Capítulo 1

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Eu quase nunca me sinto feliz, o que não significa que estou sempre infeliz, o fato é que estou sempre confuso e isso é o que impede os loucos de me entenderem, sabe, as coisas menores e simples sempre me impressionam mais, talvez porque tudo é muito complicado e achar algo simples se tornou difícil ou porque não me esforço para entender.
Outro fato curioso sobre minha pessoa, eu sempre me dou bem com coisas complicadas, mas com coisas simples...
É uma noite qualquer aqui em casa, tirando o fato de que é o meu jantar de despedidas e ninguém sabe, meu pai está recebendo meus amigos no andar de baixo, minha mãe preparando a mesa de jantar e eu, bem, eu estou escolhendo o jeito de fazer isso, oque é mais complicado do que pensei, a final, em que universo um adolescente de 16 anos pensa em suicídio?
Depois de tomar banho e me vestir, desci para cumprimentar meus amigos, ou pelo menos os que vieram.
Eu nunca perdoaria o Ted se ele não viesse, fomos praticamente criados juntos e ele mora do outro lado da rua, seria ridículo ele dar mais uma daquelas desculpas de "foi mal mano, to me empenhando nessa historia e se eu parar de escrever vou acabar esquecendo tudo" ou "cara, não dormi nada na noite passada, fiquei lendo até as 6:00 da manhã, preciso descansar", mas nada disso é importante, ele esta aqui e até trouxe a prima Zoey, da qual sempre ouvi falar mas não tive a oportunidade de conhecer.
Kin, meu amigo do ensino médio também apareceu, ele ainda não se adaptou muito ao fuso do Brasil, então sempre anda com cara de zumbi e com os olhos mais fechados que qualquer japa, Greg, que não falo direito desde que começou a namorar a Karen apareceu também, mais uns amigos dos meus pais e tudo estava já estava um saco.

Decidi que seria melhor dar uma volta e acender meu ultimo cigarro, já que meus pais não sabem que eu fumo não posso fazer isso com frequência, então sai de casa e andei até a toca, que na verdade é uma praça, mas todos a chamam assim, acendi meu cigarro e me sentei no banco molhado de chuva para apreciar a noite, reparei que o céu estava estrelado, oque não fazia sentido mas apreciei.

Gosto de dizer que a lua clareia a noite mas são as estrelas que nos iluminam, então puxei uma garrafa de conhaque de dentro do tronco caído de uma arvore que servia como nosso esconderijo e fiz um brinde, um brinde as nossas vizinhas que estão presentes todas as noites em nossas vidas servindo como inspiração e estimulo a reflexão.
- A vocês - e levantei a garrafa.
- A eles - zoey riu.
- Desculpa, não a vi - e dei uma risada sem graça.
- Relaxa, só me explica porque estamos brindando aos aliens - e ela se sentou do meu lado.
- O que você faz aqui?
- Vim fumar um cigarro, e você?
- O mesmo - e eu ri.
- Deixa eu advinhar, seus pais não sabem?
- Não, e suponho eu que o Ted também não saiba?
- Vai me oferecer um gole ou oque?
Passamos pouco mais de 20 minutos conversando e então voltamos, seguimos em direção aos meus amigos e conversamos mais.
Depois de ter arrumado a sala de jantar e ter ido me deitar, peguei o .38 e enfiei o cano em minha boca, uma curiosidade sobre isso? Nós morremos antes de ouvirmos o som do tiro.

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