Dia 4 - Fogo

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Ray passou pelos corredores o mais rápido que conseguiu. Pulando alguns destroços que se encontravam no chão, fruto da Explosão acontecida a pouco. Seu coração batia tão rápido que parecia querer pular para fora do peito, mas ele não podia se dar ao luxo de ligar para aquilo agora. Tinha que encontrar Maxy no meio de toda aquela merda. Seus pensamentos se encheram com a voz de Maxy, seu " último " recado era um desenho, um desenho da parte de fora da prisão. Estava tão perfeito que dominou a cabeça do maior, e ele mergulhou em seus detalhes.

Puff !

E lá estava Ray, do lado de fora do Portão Principal da prisão, assim como no desenho. Alguns carros estavam ali, esperando-o, e uma garota morena aproximou-se dele. Seus braços delicados e finos envolveram o pescoço de Ray, puxando-o para um abraço enquanto o maior olhava estarrecido para o prédio. O prédio em que Maxy ainda estava, O prédio que acabará de explodir em um espiral de chamas que subiam na direção do céu.

~ Horas Antes ~

Maxy se encolheu no canto da cela, todo seu corpo parecia em chamas. Três dias separado de Ray, Três dias sendo torturado, Três dias sendo treinado. Trask tocou na Tela de Comando ao lado da porta, apertando nos botões brilhantes e um robô foi montado com cubos amarelos de energia bem na frente do menor.

- Se não aprender a se controlar, nunca vai poder sair daqui. - O Comandante falou, serio como sempre. - Sua Mãe era bem mais esperta e aplicada...

O Platinado deixou sua mente fazia, e assim como Trask havia dito, imaginou seu corpo sendo feito totalmente de chamas. O punho do robô veio na sua direção e quando chegou perto de atingi-lo, o garoto se desfez em um espectro de chamas alaranjadas, aparecendo atrás dele. Seu pé atingiu a lateral do tronco do robô, que foi arremessado para o lado, caindo no chão com uma chuva de cubos amarelos.

Embora aquilo não fosse nada muito grande, o corpo de Maxy pareceu queimar assim que relaxou. Seus joelhos bambearam e ele foi para a frente, caindo no chão em um baque surdo. Sua respiração estava descompassada e o barulho do metal rangendo o dizia que O Comandante já havia saído. E o garoto adormeceu no chão.

- Acorde, agora ! - Rugiu Trask, batendo a porta da cela depressa. Maxy se levantou coçando os olhos, cansado. - Preciso que dê outro recado para Raymond.

- Ahn... Oi ? - O garoto se fez de desentendido. Embora estivesse a tempos sem ver o irmão, conseguia enviar mensagens em papel sempre que recebia um livro novo para estudar. Era um truque fácil: Ele escrevia, formatava o papel na forma de um pássaro e usava " sua chama " nele. Tinha visto isso tantas vezes em seus sonhos que quando foi fazê-lo não teve nenhuma dificuldade.

- Sei de seus recadinhos para Raymond, e vou usar isso para tirá-los daqui. - Trask jogou um livro para Maxy, dessa vez suas folhas estavam em branco e havia um pequeno lápis dentro. - Quero que desenhe a Entrada da Prisão.

- Esse é um dos seus testes ? - O garoto perguntou, com a sobrancelha levantada. - Quer saber se estou disposto a fugir daqui ? Vai me matar depois, certeza !

Embora estivesse treinando durante esses dias com o comandante, ainda era pego se surpresa pela velocidade do senhor. Trask pressionou o garoto contra a parede, segurando em seu pescoço com uma das mãos.

- Se quer morrer, continue duvidando do que eu lhe digo !

Maxy balançou a cabeça desesperadamente até ser solto. Se deitou no chão e começou a desenhar o quê lhe havia sido pedido, no dia anterior tinha ido treinar na Entrada da Prisão e a imagem do prédio ainda estava salva em sua memória. O Comandante andava de um lado pro outro, impaciente, resmungando coisas sobre uma tal de Senhorita Le Fay que estava vindo recolher os presos mais fortes. Maxy entregou o desenho para Trask.

- Ótimo. - O Comandante guardou o papel no bolso e se aproximou do garoto, olhando para os lados. - Alguns guardas virão pegá-lo para levá-lo ao Pavilhão, no meio do caminho derrube-os e corra até a cela de seu irmão, deixarei meu Cartão de Identificação com você. Abra a porta com ele e tentem ir para o último andar, um helicóptero estará esperando-os lá.

- Certo. - Pegou o cartão de Trask e guardou-o no bolso da jaqueta.

- As coisas que vão acontecer no Pavilhão serão horrendas, evite passar lá por perto ! - Avisou Trask antes de lhe dar as costas, antes de sair o Comandante lançou-lhe um olhar confiante. - Honre sua mãe, Maxinne.

Embora só tenham se passado alguns minutos, para Maxy pareceram horas, ele ainda se perguntava o porque da mudança de atitude do Comandante. Havia sido torturado pelo velho horas e horas até finalmente conseguir despertar seu poder, que embora fosse útil, trazia tanta dor para o garoto que na primeira vez havia ficado horas e horas sob o efeito de sedativos para conseguir parar sua dor.

Os soldados abriram a porta e algemaram o garoto, que não resistiu, depositava seu último pingo de esperança naquele plano. Desceram os andares e começaram a caminhar pelos corredores, até que Maxy finalmente resolveu atacar. Em um movimento rápido empurrou um dos guardas contra a parede e afastou o outro com um chute, levou a mão algemada até o cinto do homem e retirou de lá uma pistola. Atirou em um e depois no outro, correndo na direção da cela de Ray.

Suas algemas derreteram quando chegou na metade do caminho, e finalmente percebeu o quão desesperado estava. Respirou fundo e seguiu até a cela de Ray, abrindo-a com o cartão de Trask. O Maior pulou nos braços de Maxy, puxando-o para um abraço e beijando sua bochecha repetidas vezes.

- MAXY ! Jesus, pensei que você estivesse morto ! - Ray gritou, apertando-o.

- Precisamos sair, Ray, rápido ! - Maxy foi na direção da bochecha do maior para deixar um beijo, mas o rosto de Ray virou na hora, fazendo seus lábios se encostarem levemente. O pequeno corou como um tomate. - Er...

- Sair ? Vamos ! - Maxy o instruiu de como chegar até o último andar, cada corredor, cada porta que deveria entrar. - Você não vai comigo ?

- Preciso ver umas coisas antes, te encontro lá ! - O Menor gritou, dando um último abraço em Ray.

Ele correu o mais rápido que pode, precisava saber o quê estava acontecendo no Pavilhão de tão horrendo assim. Não tinham guardas nas portas, o que era estranho, e quando olhou pelas janelas seu coração parou. Uma mulher estava sentada num palco improvisado na frente dos presos, que se enfrentavam em uma batalha sangrenta. A raiva tomou conta de si ao ver um garoto loiro de no máximo 17 Anos encostado no canto da parede, tremendo e gritando desesperado.

- MAS QUE P*RRA É ESSA ?! - O garoto empurrou as portas, entrando no Pavilhão enquanto todos o olhavam. Já não corria sangue em suas veias, mas fogo, tinham conseguido inflamar o garoto. Maxy apontou para as portas. - CORRAM ! AGORA !

As portas voaram para longe, e alguns presos não pensaram duas vezes em sair correndo. Os olhos de Maxy se transformaram, em vez de pretos agora estavam dourados de pura ira. O chão ao seus pés começou a trincar, lançando rachaduras até chegar nas paredes.

~~

As chamas desapareceram, deixando apenas uma pilha de entulhos onde havia a Prisão. Onde o plano deles havia dado errado ? Onde Maxy havia ido ?

- Ray, ainda bem que você está vivo ! - Lucy gritou, dando um beijo em sua bochecha. - Pensei que nunca mais ia te ver...

O garoto caiu de joelhos no chão, com as mãos na cabeça. Sua vontade agora era de gritar e chorar, mas não queria revelar esse seu lado na frente da garota que gostava dele. Não tinha como o pequeno ter sobrevivido aquilo, ninguém normal conseguiria. Em seus dias lá na prisão havia conhecido presos com poderes impressionantes, mas algo era comum entre eles: Todos eram mortais.

Mas Maxy não era como qualquer um.

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