Capítulo 4

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Carol foi embora já era muito tarde, quase meia noite e finalmente me deitei depois de um bom chá que minha avó fez para me ajudar a dormir. Minha amiga tinha razão, a segunda-feira chegou e eu tinha que ir para a faculdade, mas não me sentia feliz em ter que abandonar minha avó sozinha.

A semana passou rápido. Não tivemos aula todos os dias por estarmos quase entrando no período de férias e, depois do ocorrido na minha casa, eu aproveitei todas as brechas para faltar em alguma aula.

Uma amiga da minha avó que se chama Candence teve alguns problemas de saúde e pediu sua ajuda. Ela mora em uma cidade pequena a uns 60 km de casa e tem apenas um filho que mora em outro país. Minha avó jamais se recusaria a ajudar uma amiga e não pensou duas vezes em seguir viagem. Confesso que essa viagem veio a calhar, conseguiria um tempo para descobrir o que houve realmente lá em casa. Além disso, eu precisava explicar o motivo da minha fuga ao San.

Combinei com a Nara que iríamos ao mesmo bar naquela sexta-feira. A cada movimento nosso parecia que estávamos fazendo algo de errado, desde escolher a roupa até chegar ao bar, isso porque decidimos não contar nada pra Carol. Era bem difícil esconder qualquer coisa dela; ela sempre acabava descobrindo.

Chegamos e nos sentamos na mesma mesa escondidinha. Conforme o tempo passava, percebi que o cantor não iria se apresentar naquela noite, então, decidi perguntar a um rapaz que parecia ser o gerente. O cara era bem gordo, com cabelos compridos e malcuidados. Dava pra ver uma tatuagem enorme que iniciava na base do seu braço direito e ia até o pescoço, acho que era um tipo de dragão chinês. Ele tinha uma cara fechada, parecia ser do tipo rabugento. Perguntei se Santiago estava por lá, ou se ele tinha dias certos para cantar e a resposta não foi a que eu esperava.

O homem me disse que ele não cantava mais naquele bar e que não sabia o motivo, mas que após ter se despedido, disse que não voltaria. Fiquei em choque por um momento, por que a situação toda era bem estranha. Ele simplesmente sumiu sem deixar rastro. Não era possível, eu não podia estar tão errada, tínhamos alguma coisa especial. Ou será que não?

— Narinha, você não vai acreditar. Ele não canta mais aqui e não sabem pra onde ele foi. ― falei em um tom de espanto e confesso que foi um pouco exagerado.

— Relaxa Any! Esses cantores da noite são assim mesmo, cada hora estão em um lugar. Vamos procurar por ele. Cada dia iremos a um bar diferente até o encontrarmos. Só se você quiser, claro.

Mesmo sendo exagerada, até que eu gostei da ideia. Finalmente eu tinha um objetivo desafiador para sair de casa aos finais de semana.

— Fechado, mas Carol não pode saber sobre esse nosso objetivo, tudo bem? ― não sabia bem porque estava escondendo isso de Carol, mas sentia que era necessário.

Acordei cedo e super disposta, já que não tive sonhos estranhos essa noite. Dormi como uma pedra depois do chá que fiz, igualzinho ao da minha avó.

Levantei e fui para o computador, precisava fazer uma lista dos bares da cidade, um roteiro para os próximos dias ou semanas. Mas será que ele ainda estaria na cidade? Não queria pensar nisso, tinha de encontrá-lo e alguma coisa me dizia que ele ainda estava por perto, ou talvez fosse só a minha vontade de que estivesse. Será que ele tinha ficado chateado por eu ter ido embora daquele jeito? Eu precisava saber, precisava vê-lo novamente, na verdade eu não precisava, mas eu queria. É claro que eu estava com medo de descobrir que no fundo eu era uma boba e que ele nunca teve qualquer intenção real comigo e perceber que ele devia ser atencioso, charmoso e cafajeste com todas as garotas. Isso era o mais provável, só que eu precisava ter certeza.

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