Mais uma vez aqueles olhos de lobo faminto me cercavam, era como se fossem me atacar a qualquer momento sem piedade alguma, a voz rouca e macabra ecoava em meu ouvido dizendo sempre a mesma palavra "Lindinha". Quando mais uma vez ele aproximou-se e depositou um golpe certeiro em meu rosto, acordei em um pulo só, meu corpo tremia, sentia uma eletricidade percorrê-lo como uma adrenalina, o suor mantinha o pijama grudado em meu corpo enquanto eu buscava um meio de saber como me livrar desses pesadelos.- Pesadelos outra vez? - Uma voz invadiu o quarto me dando um leve susto, mas dessa vez era uma voz feminina.
- Bom dia Vovó. - Respondi tentando mostrar tranqüilidade, eu tentava de todas as formas não incomodar todos com esses pesadelos horríveis, não queria deixar ninguém preocupado.
- Bom dia minha querida! - Vovó aproximou-se e pousou um beijo em minha testa, o nome dela é Glenna, ela é mãe do meu pai, gostaria também de ter conhecido o vovô, mas infelizmente ele já não se encontra entre nós há muito tempo. Mesmo com essa perda horrível, vovó continua forte, linda e sempre de bem com a vida, ela diz que vovô gostava de vê-la sempre assim.
- Acho que eu preciso de um banho. - Comentei olhando para meu reflexo no espelho.
- Eu tenho certeza. - Ela sorriu. - Não se esqueça que hoje é o grande dia.
- Verdade vovó, vou me organizar. - Rapidamente me animei, dei-lhe um beijo no rosto, pulei da cama e corri para o banheiro.
Eu amo a Inglaterra, mas sinto falta de Seattle, dos meus pais e mais ainda de Valentina. Ela é minha melhor amiga desde que nasceu praticamente, vivíamos sempre grudadas, até que precisei passar um tempo aqui com a vovó. Eles achavam que assim meus pesadelos diminuiriam e eu superaria mais rápido o que houve comigo no passado, pois é eu já fui seqüestrada e não foi nada legal. Vim para Inglaterra há quase 2 anos, ninguém sabe que volto hoje, implorei para que vovó não contasse a ninguém sobre a minha volta, queria fazer uma surpresa a todos.
Estou com 18 anos, daqui há poucos meses Valentina também fará 18, somos apenas alguns meses de diferença. Pretendo seguir a mesma carreira do meu pai, Lucca Bradley, ele é fotógrafo profissional e bem reconhecido mundialmente, adoro o trabalho dele. Já minha mãe Nina Bradley é psicóloga, e tem também o meu irmão Yan, ele tem 3 aninhos, meus pais dizem que ele já fala quase tudo, quase tudo meeesmo. Bom, vamos falar um pouco de mim, sou alta, magra, tenho os olhos tão azuis quanto o próprio oceano, cabelos castanhos escuros, e sou lésbica. Me assumi há alguns anos atrás, graças a Deus não tive tantos problemas com meus pais como infelizmente muitos jovens tem e Valentina disse que acima de tudo seremos sempre amigas, isso é o que importa.
Algumas horas depois....
- Vovó eu sei... - Dizia pela quinta vez para acalmá-la.
- Eu devia ir com você, não confio deixar que vá sozinha. - Resmungou olhando as pessoas em volta.
- Fica tranqüila, assim que chegar em Seattle prometo que te ligo para avisar.
"Senhores passageiros o vôo para Washington sairá em 15 minutos, todos dirijam-se para o portão de embarque." Ouvimos uma voz feminina anunciar.
- É uma loucura essa sua mania de querer fazer surpresa, você ainda lembra como chegar na sua casa? - Indagou ela preocupada.
- Claro vó, não faz tanto tempo assim que estou longe de casa.
- Está levando um spray de pimenta? Você não está com fome? Assim que puder liga esse celular pelo amor de Deus... - Quando ela fica nervosa ou preocupada ela dispara a falar, e o difícil é parar.
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A Carne é Fraca (Romance Lésbico)
RomanceSophia e Valentina se conhecem desde que nasceram, suas famílias são amigos de longa data e isso ajudou na aproximação e convivência das duas. Sophia é bem resolvida com sua orientação sexual, mas o que ela esconde é um grande amor, um sentimento ve...