O Retorno

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Elizabeth Goderich voltava para casa depois de cinco anos longe.

Mas bendito inferno se ela queria voltar para aquele buraco que ela um dia chamou de lar.

Ah Sammy, se não fosse por você eu estaria bebendo altas doses de uísque escocês, acompanhado de algum homem de ombros largos e fala mansa.

Como Elizabeth gostaria de esquecer aquele maldito lugar, e que ele também a esquecesse.

Mas ainda havia algo que a prendia ali, havia alguém.

Samantah Roberts, uma delicada senhora no alto de seus sessenta e seis anos. Cabelos lisos, de um branco pálido. Sorriso acolhedor e voz afável, uma das poucas boas almas que ainda vagavam por esse planeta.

Fazia cinco anos que Elizabeth não a via. Cinco anos que apenas se comunicavam por telefone. E há cinco anos que Elizabeth morria de saudades daquela mulher.

E pelo visto, o coração de Sammy também sentia falta dela. Depois de uma parada cardíaca em que quase Sammy foi dessa para melhor, Elizabeth decidiu que já era hora de deixar o passado no passado e ficar ao lado da única pessoa que realmente teve algum significado positivo em sua vida.

Elizabeth olhou para o relógio digital do carro e deu um suspiro aliviado. Chegaria em Village Guards em alguns minutos.

Sacando o telefone celular da bolsa, Elizabeth não demorou para completar a ligação.

-Alô.

-Oi Sammy! É a Elizabeth, estarei chegando na sua casa em alguns minutos.

­-Oi querida! Não precisa vir rápido de mais. Deus me livre de você sofrer um acidente logo quando decide voltar para casa.

Elizabeth não pode conter uma breve risada.

-Quando você vai perder esse medo de automóveis Sammy? Inferno, ainda é pela morte de Harry?

-Olhe a boca mocinha, esse linguajar não fica nada bem em moças como você!

Elizabeth revirou os olhos enquanto escutava um pequeno suspiro do outro lado da linha.

-Você sabe o quanto a morte de Harry me afetou, eu ainda não superei o fato de que ele me foi tirado por essas maquinas loucas que vão á centenas de metros por hora.

-Não culpe toda uma divisão por conta de um motorista bêbado, e isso já aconteceu á três anos. Por Deus mulher, você precisa deixar o Harry ir!

-Eu... Só é complicado de mais Elizie, a saudade ainda é muito forte. Sempre fui muito apegada a ele. Ainda é difícil aceitar o fato de que ele me deixou.

-Tudo bem, tudo bem. Estou entrando agora na cidade, daqui a pouco estarei batendo na sua porta.

-Ótimo querida, quando chegar terá um prato de lasanha lhe esperando.

-Mais um motivo para que eu chegar logo aí. Até.

-Até, querida.

Não demorou muito para que Elizabeth começasse a ver as pequenas e simples casas da cidade, que mais se assemelhava a um vilarejo. Ou como Elizabeth costumava comparar, a um buraco.

As pessoas nas ruas olhavam para o carro num misto de admiração e curiosidade. O que não era algo muito incomum, afinal eram pessoas de cidade pequena, e Elizabeth não dava mais de vinte segundos para que toda a cidade soubesse que havia um novo visitante por ali.

-Não tão novo assim, afinal.

Graças aos céus que Sammy morava numa localidade afastada da cidade, quase dentro da floresta escura e sombria que circundava aquele lugar.

Pisando fundo no acelerador, Elizabeth não viu os olhares diferentes ou percebeu os cochichos estranhos que corriam em sua volta. Ao que tudo aparentava, aquele certo visitante já era mais do que esperado.

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