Capítulo 2

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Eduardo estava lindo, especialmente hoje mais do quê o seu normal. Ele vestia uma camisa social azul bem clarinho, uma calça jeans preto e um sapa-tênis de cores que iam de branco a marrom. Seu penteado era o mesmo descuidado de sempre, estilo "não me importo se vários fios estiverem fora do lugar", e isso o deixava melhor ainda.

Meu Deus, não podia pensar assim, precisava lembrar de seus defeitos, e não de sua qualidade física.

Ele riu, ao constatar o quanto eu estava, fascinada, de certa forma, com sua aparência e não tinha parado de olha-lo um só segundo desde que abri a porta.

- Amor - foi a palavra que precisava pra me tirar do transe -, gosta do quê vê?

- Ah, sim! - ri nervosa, e fui logo ao assunto. - Precisamos conversar.

- Sim, precisamos - Eduardo afirmou sério, me fazendo franzir o cenho. Eu precisava, mas não esperava que ele precisasse também. - Preciso te contar o quê aconteceu hoje.

Então ele começou a falar rápido, sem que eu pudesse lhe impedir. Contou sobre como o dia se tornou proveitoso, quando ele estava indo a padaria, e uma mulher de 1,80 o parou perguntando qual seu nome e lhe oferecendo um emprego de modelo free-lance por tempo indeterminado. Ele me contou que era tudo o quê ele sempre quis, mas que tinha medo de me contar, afinal eu sempre toquei no assunto faculdade e queria um marido (MARIDO!) com emprego fixo.

E, realmente, achei a ideia de carreira como modelo uma péssima.

Tudo bem, nada contra modelos, mas eu não iria querer isso se eu fosse continuar com ele. Se eu fosse.

Eu precisava de foco por que, naquele momento, eu só podia ficar feliz por ele também. Ele parecia tão... genuíno, e isso me deixou animada que ele poderia realmente estar mudando. Que ele realmente pudesse querer mudar.

Suspirei por alguns segundos, parando automaticamente de ouvi-lo por algum tempo. Até ele me chamar.

- Camila - levantou meu rosto com seu polegar -, você está me ouvindo?

- Estou sim - respondi.

- Não é ótimo?! - falou animado.

- É, se é isso que... que você sempre quis, é maravilhoso - disse, por fim. - Eduardo, eu...

- Sobre o quê você queria conversar?

Ótimo.

Era tudo o quê eu precisava ouvir como pergunta pra piorar minha capacidade de conseguir falar por mim própria.

Foco, Camila, foco.

- Sobre nós.

Sua expressão mudou rapidamente para confusão. Quase raiva, eu diria.

- O quê tem "nós"? - perguntou cautelosamente.

Como posso dizer que não te quero mais?

- Nós precisamos terminar... com isso - gesticulei apontando ora para mim, ora para ele.

- Como assim, Camila?

- Eduardo, não dá mais. Você sabe disso, nós sabemos, que não podemos continuar. E, se você quiser, pode contar pro meu pai, eu aguento as consequências de tudo o quê você for falar para ele. Só... me deixa fazer isso, por favor. Francamente, eu não aguento mais viver assim - não foi preciso eu continuar pra que ele expressasse sua ira.

Uma batida estrondosa na mesa e eu quase pulei da cadeira de susto.

Lá vamos nós outra vez...

Melanina Do Amor (Conto)Onde histórias criam vida. Descubra agora