Capítulo V

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Akira Yamaguchi

Ani sai do quarto e mantenho um sorriso bobo no rosto. Primeira vez que eu sou o manipulado. A ideia me parece bem interessante, de um ponto de vista jamais analisado. Aperto o cinto de couro e olho as calças leves de brim que usei à noite.

Retiro a peça e opto por vestir meu uniforme. Coloco as calças e visto a regata. Passo as mangas da jaqueta ao redor da cintura e prendo um nó.

Me olho no espelho e ajeito os fios de cabelo, usando apenas dois dedos.

Coloco as coisas em minha mala e pego minha katana. O ônix negro brilha em sua guarda. Passo o dedo pelo gume e sinto-a bem afiada.

Enrolo-a em alguns trapos e enfio dentro de uma grande mala. Saio do quarto enorme e ando até o dormitório de Bernard.

Ele está sentado na cama com uma dúzia de revistas e livros. Algumas imagens se projetam na parede, pelo projetor do notebook. As engrenagens e acessórios da grande nave que vamos roubar se mostram em todos os cantos.

- Ei! - ele anda até mim, que parei na porta, e me puxa pela mão. - Temos trabalho a fazer.

O helicóptero escolhido foi um modelo 14-BID-Prime. Ele é composto por cabine de pilotagem, compartimento de cargas, dez poltronas para transporte de passageiros e duas cabines privativas com camas.

- Esse troço enorme sai do chão?

Bernard dá risada e aperta um botão no computador. A imagem do helicóptero aparece, indicando todos os seus equipamentos.

Ele fala algumas coisas sobre o que devo manejar e como devo fazer. Apesar da complexidade e do longo alcance da aeronave, parece ser uma série de comandos bem simples de manejar.

- Por que não pegamos algo menor? - questiono.

- Porque precisamos de algo veloz. - os olhos dele brilham em êxtase. - Essa belezinha voa quatro vezes mais rápido do que aquela que usamos na primeira missão.

- Uau. - solto entre os lábios.

- Uau. - repete Bernard.

- Espero que não seja tão difícil quanto parece. Acho que já sei o que fazer. E você?

- Não. - ele responde. - Mas na hora eu vou descobrir.

- Vai dar tudo certo, Bernerd. - levanto da cama e passo a mão em sua cabeça, bagunçando seu cabelo.

- E se não der...

- Vai dar. Não se preocupe.

- Akira. - ele se levanta. - Preciso que tire todos daqui. Se algo der errado, vocês precisam se salvar.

- O que você está querendo dizer?

- Se a situação ficar ruim, me deixe. Não coloque a segurança de todos em jogo por mim. Prometa.

- Bernard, eu não posso. - murmuro.

- Prometa. Faça isso por mim. - ele apoia a mão em meu braço. - Faça por Aisha, você tem que protegê-la.

Assinto com a cabeça.

- Eu prometo. - pego na mão dele. - Mas isso não vai acontecer. E se acontecer, eu volto pra te buscar.

Nós nos abraçamos e saio do quarto. Caminho em direção ao elevador e vejo Aisha andando meio cabisbaixa.

- Pequena? - seguro seus ombros. - O que aconteceu?

- Eu... - as palavras parecem ficar presas em sua garganta. - Eu esbarrei com a Anippe. Ela me parecia meio atordoada.

Viro as costas pra ela e ando em direção ao quarto de Anippe.

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