Beijo

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A pessoa que estava sentada no chão ainda chorava. O escritório estava escuro, não dava para ver quase nada, a única fonte de luz, era a lua que proporcionava.

Dei dois passos para trás. Não queria interromper a pessoa que chorava piedosamente. Mas sem querer esbarrei em um vaso com tulipas. O vulto levantou a cabeça e me observou, os olhos brilhavam intensamente. Ficamos em silêncio, apenas nos observando. Então a pessoa se levantou, descobri que era o homem, a lua iluminava o corpo musculoso da pessoa.
Percebi que estava vestido de príncipe. A máscara lhe cobria o rosto.

— Desculpa, não quis lhe atrapalhar! — falei com a voz embargada. As lágrimas ameaçando cair.

O vulto fantasiado de príncipe não respondeu. Passou por mim de forma petulante. Penso que talvez não quisesse ferir o orgulho chorando na frente de uma mulher. Antes de sair pela porta, segurei-o pelo braço.

— Por favor, espere.

Não soube o que deu em mim. Acho que era a sensação de querer desabafar. O vulto se virou para mim e me observou durante um bom tempo. Soltou o braço de minhas mãos e sentou no pequeno sofá de frente a uma tv de plasma. E esperou. Calmamente me sentei ao seu lado. Ficamos em silêncio durante um bom tempo.

— Não acredito que ele foi capaz disso.

O vulto focou os seus olhos brilhantes nos meus.

— O meu namorado me traiu com o meu primo. — falei olhando focada para o príncipe de olhos brilhantes.

Ele sorriu.

— Não ria de mim! — falei também sorrindo e ele levantou as mãos em forma de redenção.

O observei durante um bom tempo. A voz rouca do meu amigo Tadeu Domigos inundou a casa. Ele cantava exagerado, do Cazuza. Decidi continuar minha conversa com o príncipe.

— Eu nunca esperei nada disso. Tipo eles eram as pessoas que eu mais confiava... Acho que mais nunca confiarei em outra pessoa.

O silêncio do príncipe estava me deixando nervosa. Ele olhava pra mim com os olhos concentrados, como estivesse procurando algo em meu rosto. Sorri. Foi aí que eu pensei que já havia visto aqueles olhos.

— Eu não amo mais minha noiva. — falou o príncipe quebrando o silêncio.

Aquela voz. A voz calma e suave que eu já havia escutado. Ele continuava a me olhar.

— Ah... Está apaixonado por outra? — perguntei.

— Perdidamente apaixonado por outra.

— Acho que você deveria ser sincero com a sua noiva. Era por isso que você chorava?

Achei que havia extrapolado o limite de curiosidade, ele olhou pra mim nervoso. Jurei que ele teria um colapso ali mesmo.

— Quase isso. — falou desviando o olhar.

Here, da Alessia Cara inudava o recinto.

Minha curiosidade estava me matando. Esse era um dos meus grandes defeitos.

— Ela está grávida. Minha noiva está grávida. — falou de cabeça baixa.

— Deus, isso é maravilhoso. — disse alegre. Ele não parecia estar nem um pouco feliz.

Ele segurou a minha mão e me puxou.

— Vem, vamos beber! Hoje esqueceremos nossos problemas. — falou me levando ao salão, onde vários jovens dançavam hey soul sister, do train.

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