e respirou fundo, criando uma adaga de luz, e apunha-lou Maxy com ela, bem no seu tronco. Em poucos segundos estava dentro da mente do garoto, que era uma confusão. Cores, Luzes, Mandalas, Desenhos e todos os tipos de coisas, mas nenhuma informação.

~~

Ray recuou quando escutou o barulho da tranca pesada da porta começar a ser aberta, se encostou na parede e respirou fundo, esperando pelo pior. Mas nem isso o preparou para ver um dos soldados entrando na Cela com Maxy em seu colo. O garoto estava um trapo: cortes no rosto, muito sangue e marcas roxas nos braços. Sua jaqueta prateada tinha enormes manchas escarlates e sua pele estava tão pálida que fez o maior pensar que ele estava morto. Mas o leve movimento em seu peito indicava que ele ainda estava respirando.

- MAXY, OH MEU DEUS ! - Ray se levantou em um pulo e foi até o menor, segurando-o em seu colo enquanto o soldado se preparava para sair. O Maior sentou no chão, aninhando Maxy em seu colo, precisava limpar o menor. Rasgou um pedaço da manga de sua camisa e com ela limpou todo o sangue de seu rosto, pressionando o pano contra seu tronco, onde tinha um corte aberto. - Por que fizeram isso ?

- Mamãe... - O Menor murmurou, engasgando. - E-ela... condenou... nós dois...

Just Two SoulsOnde histórias criam vida. Descubra agora