chapter one - how it all started

4 1 0
                                    

Daisy

You used to get in your fishnet,
Now you only get it in your nightdress,
Discarded all the naughty nights for niceness,
Landed in a very common crisis...

A suave voz de Alex Turner preenche o meu quarto pela manhã. Deus, como eu adorava este homem.

Era uma segunda feira de manhã - aquele tipo de dias em que não me apetece acordar para rever caras de pessoas ignóbeis, também conhecidos como os meus colegas de turma.

Enquanto a música da minha vida ecoava pelo meu quarto, eu saltitava em cima da cama com o meu pijama (uma mera t-shirt comprida dos Arctic Monkeys e uns calções com bolinhas cinzentas). Suponho que se alguém estivesse a observar-me pela janela do meu quarto, estivesse a apreciar a minha grande perfomance (embora isso fosse algo assustador).

Quando a canção terminou, decidi prosseguir com a minha vida. Vasculhei o meu armário à procura de alguma coisa para vestir, ignorando as milhentas peças de roupa que estavam no chão.

Ah, eu depois arrumo isto.

A minha playlist escolhida para seusãs depressivas mas também animadas prosseguiu com as músicas. The 1975 - Girls, era a seguinte.

Algo entra de rompante no meu quarto e começa a reclamar comigo.

- Daisy porque é que o teu quarto está sempre esta confusão ? E porque é que tens sempre a música aos altos berros ? Isto parece uma rave num sítio depressivo e cheio de tralha! - ah, nada como a doce voz do meu irmão mais velho pela manhã.

- Meu Deus, Harry. A idade está a afetar-te não está? Eu sei que envelhecer é complicado mas-

- Tu sabes que eu só tenho 18 anos Daisy. Porque é que insistes em chamar-me velho?

- Talvez porque nasceste com a paciência e resmunguice de um? Just saying. - encolho os ombros.

- Isso é tão mentira! A minha alma é tão jovem como a tua!

- Ai sim? Tu só gostas de música clássica e jazz, vestes-te como um betinho, não toleras desarrumação e não consegues sair da tua zona de conforto. Para não falar no facto de teres uma obsessão em ser pontual, tu és incapaz de desobedecer às ordens dos pais. Admite! Ser jovem não é para ti. - cruzo os braços após o meu discurso.

Ele tenta ripostar mas parece ficar sem palavras. Opta por revirar os olhos e sair do meu quarto.

O meu irmão e eu éramos tão diferentes, mas talvez fosse essa razão pela qual nos dávamos bem. A maior parte das vezes.

Embora ele fosse assim, o Harry reinava lá na escola. Ele era um dos finalistas mais populares, embora eu nunca soubesse bem porquê. Não era um atleta musculado, um dos miúdos ricos e snobes com a mania da superioridade nem namorava com uma das miúdas giras da claque. Ele era apenas assim, com os seus caracóis indomáveis, óculos de armação preta e camisas de padrão xadrez. Talvez fosse por ser assim tão diferente que se destacava. E talvez também por ser o presidente da associação de estudantes.

Já eu, apenas uma das caloiras lá do sítio, ninguém parecia saber que eu tinha algum tipo de parentesco relacionado com o Harry. E eu fazia questão que permanecesse assim, pelo menos até ele ir para a universidade.

Eu gostava de me manter assim. Indiferente aos olhares e sussurros alheios sempre que passava pelos corredores, ao contrário do meu irmão.

Não que eu fosse algum tipo de nerd anti-social. Eu sou apenas anti-idiotas, e bem, digamos apenas que isso reduz imenso as hipóteses de me relacionar com alguém de lá da escola.

• ♪•

Podia jurar que o meu colega do lado estava tão atento à aula de Geografia como eu, e visto que os meus olhos insistiam em fechar cada vez que Mr. Simmons articulava uma palavra, os seus desenhos não pareciam conseguir salvá-lo daquela seca incessante. Principalmente porque consistiam em bonecos tortos com estúpidos balões de fala.

- Muito bem, turma. Agora que já concluímos a matéria sobre os recursos renováveis e não renováveis, quero que vocês realizem um trabalho individual que demonstrará o que vocês conseguiram adquirir através destas últimas aulas. O trabalho irá contar para 50% da vossa nota final e deverá ser entregue até ao final do próximo mês. - assim que Mr. Simmons acabou de dizer isto, pude jurar que toda a turma tivera voltado à Terra.

Resmungos ouviam-se por toda a sala de aula, mas Mr. Simmons não parecia nem um pouco incomodado com isso; aliás, aposto que este descontentamento geral lhe estava a dar um gozo enorme

Conseguia observar toda a minha turma do fundo da sala. Comecei a pensar em como seria a minha vida sem eles e raios, como seria melhor. Não me enquadrava com nenhum deles, talvez porque todos eles tinham maneiras completamente diferentes de ver o mundo comparadas com a minha. Todos eles eram tão iguais, tão sem graça... Eram um bando de adolescentes monótonos e fúteis sem qualquer noção do mundo que os rodeava. Ali, as raparigas apenas se preocupavam com a maquilhagem, com os seus cabelos ou com as últimas tendências da moda; para não mencionar no facto de serem umas fofoqueiras do pior. Os rapazes estavam mais preocupados com quem tinha ganho o tão famoso jogo de futebol do dia anterior, com mamas e em iludir as pobres raparigas. É triste e definitivamente mau ver como esta geração está arruinada.

Os meus pensamentos foram o suficiente para amenizar o som do toque de saída, pois quando dei por mim era a única pessoa na sala de aula e os corredores já estavam cheios.

O aroma a juventude (e a água de colónia) infiltrou-se no meu nariz mal pus um pé fora da sala. Embora soubesse que tinha que entregar um trabalho para o mês que vêm, tinha engendrado um plano que na pior das hipóteses me faria sacar um Bom +, por isso não estava assim muito preocupada.

Segui o meu caminho para casa do meu pai, uma vez que era hora de almoço e eu almoçava sempre com o meu irmão. Os meus pais, embora divorciados, relacionavam-se bem, talvez porque viviam a mais de 900 km de distância um do outro. A minha mãe mora na Florida, e é lá que eu e o meu irmão passamos as férias e alguna fins-de-semana prolongados.

Entrei no edificio em que morava. Não era um local em que eu adorasse viver mas também não era mau de todo. Subi o elevador até ao respetivo piso e meti a chave à porta.

- Alô, cheguei. - atirei as chaves e a mochila para um canto da sala e fui para o meu quarto. Deparei-me com algo de que não estava mesmo nada à espera.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 20, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

lost souls Onde histórias criam vida. Descubra agora