Miká

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"- Não abra essa porta, eu suplico, é mortal! "

Desde criança Julio sempre se destacou dos demais por conta da sua inteligência. Professores eram sempre surpreendidos. - Afinal não é normal que um aluno de nove anos saiba mais que eles, ou mais que qualquer adulto. - Mas assim era Julio, peculiar.
Agora, adulto, Julio trabalhava para uma empresa do ramo tecnológico, seu ramo. Uma grandiosa. Mas já havia dez meses que largara tudo, o trabalho, - Onde ocupava um cargo pra poucos, pra gênios, e com um salário impressionante, surpreendente até. - as festas, e os poucos amigos. Não atendia a nenhuma ligação e também não recebia ninguém em sua mansão. Isolara- se em seu laboratório, e remeteu-se ao seu antigo projeto de quando ainda cursava a faculdade. Trezentos e quatro dias e noites reclusos em seu laboratório.

Herbert é o melhor amigo de Julio - Ou era até Julio se isolar sem avisar, isso o abalara um pouco, porque não se abandona um amigo, e para Herbert isso é lei! - dono de uma empresa a: HeTec, uma grande empresa de engenharia mecânica, Herbert conhecera Julio numa premiação corporativa, foram apresentados por um conhecido em comum. E logo ele se impressionou com a inteligência de Julio. Saíram para conversar mais tarde e já eram amigos.

Herbert conhecia muitos projetos de Julio, e tinha um, o principal, que era a meta de Julio e que o assombrava um pouco. O amigo estava investindo pesado, gastara milhões até, e sempre estudando e estudando... Distanciou-se de Herbert e desligou-se da empresa. Aprisionou-se na própria casa e se recusava a sair. Herbert tentou, ligou todos os dias nos dois primeiros meses, só pra ser ignorado. Mas não desistiu, no sexto mês tentou mais uma vez, e na segunda tentativa foi atendido:
- Alô! Julio? Cara, você está bem? Já faz seis meses, Julio. Nunca atendeu a nenhuma de minhas ligações! - Falou tudo de uma vez, era seu amigo, e Julio o magoara não se dá descarga em um amigo como merda na privada.

- Herb, eu tô bem cara, sinto muito por tudo isso - Respondeu Julio com arrependimento na voz - eu sei que estou errado, mas Herb, finalmente começo a sentir esperança, já estava para desistir... Pensei que fora tudo em vão, mas começo a ver a luz no fim do túnel.

- Julio, fico feliz por você estar finalmente conseguindo, será um grande avanço, ou melhor, 'O AVANÇO' - Herbert disse com entusiasmo, estava realmente feliz, sabia desde quando o conhecera o quanto isso era importante pra ele, só não compreendia o motivo de Julio ter deixado ele de fora, afinal, não confiava tanto assim nele? - Vamos sair cara, como antigamente, vamos tomar um bom drink?

- Não Herb, não agora que estou tão perto de conseguir - Julio parecia nervoso, será que o amigo não entendia a importância de tudo isso? - Sei que errei com você, e estou errando de novo mais não, não vai rolar, eu não vou sair até que esteja concluído. Agradeço a sua preocupação comigo, peço desculpas mais uma vez e peço com todo o respeito que há entre a gente: Não volte a me interromper, não tenho tempo a perder e não posso ser atrapalhado. - Dito isso desligou na cara de Herbert.
Herbert ficara ainda mais magoado, ferido até. Quatro meses se passara desde a ultima conversa dos dois, e Herbert refletiu sobre tudo e chegou à conclusão de que: Não era um hipócrita, não mentiria pra si, não tinha culpa de Julio não ser um bom amigo, tanto quanto também não tinha culpa de ser um bom amigo. Afinal, Não se dá descarga em um amigo como merda na privada, e apesar de Julio ter sido um idiota, ele não desistiria dele. Levou quatro meses pra voltar a insistir em Julio, mas antes tarde do que nunca.

Herbert não tornaria a ligar, estava decido a voltar na mansão, fizera isso no segundo mês, não fora recebido e Julio apenas o fizera prometer que ele não voltaria lá até que conseguisse terminar o que começou. Mas hoje ele entraria lá de uma forma ou de outra e pelo bem de Julio daria um soco bem no meio da cara dele.
Entrou em seu conversível, uma Mercedes, e saiu acelerado com raiva. O pé como chumbo no acelerador. A mansão ficava a uns cinco ou seis quilômetros afastados da cidade, era um lugar muito bem monitorado e protegido, muros imensos e portões gigantes, depois desses portões andava- se mais uns seiscentos metros até a shr. Casa. Era tudo muito moderno, a cara do Julio.
Herbert parou de frente ao portão, câmeras se moveram ali e aqui e uma voz eletrônica soou:
- Identificação? - Disse a voz computadorizada.
- Herbert Fontes - Ele respondeu encarando a câmera ao seu lado.

MikáOnde histórias criam vida. Descubra agora