5. Música e Sangue

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::FERDINAN::

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::FERDINAN::


Fazia quase três horas que ela havia desmaiado, provavelmente as lembranças vieram com força maior do que sua mente pudesse suportar e eu sabia quão perigoso isso podia ser. Podia ouvir seu coração batendo lentamente, aquela era a única música da qual minha alma precisava. Ela era minha sinfonia, tão doce e, ao mesmo tempo, tão amarga. Relembrei a sensação do nosso último encontro antes que, mais uma vez, a maldição nos separasse tomando-a de mim, e por mais que eu sempre quisesse acreditar que dessa vez seria diferente, algo em mim sabia que eu estava fadado a perder. Era meu castigo.

Logo ela acordaria, seria normal tanto tempo inconsciente? Eu sabia que não, mas sabia também que quando mais perto ela se aproximava da verdade, mais perto a guerra se tornava. Se eu seria condenado por isso que assim fosse, contanto que ela fosse liberta. Aproximei minha mão de seu rosto e acariciei a pele suave me permitindo, por um momento, sorrir.

::ANA::

O corpo caiu pelo penhasco, parecia leve enquanto voava na direção das rochas e da água lá embaixo, mas nenhum som, nenhum temor. A pessoa que caía já nada sentia. Os cabelos compridos esvoaçando para cima, contra a gravidade que a puxava para baixo, cobriam-lhe o rosto pálido e já desprovido de qualquer vida. Vi-a chocar-se violentamente contra a água e afundar inteiramente sob o peso da pedra que fora amarrada nela e perder-se na imensidão azul escura das águas. O rosto que eu via lembrava o meu, mas as semelhanças eram pequenas, os olhos castanhos dela, seus cabelos compridos, sua pele amorenada. Avani. Eu pude sentir cada uma de suas dores e medos, senti a força do sentimento que lhe unia àquele homem que eu sentia já conhecer. Fredek. Ferdinan. A claridade cegou-me no momento que aquela conexão poderia fazer sentido.

Sentia-me estranhamente entorpecida, meu corpo parecia não me obedecer. As imagens que vi não tinham sentido ou ligação alguma, ao mesmo tempo, a morte daquela mulher me doía como se fosse perda de parte de mim. A sensação de ter a alma arrancada do corpo e a impotência de não fazer nada para evitar, não parava de me questionar o que estava havendo comigo, em que espécie de armadilha eu caíra no momento que aceitara fugir com aquele estranho e por que eu estava sonhando com ele. No momento que abri os olhos deparei-me com o profundo olhar de Ferdinan sobre mim cheio de apreensão.

— Quanto tempo dormi? — Perguntei assim que consegui encontrar minha voz.

— Umas três horas. — Respondeu parecendo mais aliviado.

Tentei levantar, mas uma forte dor de cabeça sequenciada por uma tontura fez-me cair novamente na cama sob as mãos delicadas dele em meus ombros.

— Quem disse que pode levantar?

— Quem disse que podes me dar ordens? — Disparei, imediatamente. Ele riu.

— És realmente teimosa.

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