I
Ainda ouço. Ouço suas estridentes e desesperadoras vozes ecoando em cada canto de minha mente. Em seu encanto, e em seu desprezo; elas residem-lo sem vontade de serem despejadas. Começo a ter prazer para com elas, me invadem e me entretém nos momentos em que o tédio total predomina-me.
Estou à ponto de implodir-me caso essa monotonia não se acabe. Foram-os dias de glória, onde meus ideais causavam caos. Ah sim, eram bons tempos, ah como orgulho-me de ao menos isso poder causar. De mentes influenciar, de poder ser ao menos um mero exemplo, seja-o negativo ou positivo; não interessa-me o que seja.
Hoje neste cubículo insalubre resido.
Delirar-me-ia se ao menos isso conseguisse fazer. Delírios entreter-me-iam nos momentos de mal agrado, mas a incapaz "mente" nem disto era capaz. Não tenho nada á me gabar; se eu ao menos tivesse preguiça seria de um grande orgulho. Teria algo para entitular-me; "o que você faz?" Alguém me perguntaria: "Sou um preguiçoso".
Áh sim, seria de grande agrado. Ter-me-ia algo para me identificar, para me intitular, para dizer sobre mim e obliterar a realidade, deixar de ser este ser "neutro", que vaga por mundos imaginando uma vida, ah sim, ao menos inventar uma vida, para sentir o prazer mesmo que artificial; "de viver".
Aqui, neste cubículo nojento e miserável, ao menos tenho a companhia de meu maior inimigo: Um rato. Enlouquecer-me-ia, ah sim, iria, mas como já dito, nem disto sou capaz de fazer atualmente. A moustrofobia implodiu-se ao se deparar diante a situação de seu hospedeiro. Envergonhada saiu do mesmo com o rabo asqueroso entre as pernas. Ele chegou, devagar, no momento em que servido fora meu ingerível jantar. Aproximou-se da tigela suja, com marcas de dedos em seus amassos, e como quem não queira nada cheirou-a; naquele momento caiu à tona em que estado eu me encontrara. Nem o desgraçado de um rato queria minha única alimentação. Voltando devagar aconchegou-se em seu estabelecimento: um pequeno buraco na infiltrada e insalubre parede. Toda noite era o mesmo, comecei a analizar-lo, cada movimento. Impressionantemente eu tinha prazer naquilo, tinha algo á entreter-me. Deitado a espera dos "anjos negros" o corpo sem vida, sem esperança e sem título, deitava-se no chão totalmente insalubre. Claramente não era limpo á anos. Diante a monotonia, conseguia identificar sua presença à quilômetros, a presença do magro e claro roedor. Enquanto pairava em meus principais pensamentos: aquelas vozes. Pensei em que estado eu sera capaz de alcançar para realizar tal ato . Até mesmo Yvan Yievski, o pequeno e inocente rato, era claramente capaz de raciocinar melhor do que eu. O efeito do intorpecente não passara, minha visão turva tornava-se, minha mente girava-se; e tudo se embaraçava. A medida que o tempo passava em minha cabeça, tudo se esclarecia, se desembaraçava, criava-se uma nebulosa cinzenta; fria e quente, criando um extremo choque térmico em meu encéfalo.
Em uma noite (creio que era noite, não possuía noção do tempo) em que eu me encontrara em estado lúcido, sonhei ao lado de Yvan: fugir. "Fugir de onde?" Perguntou-me Yvan, " Desta vida meu caro" respondi-o. "Suicidar-se, o senhor opina?" Indagou Yvan; " Não meu jovem, não"...Novo capítulo a cada 5 votos.
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Hole In My Soul
General FictionNotas de um esquizofrênico? Ou será, um ser humano não-estúpido? Em Hole In My Soul, Izabella e William trazem uma história inspirada em paranoias sociopatas e Dostoiévski.