A girl

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... era uma menina. Eu não estava acreditando, nem Liam parecia estar, estávamos apostando esses dias, se nasceria uma menina ou um menino e parece que eu acertei. Liam parecia estar prestes a desmaiar.

- Amor? - chamei

- Uma menina, uma menina, mais uma Mariana pra me atormentar... socorro - deu um tapa na testa e depois riu - Amor, vou comprar meu revólver quando sair daqui - soltou minha mão e foi até a porta - Levanta daí e vamos logo, preciso perguntar pro Harry se ele sabe onde vendem armas - falou afobado - Não quero nenhum marmanjo em cima da minha filha e...

- Liam, calma, ela nem nasceu ainda...

- Você que não encoste na barriga de nenhuma mãe grávida de um menino, ou deixe qualquer menino tocar nessa barriga... - andava de um lado para o outro agora, me deixando nervosa

- Liam, amor... - o médico ria - vem cá - puxei ele - ela é apenas uma bebê, você vai ter muito tempo pra se preocupar, não precisa ser agora, além do mais, ela vai ter que ter um namorado pra não ficar sempre na nossa casa e criar gatos...

- Sem problemas, eu compro os gatos, dou dinheiro pra ela ir naquele mercado que tem perto de casa pra comprar comida e... Nossa, acho que exagerei - ri junto com o médico quando ele sentou no chão, atordoado.

[...]

Depois que saímos do ultrassom, eu e Liam voltamos para o quarto. Deitei com cuidado, ainda sentindo muita dor. Sabia que minha filha estava bem, mas ainda sim me preocupava, aquela dor não mostrava ser coisa boa. Praguejei até a ultima estação por ter forçado algo com Liam.

- O que foi? - perguntou, deitando ao meu lado

- Nada, só estou pensando... que nome vamos dar pra essa criaturinha? - perguntei, passando a mão levemente na barriga

- Pensei em Emilly, gosto desse nome - pareceu refletir Emilly Knight Payne

- Louise também é lindo - falei

- Emilly Louise Knight Payne... - riu

- Emilly Louise Payne - havia ficado um lindo nome

- Gostei - sorriu e me deu um selinho demorado - Somos rápidos para escolher nomes - ri de sua cara esperta e o abracei, sentindo vontade de tossir. Assim que o fiz, vi um pouco de sangue em minhas mãos, mas escondi de Liam, que se afastou do abraço e beijou minha testa - Durma...

- Só me prometa uma coisa - falei antes de fechar os olhos - Se eu morrer durante o parto... Não coloque o nome da nossa filha de Mariana ou - respirei fundo para não chorar - se você tiver que escolher, ou eu ou ela, escolha ela

- Não vou precisar escolher ninguém - Liam me encarou - não vou perder nem uma nem outra

- Eu sei... mas se acontecer eu... - ele não me deixou terminar, levantou e saiu do quarto, furioso. Eu sabia que ele odiava esse assunto, mas eu tinha que tratar dele, eu sentia que estava morrendo, sentia que não ia resistir ao parto.

Naquela noite, Liam não voltou para o quarto do hospital, acabei por ficar sozinha, perdida em meus pensamentos e chorando horrores, sem me importar com a tosse ou todo sangue que havia cuspido, não fazia sentido pra mim continuar sofrendo daquele jeito. Por muito tempo pensei em ser forte, eu queria ser forte, não demonstrei para ninguém a dor que sentia, ninguém precisava sentir pena de mim.

Eu estava fraca, havia tossido a noite inteira devido ao choro e nenhuma enfermeira parecia se importar com meus urros de dor ou minha tosse contínua, elas estavam mais interessadas em dormir em qualquer canto do hospital. Não havia pego no sono em instante algum, eu queria Liam, queria falar com ele, pedir desculpas por ser ridícula, tentei levantar mas tudo escureceu e eu caí.

Trouble GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora