Maky (Rogi)

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MEU CORAÇÃO VIBRAVA enquanto eu corria como nunca pelo castelo; descendo escadarias, entrando em corredores, transpondo portas... eu não tinha tempo. Naquele mesmo instante, meus amigos estavam enfrentando uma rainha psicopata, que matara com a maior facilidade um dos guerreiros mais poderosos de Mont.

Era estranho para mim, mas pela primeira vez em muito tempo eu estava com medo. Havia me esquecido do que era ter medo há anos; me esquecera do quão incômodo, e quão perturbador era estar preocupado. Eu só pensava em Maky, em salvá-la; queria que tudo corresse bem. Eu já estivera diante da morte diversas vezes, e em nenhum caso eu senti medo. Para mim, nada podia ser ameaçador, se o risco fosse direcionado a mim - na verdade, a única coisa que realmente me assustava era a possibilidade de perder quem eu amava.

Abri uma porta, e outra, entrando em salas e quartos vazios e assombrosos. Eu estava quase perdendo a esperança quando, sem querer, adentrei um quarto especial.

Todo o papel de parede era roxo fúnebre, e nada havia no quarto além de um quadro com a imagem de Lekso, o filho da Rainha, e de uma cela enorme onde, deitada no chão poeirento, encontrava-se Maky.

Ao avistá-la, meu coração errou uma batida. Hesitei na entrada, admirando-a. Ela estava de olhos fechados, o cabelo louro espalhado pelo chão. Suas roupas tinham sido substituídas por um vestido longo azul-marinho marcado na cintura, e seu rosto brilhava de suor e lágrimas.

- M-Maky...

- Rogi... - sussurrou ela, sem se mover nem abrir os olhos - Você veio... por que você veio?

Amarrei a cara, franzindo o cenho.

- Não faça perguntas estúpidas, Maky. - me adiantei para dentro do quarto, parando somente ao alcançar a cela. Segurei fortemente as barras de aço que limitavam minha passagem - Nossa, que vestido legal.

- Qual... é a cor dele? - ela perguntou, abrindo seus olhos lentamente.

- Azul. - respondi - Aliás, lhe cai muito bem essa cor.

Ela riu, se sentando, me fazendo perceber que eu gostava muito de quando ela sorria.

- Ei, Maky - pigarreei - por que você não virou um morceguinho e saiu voando daqui?

O sorriso dela se alargou.

- Não faça perguntas estúpidas, Rogi. - ela, por fim, ficou de pé. Enquanto ela caminhava até mim, eu sentia vontade de abraçá-la - Essa cela é encantada, assim como a fronteira de Viper. Vampiros entram, mas quando tentam sair, se machucam gravemente. Como a espectativa de vida de um morcego é mais curta que a de um humano, eu provavelmente morreria se tentasse fazer isso.

Maky me alcançou e segurou as barras um pouco abaixo de onde eu estava segurando. Seus olhos esbranquiçados grudavam-se em meu rosto e, por uma fração de segundos, acreditei que ela estava me vendo. Como se pudesse ler meus pensamentos, ela sorriu suavemente.

- Rogi, por favor, vá embora - ela pediu - Ziquel voltará a qualquer instante, e eu não quero... eu não suportaria...

Maky ofegou, e então engoliu em seco, incapaz de prosseguir.

- Maky - sussurrei - Você se lembra daquele dia, em Mifia? Quando Jellior nos acorrentou em cadeiras e disse que nos mataria? Você poderia fugir; você poderia nos deixar morrer. Mas você optou por nos salvar, e isso fez toda a diferença.

- Mas, Rogi...

- Para de ser teimosa, por favor. - revirei os olhos - Eu estou aqui para te salvar, e nada do que diga me fará mudar de ideia.

Maky abriu a boca para retrucar, mas fechou-a em seguida. Eu tinha que pensar rápido... a cela não tinha cadeado, o que me deixava acreditar que, para abri-la, seria necessário uma espécie de código ou artefato mágico. Eu já me safara de tantas coisas usando minha mente brilhante... Mas, dessa vez, eu realmente não sabia.

Missão Secreta - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora