𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐎𝐍𝐄

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⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐎𝐍𝐄:
⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝐔𝐌 𝐄𝐒𝐏í𝐑𝐈𝐓𝐎
⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝐏𝐑𝐄𝐂𝐈𝐒𝐀 𝐃𝐀 𝐀𝐉𝐔𝐃𝐀
⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝐃𝐄 𝐌𝐄𝐋𝐈𝐒𝐒𝐀 𝐋𝐄𝐄

⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐎𝐍𝐄:⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝐔𝐌 𝐄𝐒𝐏í𝐑𝐈𝐓𝐎 ⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝐏𝐑𝐄𝐂𝐈𝐒𝐀 𝐃𝐀 𝐀𝐉𝐔𝐃𝐀 ⠀⠀⠀⠀⠀⠀𝐃𝐄 𝐌𝐄𝐋𝐈𝐒𝐒𝐀 𝐋𝐄𝐄

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𝘚𝘦𝘮𝘢𝘯𝘢𝘴 𝘢𝘵𝘳á𝘴...

O barulho de passos me acordou em um solavanco e me manteve em grande alerta. Sentei rapidamente enquanto olhava para os lados, porém tudo estava iluminado apenas com a luz da lua, o que dificultou muito a minha visão. Havia uma neblina espessa passeando por ali e eu senti a friagem, o corpo passando a tremer aos poucos e o ar quente escapando de minha boca.

Abracei o próprio corpo e finalmente me levantei do chão. De acordo com o lugar, com a sujeira na calça jeans e na blusa, o corpo dolorido como se as juntas pudessem se descolar, ele tinha possuído o meu corpo mais uma vez. E eu sabia daquilo porque todas aquelas sensações ruins, misturada ao grande desespero em meu coração, eram a prova disso.

Enquanto andava, avistei lápides antigas, túmulos esquecidos, sem flores e sem lembranças. Por incrível que pareça, eu não tive medo, afinal, não era a primeira vez que aquilo acontecia. Eu estava basicamente me acostumando com aquelas “viagens” e até cheguei a pensar que era como ele. O problema naquele momento era que eu estava atordoada e sem saber em que cemitério eu me encontrava.  
     — Quero voltar para casa — murmurei, já sabendo que ele me ouviria. Mais à frente, pude notar sua silhueta masculina e esfumaçada se aproximando de forma vagarosa. Os pelos do meu corpo se eriçaram e não consegui desgrudar os olhos daquela coisa. Mesmo que eu já tivesse o visto outras vezes, sua presença nebulosa e intimidante sempre me deixaria em pura tensão.
     — Continue seguindo o mesmo caminho — seu sussurro ecoou em meu ouvido, a sombra enfim parando de andar e apontando para o outro lado.

Esse espírito geralmente se comunicava comigo através de sussurros e, mesmo não sendo o primeiro que eu via, nunca virava um hábito ter que ouvir vozes em lamento, fosse em qualquer momento do meu dia. Além disso, eu nunca deixava de sentir receios quando percebia a voz dele em específico, que era diferente de qualquer voz que eu tenha ouvido antes. Aquele espírito em particular parecia carregar toda a cólera do mundo, de uma forma que seu sussurro rouco zunia em meus tímpanos.

Algo o fazia ser semelhante aos outros, no entanto, pois todos não passavam de sanguessugas. Eu já nem me lembrava mais de como era estar no total sossego, de tanto que essas criaturas me atormentavam. Eu implorava, me enfurecia, chorava enquanto meu pulmão queimava, porém essas almas não me largavam, como se tivessem passado a impregnar o meu corpo.

Já fora do cemitério, me questionei quem foi o azarado que eu matei enquanto o dono daquela silhueta esfumaçada possuía o meu corpo. O falecido provavelmente estava banhado em sangue naquele momento, depois de ter lidado com a minha versão assassina. Quem terá sido ele? Quem terá sido ela? Uma pessoa que tinha uma vida comum, com um trabalho comum e amigos comuns? Ou talvez alguém que estivesse realmente sendo útil para a sociedade? De qualquer jeito, essa pessoa já não estava mais entre os vivos.

hope • hs | book 1 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora