First Impressions

28 1 4
                                    


Marie acordou pela primeira vez no quarto de sua casa nova. Aquela primeira sensação em um novo lugar, mas ela não conseguia pensar que aquilo lhe pertencia. Aquelas paredes pintadas na cor verde muito claro – quase branco, na sua opinião – aquelas caixas de papelão com a poucas e queridas coisas que ela pode trazer consigo. Não eram as férias de verão que ela desejava.

Férias de verão são aquelas que você e sua família troca a paisagem ao seu redor por uma nova e depois volta a rotina com aquelas saudades. Parece que agora a Irlanda, Belfast seriam suas lembranças. Não foi uma mudança de casa, foi uma mudança de país. Marie, aquela garotinha de dez anos, ter que se despedir da casa que viveu seus primeiros dias de vida para trocar por Seattle. Ela não entendia, sabia que tinha algo a ver com seu pai, mas era difícil entender. Talvez algum dia entenda. As primeiras impressões nem sempre são as melhores.

Marie Stilinski gostava de sua vida na Irlanda. De caminhar ao redor do porto, de ir para a escola junto com seus vizinhos, até mesmo sentiria falta de ficar em casa em dias de chuva já que não podia brincar no lado de fora. Sentiria falta das ruas arborizadas, das casas de tijolos, da padaria que sempre comia bagels, de seus amigos da escola, da professora Purse que cantava as músicas nativas. A vontade era de chorar, ficar no quarto, odiar Seattle para sempre.

Os pais se reuniram junto da filha para tomar o café da manhã, Susan e Peter Stilinski pareciam estar animados com a nova vida agora na América, talvez Marie devesse dar um voto de confiança, eles não quiseram se mudar para o mal dela. Sua mãe falava sobre pontos turísticos do local, onde ela provavelmente ia estudar, enquanto o pai falava algo sobre sue trabalho no telefone, eles pareciam estar se adaptando, ela devia fazer o mesmo.

- Hoje vamos decorar seu quarto, será algo novo só para você – disse o pai sorrindo para Marie, ela forçou um sorriso animador e voltou a comer seu cereal.

Aquela tarde foi resumida em arrumação, Peter colocava os móveis no lugar e pregava as prateleiras, Susan e Marie tiravam tudo das caixas e quando o anoitecer estava para chegar tudo estava pronto. Definitivamente aquela era a casa nova dos Stilinkski.

No jantar eles decidiram pedir pizza, pelo menos Seattle tinha uma ótima pizza. As conversas foram muito boa e Marie parecia estar feliz – o que fez os pais ficarem mais felizes também – e em meio de toda aquela felicidade, o cansaço chegou e os levou para a cama cedo, com a promessa que visitariam alguns locais na cidade que agora será seus lares.

De volta ao seu quarto – que ainda detestava a cor das paredes – Marie colocou seu pijama infantil de ovelha e deitou-se na cama. Foi deitada que se lembrou de Harry, seu travesseiro amigo. Era apenas um travesseiro com uma fronha enorme que a fazia dormir abraçada, algo bobo de criança, mas tão bom ao mesmo tempo. Voltando a sua cama, reparou que a cortina da janela estava meio aberta e foi fecha-la, a casa do vizinho era visível através dela, a mesma revelava um quarto azul marinho e um som de vídeo-game super Mario em alto volume, mas seu sono era tanto que decidiu fechar a cortina e voltar ao seu travesseiro e cair no sono.

O outro dia parecia estar sendo melhor que o anterior, Marie acordou mais feliz e com expectativas. Colocou seu vestido amarelo e penteou os cabelos com precisão, planejava sair com a mãe. Porém tudo foi cancelado no momento que a campainha tocou.

Susan abre a porta cujo revela uma mulher aparentemente da sua idade. ela era alta, tinha um sorriso aberto, levava em suas mãos uma assadeira de bolo e um garotinho ao seu lado.

- Bom dia, sou Anne Robinson, sua vizinha. Seja bem vinda! – ela parecia muito receptiva e simpática, logo Susan a chamou para entrar.

- Que beleza! Você tem uma filha – Anne voltou-se á Marie – como se chama?

- Marie – ela responde docemente e deposita um beijo na bochecha da mulher que ficou encantada – Marie, este é meu filho Nick, espero que sejam amigos.

Foi naquele momento que Marie e Nick se conheceram. Ele tinha a mesma idade que ela, dez anos, um pouco mais alto, seus olhos eram castanhos e seu cabelo era curto em forma de topete, ele usava aquelas roupas de criança que pareciam de adolescente e sorriu para ela de forma calorosa. Marie era tímida no começo de qualquer conversa, ela sempre fazia o que a mãe mandava pois se fosse por ela estaria congelada de vergonha. Porém aquele sorriso lhe abriu uma passagem para sorrir também.

- Oi – ela começou com medo.

- Oi, sou Nick Robinson – ele apertou sua mão delicadamente.

- Sou Marie  Stilinski.

- Você tem um balanço? – ele pergunta e a mesma nega – onde podemos brincar?

- Que tal no meu quarto? – ele concorda, a menina pega na mão do vizinho e o leva para o andar de cima onde era seu quarto. As mães ficaram na cozinha conversando.

Nick e Marie brincaram com todos os jogos de tabuleiro que Marie conseguiu trazer da Irlanda, ele era bem inteligente e conhecia todos, era gostoso de brincar com alguém assim. Nick contava sobre como era seu quarto, que ele tinha um cachorro chamado Murray e se na Irlanda existia duendes, mesmo Marie não tendo visto nenhum. Ele tinha mil perguntas para ela, como se Marie fosse alguém de outro planeta, ela era apenas da Irlanda. Aos poucos as perguntas começaram a ser de Marie também. Era um começo. Era óbvio que era um começo de algo.

- Gostei das paredes – responde Nick para Marie. Talvez elas não sejam tão más assim.

Grow Old With MeWhere stories live. Discover now