Caminhamos um bocado, ambos em silencio ninguém sequer dava uma palavra, o Tommy ia atrás da Elisa, como um cãozinho, ninguém merece, chegamos em nossa casa, e Elisa entra sem ao menos dizer um Tchau para o Tommy, ele faz um beicinho e me olha dando uma piscadela, reviro os olhos e abaixo a cabeça, isso já demais, saio caminhando e logo sinto a presença de tommy ao meu lado, estamos indo a nossa sorveteria favorita, quer dize a única sorveteria que tem na cidade. Sempre que estamos andando sinto o olhar das pessoas sobre nós, o Tommy não tem muita amizade, nem a sua mãe, pelo simples motivo da estranha chegada deles, alguns boatos rolam pela cidade que a mãe dele tem pacto, ou que simplesmente é uma bruxa, discordo, mesmo ela sendo bem assustadora, as pessoas falavam a mesma coisa de meus pais, por isso não dou a mínima importância para o que eles falam, por que vai chegar um dia que todos iremos para no mesmo lugar, debaixo da terras a sete palmos do chão, é o que a minha mãe sempre diz, quando os vizinhos bisbilhoteiros fuxicam algo quando passam por ela. Adentramos a sorveteria e sentamos na mesma mesa, no mesmo lugar, e sempre nos mesmo dias, é estranho, isso é como uma rotina, já que não temos muita escolha. A garçonete Maria, chega e nos pergunta se é o de sempre e assentimos em sintonia, e ela sai para buscar nossas sorvetes.
-Então, no que esta pensando ? – Murmuro pra Tommy, que parece pensativo.
-Juro, que por um momento, escutei sua irmã conversando com alguém ou algo, mais assim que ela sentiu minha presença, algo entrou nos arbustos e ela saiu me puxando pelo braço- ele murmura, pegando no sorvete de taça que acabou de chegar, o dele é de morango como sempre e o meu é de chocolate.
-Algo ? Tem certeza, você pode ter visto mal, ela devia estra lendo! – falo colocando uma colherada generosa de sorvete em minha boca, e o olho-o, o dando incentivo pra continuar a me contar.
-Não ! Ela não tinha livro, nem nada, ele estava com algo na mão, mais tenho certeza que não era um livro, por um momento a observando..- ele para dando um leve suspiro, e volta a falar – por um momento me senti livre, me senti normal, não sei explicar, não era medo ! – ele fala comendo um pouco do seu sorvete.
Ainda não consegui entender, mais nunca o vi falar assim, nunca havia escutado um "eu me senti livre" , ele nunca foi assim, ainda estou intrigado com essa historia, mais prefiro parar e dar um ponto final, olhando para o relógio, droga, mil vezes droga, estou atrasado, o jantar deve estar pronto e o pior nem estou com fome.
-Tommy ! – Estalo os dedos em sua direção, o fazendo voltar para terra – Tenho que ir, o jantar já deve estar pronto, te vejo amanha ?
-Hum, sim é claro ! – Ele suspira, e paga nossos sorvetes, deixando uma gorjeta para Maria, saímos da sorveteria e cada um seguiu seu caminho.
Moro um pouco longe do centro, moro ao arredores da floresta, o que já não é bom, continuo caminhando ate parar em frente, aquela casa, de madeira, com alguns cantos precisando de reparos, um porta azul é a única coisa que chama a atenção, na varanda a um balanço de madeira velho, as janelas estão fechadas, provavelmente para espantar a curiosidades das pessoas, piso na escada da entrada que logo range com o meu peso, adentro a casa aconchegante, encontrando meus pais a mesa, juntamente com Elisa, a casa é simples, mais nunca foi mudado nada da casa, desde a gerações passadas, que nada muda, sento-me a mesa, dando uma olhada para todos, como sempre meu pai esta com pressa para voltar para seu escritório, minha mãe esta cansada, e coberta por tinta, ela voltou a pintar, Elisa esta calada, planejo conversar com ela ainda hoje.
- Boa noite família ! – Sorriu, olhando para minha mãe.
- Boa, então por onde estava ? – Minha mãe pergunta, colocando a sopa na mesa.
-Hum, andando com o Tommy por ai ! – Respondo, colocando um pouco de sopa em meu prato, é sopa de legumes, não é das minhas favoritas, mais como mesmo assim, meu pai, come rapidamente, sem dar uma palavra, ele parece preocupado, não sei bem ainda, comemos em silencio e ao final do jantar, demos a mão e rezamos, como sempre fazemos, meus pais são bem apegados a religião. Quando terminamos ajudo a minha mãe a juntar a mesa, lavar e guardar, ela é loira, de olhos claros, e uma pele branquinha que ate parece neve, sim Glatin neva, por incrível que pareça. Subo as escadas que rangem a cada degrau, e passo por o corredor que possui alguns quartos e quadros de parentes de outras gerações, passo por a porta do quarto de Elisa, êxito por um momento em bater em sua porta, eu e ela brigamos bastante, não se houve nada vindo do outro lado da porta, 'será que ela já dormiu ?', acho que sim, coloco minha mão sobre a maçaneta, a girando devagar, para que não faça nenhum barulho, abro a porta, que desliza delicadamente sem fazer um mínimo de barulho, ela esta lá, esta dormindo, com os cabelos loiros pendurados na beirada da cama, saio fechando a porta e vou para a minha cama. Amanha temos escola, então separo uma blusa simples de manga azul, e uma calça jeans surrada preta, não é que não tenhamos condição, é que gosto de usar ate acabar, deito na minha velha cama de madeira, olhando para o teto azul, com nuvens e pássaros, quando eu era pequeno pedi pra minha pintar o teto do meu quarto, para que eu pudesse admirar o céu sem sair de casa, fico pensando nos acontecidos dessa tarde, eu vi algo passar rapidamente varias vezes por entre as arvores a minha frente, e quando eu menos espero Tommy e Elisa, aparecem mais bem atrás de mim, então pela minha suposta ideia, não era eles, e sim alguém ou algo, tenho a necessidade de voltar aquela floresta e descobrir algo, é como se a mesma me chamasse para adentrar e nunca mais sair, uma parte que obedecer e a outra diz que sou maluco, posso realmente esta ficando louco, não se pode entrar e ficar vivo era o que meu dizia, sempre que tocávamos no assunto, mais Elisa sempre entra e sai, meus pais não gostam nenhum pouco da ideia, acham perigoso, mais ela não tá nem ai, sempre fala que se vai morrer em Glatin, ela poderá morrer na floresta e ninguém ira procura-la para ter aqueles fúnebres chatos, com pessoas falsas, que fingem estar triste, e depois saem falando, hipocrisia. Penso se alguém já entrou naquela floresta além dela, ela esconde algo ou alguém, pode ser qualquer coisa ate um baú, cheio de dinheiro ou quem sabe ela estoca comida, para um dia fugir da realidade de Glatin, se ela pensar em fugir ela precisa me levar com ela, é o mínimo que ela pode fazer por mim, já a salvei de muita encrenca. Acabo adormecendo com os meus pensamentos.
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Um encanto, uma Maldição
FantasyOnde tudo começa , onde a magia vem a tona , onde as criaturas ficam com medo . Havia apenas 5 tipos de criaturas nesse mundo, mais ninguém as conhecia, Gatlin uma pequena cidade na Carolina do Sul, era habitada por pessoas normais...