17 - Audrey - Beijos e mais beijos.

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Fico surpresa por alguns segundos, mas logo Daniel me puxa para mais perto dele e eu perco a noção do tempo. Retribuo o beijo, afinal não sou de ferro! Meu coração bate como o de qualquer pessoa normal. E agora ele está feito um tambor. Não imaginei que ele iria me calar dessa forma, não mesmo. Mas estou feliz por esse ser o método dele. Meu corpo reage de uma forma estraordinária. Não sinto repulsa e nem medo, o que é incrível. Retribuo o beijo fervorosamente e Daniel da um sorriso satisfeito contra os meus lábios. Em seguida já não tenho noção onde estou. Só sei que estou nos braços dele e isso me parece tão certo. Como se eu pertencesse ali. Como se viessemos fazendo isso durante toda a vida. Enlaço os braços ao redor do seu pescoço e fico na ponta dos pés, nos aproximando ainda mais. Ele enlaça minha cintura e me aperta mais contra ele. Esse lugar é onde você pertence. Uma vozinha sussurra em minha mente. Naquele momento, eu acredito nela. Me perco em seus braços e em seus beijos. E como tudo que é bom sempre acaba rápido, ouço risinhos e exclamações ao nosso redor que me trás novamente para o mundo real. Tente me separar de Daniel rápidamente, mas ele continua me segurando.
   "- Não sei se você percebeu, mas estamos dando um show aqui." Aviso sem fôlego. Ele encosta nossas testas uma na outra e tenta controlar a respiração. Tento fazer o mesmo. "- Não acredito que você fez isso." Reclamo após minha respiração estar mais estável.
   "- Nem eu." Confessa ele. Me separo dele e lhe lanço um olhar repreensivo.
   "- Não faça mais isso." Aviso-o.
   "- Não pretendo repetir a experiência." Ele concorda.
   "- Ótimo. Fico feliz." Comento.
   "- Não acredito que você possa ter achado tão ruim assim." Ele provoca.
   "- Está enganado. Achei horrível." Minto. Você é uma péssima mentirosa. Meu subconsciente acusa.
   "- Mentirosa." Daniel acusa, dando um sorrisinho satisfeito.
   "- Você não me conhece para saber quando estou mentindo." Comento.
   "- Não. Mas a sua reação foi de quem gostou muito. Poderia jurar que você estava nas nuvens." Ele acusa ainda com aquele sorrisinho. Bastardo! Pior que ele chegou bem perto da verdade.
   "- Você nunca esteve tão enganado em sua vida." Insisto na mentira.
   "- Se você prefere pensar assim apesar de não ser verdade, quem sou eu para atrapalhar? - Ele declara.
   "- Você me irrita!" Exclamo. Ele se aproxima de mim, o que faz eu dar um passo para trás.
   "- O sentimento é recíproco. Ninguém nunca me tirou tanto do sério como você." Ele esclarece.
   "- Ah, quer saber? Vai para o inferno! - Exclamo e viro as costas, saindo dali. Ele me puxa pelo braço.
   "- Eu já convivo nele todos os dias." Daniel declara. Me sinto mal com essas palavras, não sei porque motivo. Sinto como se eu fosse a culpada por ele viver nesse "inferno".
   "- Desculpe." Acabo soltando.
   "- Porquê? Você não tem culpa." Diz ele. Olho nos olhos dele e me sinto entrando de novo naquele mundinho particular em que estavamos.
   "- Você usa lentes?" Deixo escapar. Ele me olha confuso.
   "- Não. Porquê?" Daniel pergunta.
   "- Seus olhos são tão incomuns." Declaro encantada. Ele me olha de lado.
   "- Os seus também. De um azul que eu nunca vi na vida. E ao mesmo tempo, tenho certeza que os conheço." Declara ele.
   "- Também tenho essa sensação sobre os seus." Confesso. Ele me olha por um bom tempo e em seguida balança a cabeça. O olhar atordoado desaparece do seu rosto, trazendo seu olhar cínico de volta.
   "- Nós não estavamos discutindo agora mesmo?" Ele pergunta retoricamente. Reviro os olhos.
   "- Estou percebendo que você adora me deixar irritada." Digo.
   "- Confesso que não resisto." Declara ele.
   "- Agora eu tenho que ir. Mas alguma coisa que queira falar?" Pergunto derrotada.
   "- Sério que você vai ignorar nosso beijo?" Pergunta ele de volta.
   "- Que beijo?" Pergunto inocentemente. Ele me lança um olhar sabe-tudo.
   "- Não acredito que você vai fingir que não aconteceu!" Exclama ele.
   "- Não aconteceu nada." Digo sorrindo. Ele me puxa e quando percebo nossos lábios já estão colados novamente. Ele me da um beijo longo e intesso. Fico sem ar. Quando estou começando a ir as nuvens novamente ele me solta. Para com isso, Audrey! Parece até que nunca foi beijada na vida! Me repreendo.
   "- Só para garantir que você não vai esquecer novamente. E se você fingir que não aconteceu nada, vou continuar te beijando até você colocar nessa sua cabecinha linda, que não adianta me contrariar, você não vai esquecer." Avisa ele. Por um momento tenho vontade de negar, só pra ver se ele vai cumprir o que disse. Mentira, você quer fazer isso só para ser beijada novamente. Meu subconsciente acusa. O que faz com que eu imediatamente esqueça a idéia. Não seja fraca, Audrey! Você não é assim. Ficar abalada por um simples beijo? Me censuro. De simples esse beijo não teve nada. Meu subconciente filho da puta insiste. Cala a boca! Exclamo mentalmente. Daniel ainda está me olhando esperando uma resposta. Resolvo ser ousada e pegar ele de surpresa. Puxo sua boca para a minha e devolvo o beijo mais intensamente ainda do que o dele. Ele reage um pouco surpreso no início, mas rapidamente se torna intenso. Mordo o seu lábio inferior e ele geme de satisfação, retribuindo o gesto. Puxo o seu cabelo e abaixo sua cabeça para ter mais livre acesso a sua boca. Ele vem de bom grado. Nossas linguas dançam eróticamente e eu colo mais meu corpo ao dele.
   "- Vão para um quarto!" Alguém exclama.
   "- Droga." Resmungo me afastando. Como da outra vez, Daniel me puxa de volta.
   "- Até que não é uma má idéia." Brinca ele se referindo ao comentário que nos atrapalhou.
   "- Vai se foder!" Exclamo tentando me soltar. O cara é forte. Se fosse com qualquer outro eu já estaria livre.
   "- Estava brincando!" Diz ele rindo.
   "- Não tem graça!" Acuso.
   "- Tem sim. Agora me diga, Audrey: Qual o motivo desse beijo?" Pergunta ele.
   "- Só estava me vingando e tendo certeza de que não vai esquecer." Confesso.
   "- Se quiser se vingar assim outras vezes, aceito de bom grado." Declara ele. Dou um tapa no peito dele.
   "- Vai sonhando." Aviso. "- Agora pode me soltar? Tenho amigos a encontrar." Peço.
   "- Claro. Mas eu te acompanho." Diz ele colocando a mão em minhas costas e me guiando pelo caminho.
   "- Sei me virar sozinha!" Declaro e saio de perto dele.
   "- Não seja marrenta! Vou te levar e você não pode fazer nada para impedir isso. E se insistir, te levo no ombro se for preciso. Está afim de reviver a experiência?" Provoca Daniel. Ele segura minha mão, me puxando para perto dele.
   "- Foda-se!" Exclamo. Mas continuo do lado dele. Não vou arriscar pagar um mico desses.
   "- Você diz muito isso." Comenta ele. Fico calada. "- Então, vai se manter longe de Matthew?"
   "- Isso não é da sua conta." Declaro.
   "- Passou a ser." Ele declara de volta.
   "- Não sei desde quando. Da minha vida cuido eu."
   "- Reclame o quanto quiser, isso não vai mudar nada."
   "- Odeio você."
   "- Você já disse isso. Agora me diga, anjo. Você costuma beijar as pessoas que odeia?" Ele provoca.
   "- Ao contrário de você, eu não saio beijando todo mundo que aparece na minha frente." Acuso.
   "- Com ciúmes, amor?"
   "- Não. Apenas declarando um fato." Explico.
   "- Pois saiba que ao contrário do que você pensa, não saio beijando todo mundo que me aparece. Sou muito seletivo." Diz ele irritado.
   "- Se você diz..." Provoco.
   "- Pelo visto eu não sou o único que tem o prazer de irritar." Acusa ele.
   "- Não ligo para o que você pensa." Declaro. Ele da um suspiro frustado.
   "- Só me responda: Vai tomar cuidado com Matthew ou não?" Pergunta ele.
   "- Você acha que eu sou idiota? É claro que vou tomar cuidado com ele. Odeio apostas e odeio mais ainda quem as faz." Respondo.
   "- Ótimo." Diz ele satisfeito. Reviro os olhos e não digo mais nada.

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