Prólogo

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Muitos casamentos eram arranjados por famílias ricas e tradicionais no século XVIII. Eleonor era filha única e o pai ao escolher entre tantos pretendentes que a cercavam, preferiu Álvaro, alguém que já conhecia a família. Além disso, admirava seu pai que faliu e conseguiu se reerguer rapidamente, mesmo sem ter nenhuma ajuda.

Ele sabia que se viesse a faltar um dia, esperava que o marido que escolhera para a filha  a tratasse como uma rainha e que  nada lhe faltaria financeiramente. Eleonor ficou noiva de Álvaro, em uma festa cheia de glamour, proporcionada por sua família, que a presenteou com um conjunto de jóias raras, uma gargantilha de diamantes azuis, anéis e brincos que valiam muitos contos de réis.

Enquanto ela se acostuma com a ideia de um casamento arranjado, Álvaro comprava novas escravas para os servirem na fazenda que sua família  lhe dera como presente, para que  morasse com a futura esposa no estado de Minas Gerais.

Álvaro se mostrava um homem muito gentil até seu casamento com uma das maiores herdeiras do estado de São Paulo, mas após o casamento, assim que eles se mudaram para a fazenda, ele começou a demonstrar um comportamento diferente. Quase nunca jantava com a esposa e quando Eleonor se recusava a fazer suas obrigações matrimoniais, ele a violentava.

Alguns meses depois do casamento, Eleonor recebeu a visita da sua amiga de infância Célia, que levou com ela um presente.

- Célia que surpresa! - Diz Eleonor tentando disfarçar seu jeito triste.

- Eleonor minha amiga, sinto tanto sua falta, precisei vir para lhe ver e entregar um mimo que minha mãe enviou. - Célia agradeceu com um abraço carinhoso.

- Que coisa mais primorosa querida, um diário, agradeça dona Isaura por mim, por favor! - Agradeceu Eleonor deslumbrada com a lembrança da amiga.

- Sinto que está triste. O que está havendo? - Pergunta Célia preocupada com o semblante cansado e triste da amiga.

- Estou bem, só um pouco cansada, as responsabilidades de uma senhora dona de casa, são muitas. Mas fique tranquila, estou bem. - Respondeu Eleonor se fazendo de forte mediante a preocupação de Célia.
Na verdade, tudo que Eleonor queria era que sua amiga, não se demorasse. Se seu marido chegasse e a visse de papo com alguém, ele ficaria furioso e descontaria nela mais tarde, a trancando no quartinho do castigo. Onde tem se acostumado a ficar quando faz algo que o desagrada ou quando ele quer passar a noite com uma das escravas em seu próprio quarto.

Cada minuto que passava enquanto conversavam Eleonor ficava mais tensa, mas não podia mandar sua amiga ir embora e correr o risco de que ela desconfiasse de algo.
As horas foram se passando e Célia não parava de falar de seu novo pretendente o cobiçado Emanoel Fidelis. De repente Álvaro entra e Eleonor leva um susto, seus olhos se enchem de água.

- Célia! - Ele diz sendo cordial e gentil, como fazia quando ele a cortejada na época do noivado.

- Como tem passado senhor Álvaro? - Perguntou Célia sorrindo e oferecendo-lhe a mão.

- Muito bem senhorita - Respondeu beijando a mão oferecida por Célia - O que a trás aqui em nossa casa?

- Senti saudades de minha amiga, agora que irei me casar, precisava lhe contar as novidades - Respondeu sem mencionar o presente que sua mãe havia enviado.
A mãe de Célia é uma senhora muito sábia que faz chás e benze bebês, tem uma conexão misteriosa com o mundo dos mortos, além dos pressentimentos sobre o futuro. Mas tudo isso sem que ninguém saiba, a não ser sua filha que é sua maior confidente em muitos momentos.

A mãe ao entregar o diário, fez Célia prometer que não o mencionaria ao marido de Eleonor que havia levado tal presente. Mesmo sem entender os motivos que levaram sua mãe a pedir isso, o fez.

Álvaro fazia questão de ficar com sua mão apoiada em cima da mão de sua esposa, olhando-a com ternura, o que ela sabia ser fingimento, mas conteve seu asco e fez cara de paisagem.

- Se importam se eu fizer companhia a vocês por hoje? Logo mais escurecerá e não fica bem uma senhorita comprometida viajar sozinha à noite. - Perguntou Célia, fazendo Eleonor estremecer.

- Ordenarei que Acácia arrume o quarto de hóspedes para que possa descansar. - Álvaro disse se referindo a uma das escravas que supriam seus desejos sexuais.

- Eu agradeço senhor Álvaro, sinto-me exausta, viajei por muito tempo, necessito de um banho e um longo descanso antes de retornar a capital. - Disse Célia mexendo o pescoço.

- Se me dão licença, vou me assegurar que tudo esteja pronto para que descanse Célia. - Eleonor disse se levantando e os deixando na sala.
Eleonor foi até a cozinha e solicitou que Acácia prepara-se um dos muitos quartos para sua amiga e acompanhou tudo. Alguns minutos depois ela foi ao encontro deles na sala avisando que o quarto estava pronto.

- Célia querida, se quiser eu a acompanho até os seus aposentos que preparamos para que descanse. - Disse Eleonor com suavidade na voz.

- Sim, vá com Eleonor Célia, e seja bem vinda senhorita, se quiser amanhã poderá conhecer a fazenda, eu a levo - disse Álvaro olhando furtivamente para sua esposa, como se avisasse a ela que não falasse nada que o obrigasse a ser mais violento com ela.

Eleonor abaixou a cabeça em sinal de respeito ao marido.
Elas subiram para o quarto e conversaram por mais algumas horas e depois Eleonor foi para seu quarto, ao chegar se deparou com seu marido que a encarou.

Ele se aproximou vagarosamente e moveu os cabelos loiros e enrolados de Eleonor para o lado, beijando sua nuca.

- Querida, espero que pense bem, em tudo que estás a prosear com sua amiga, eu posso ficar muito bravo com algo que me desagrade. - Disse provocando-lhe arrepios de pavor.

- Não se preocupe meu marido, nada que o desagrade será dito a quem quer que seja. - Respondeu Eleonor, deixando nítido seu medo.
Ele então a puxou pelos cabelos a jogando na cama e beijando, tirou suas roupas do caminho rasgando suas roupas íntimas e a tomando por inteira com sua penetração.

Ela deixou que ele a penetrasse, para não causar ainda mais sua fúria.
- Isso mesmo, boa menina - ele dizia com tesão enquanto a estocava com mais intensidade.

Quando chegou ao orgasmo, a deixou ali, abotoou suas calças e saiu do quarto.
Eleonor entrou na banheira e tomou banho, tentando esquecer das mãos asquerosas de seu marido. Chorando baixinho ela terminou o banho e se vestiu para o jantar.
Assim que se sentou à mesa, tentou esboçar um sorriso sutil e ficou em silêncio ouvindo Célia e Álvaro que conversavam animadamente sobre o pretendente dela.

- Porque está tão calada Eleonor, não disse uma palavra desde que se sentou conosco? - Observou Eleonor franzindo a testa.

- Estou apenas ouvindo, não conheço bem o senhor Fidelis, Célia, desculpe-me. - Respondeu Eleonor de maneira cordial.
Eles sorriram e continuaram a conversa animada até o final da noite.
Cada um subiu para seu quarto e Eleonor foi obrigada a dormir ao lado de seu marido a noite toda.

Na verdade, ela preferia muito mais dormir no quartinho do castigo e não ficar o tempo todo com medo de que ele acordasse e a violentasse.

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