– Por favor, que eu esteja sonhando – Ana murmurava para si mesma. – Que seja só um pesadelo. Vou acordar agora e estarei na minha cama...
– ANAAAA, você tá bem? Acorda! – disse Guilherme, enquanto tentava reanimar o Ana de seu falso desmaio – Ai meu Deus mãe, acho que ela bateu com a cabeça e tá desacordada.
Luisa se aproximou, meio sem jeito por causa das muletas: – Não é possível que mais alguém vai se machucar nessa família... Ana, Ana, responde!
– Será que se eu ficar aqui de olhos fechados por mais alguns minutos a dona Sônia vai ter piedade de mim? – cogitou Ana.
– Querida, você tá machucada? – disse Sônia mansamente enquanto verificava sua respiração. – George, pega um pano molhado pra gente colocar na testa dela.
– É pra já!
– É, acho que ela não tá brava comigo, posso abrir os olhos agora. Devagar pra não dar pinta. – refletiu Ana enquanto despertava lentamente.
– Viu filho! Ela tá acordando! Ana, querida, que susto você deu na gente. – disse Sônia.
– Ai meu Deus, eu realmente deixei sua travessa cair no chão, né? Que vergonha. Eu não sou tão desastrada assim, eu juro. Vou te dar outra e...
– Calma Ana! – disse Guilherme – Você é tão sortuda que a travessa nem quebrou! Olha ali! – e apontou para o lado.
Milagrosamente a travessa caiu em cima do tapete, que de tão fofo, amorteceu o impacto. Ana preferia acreditar que era Deus intercedendo a seu favor, evitando assim que ela queimasse o filme com a sogra.
– Inacreditável, não é? – disse Sônia – E mesmo se tivesse quebrado, essas coisas acontecem, já tô acostumada a perder minhas louças aqui em casa por causa desses dois. – disse apontando para Gui e George.
– Opa, me deixa fora disso! – Intercedeu George – Quebrar um copinho vez e outra é perfeitamente normal!
– Vez e outra sim tio, mas não todo mês. – disse Luísa, rindo.
– Até você Lulu? Que decepção...
– Ah tio, é verdade!
– Sim, mas a Ana não precisava saber disso, né? – falou, piscando pra Ana.
– Acho que já posso me levantar – Ana falou, cautelosamente, na expectativa de que saíssem de cima dela.
– Meu Deus, nós somos todos sem noção. Andem, abram espaço! – Sônia riu. – Senta aqui meu bem, vou pegar uma água pra você. Tá se sentindo melhor? Alguma tontura?
– Tô bem sim, a cabeça que tá girando um pouco – deve ser a vergonha, ela avaliou – mas vou ficar bem. Novamente, peço desculpas pelo transtorno.
– Não tem do que se desculpar, imagina! É só uma travessa, menina! E ela nem quebrou!
– Acho que tá tudo certo, né? Vamos todos comer? Tô numa fome...
– Bem lembrado, Gui! A massa vai acabar esfriando desse jeito – completou Luísa.
– Vamos lá, esfomeados! Vão se sentando que já levo a comida pra mesa. Ana, você também, não precisa ajudar. – Sônia deu uma piscadela.
– Eu não teria a audácia de me oferecer dessa vez. – Ana riu.
Toda a espera valeu muito a pena. O ravióli estava delicioso! Ana nunca tinha comido o de massa fresca. Só aqueles de pacotinho, vendidos no mercado. E a diferença era absurda.
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As dores e as delícias do primeiro encontro
Literatura KobiecaAna trabalha como revisora numa editora e tem uma rotina bem tranquila. Sua atividade favorita é assistir séries na TV e mergulhar no mundo dos livros. Depois de um desentendimento amoroso que a deixou muito mal, Ana ficou um bom tempo sem ter nenh...