INGLATERRA. SÉCULO V
Acordar todos os dias para ter sustento da sua família, não é fácil. Principalmente quando se é um camponês, considerado miserável pelos Senhores Feudais. Trabalho no campo, cultivando, plantando, recolhendo, carregando, com mais alguns trabalhos mais pesados.
Tenho uma irmã de seis anos, seu nome é Judit. Nosso pai morreu na guerra, logo mais deixamos de ser da Nobreza e passamos a ser camponeses. Nossa mãe, não tem condições para trabalhar, ela fica em casa ajudando a Judit a escrever. Exatamente, não era só o Clero que sabia escrever. Meu pai era da Nobreza, com isso, ele tinha amigos do Clero que o ajudou, então nosso pai nos passou. Mas isso, em nossa família é um segredo. Não existe escola para camponeses.
E também há outra coisa, uma coisa que é abolida, exterminada, considerada como pragas. Somos bruxos. Isso mesmo. Desde meus pais, à minha mãe, eu e Judit também somos bruxos. Ah, e porque não usar à magia como um benefício para passar a perna em algumas pessoas e conseguir alcançar uma boa classe? Minha mãe sempre me disse que não devíamos usar a magia para esse tipo de coisas. Se quiséssemos ser alguma coisa, tínhamos que fazer por merecer. Além de não podermos usar magia nas ruas. Ouvi histórias de pessoas sendo mortas, famílias destruídas, tudo por conta de sermos bruxos.
Minha mãe me ensinou vários feitiço, porções, encantamentos. Temos uma varinha específica para cada membro. A varinha é que escolhe o seu bruxo.Levantei cedo como sempre. Coloquei minhas vestes surradas. Nunca fui muito de ajeitar o cabelo, gostava dele bagunçado. Coloquei minhas botas desgastadas e junto dela, a minha varinha entre as meias. Deixei Judit dormir, compartilhávamos o mesmo quarto, não fazia a mínima questão dela dormir comigo. Caminhei pelo corredor sujo, as paredes com rachaduras. Encontrei minha mãe sentada na cadeira de balanço. Ela mordia uma maçã enquanto observava o céu com as janelas abertas. Logo na frente de casa, tínhamos uma venda, era outra forma de conseguirmos dinheiro. Metade comerciantes. Vendíamos maçãs, pêras, de ótima qualidade e frescas. São as que eu consigo trazer do trabalho, ou eu roubo. Todas as manhãs ela repetia esse mesmo processo. Acordava mais cedo que todos, puxava sua cadeira de balanço para frente da janela, comia uma maçã e observava o céu, daquele lugar era a única coisa bonita para se ver.
-Mãe.- Chamei. Ela se assustou e me olhou.
-Bom dia Grier.- Sorriu enquanto engolia um pedaço da maçã. Todas as suas rugas expressavam cansaço.
-Você deveria olhar o céu hoje.- Voltou seus olhos para o mesmo lugar de antes.- Não está muito agradável.-Riu.- Ultimamente nada está agradável, na verdade nunca esteve.- Ela adorava ver o céu. Ela sabia das constelações, o que nenhum camponês era capaz de saber.
-Ele vai voltar ao normal. Tudo é momentâneo.- Falei enquanto ia até ela e depositei um beijo em sua testa. Ela sorriu novamente.
-Mas olhe!- Insistiu. Olhei o céu. Estava escuro, diferente, aquilo só acontecia quando tinha algo ruim para acontecer.
-Estou com um mal pressentimento Grier. Acho melhor não ir trabalhar.- Ela olhou em meus olhos, estava mais que séria, estava implorando.
-Mas preciso ir. Garanto que não vai acontecer nada. Logo voltarei.- Dei outro beijo, voltei-me a mesa e peguei uma maçã.
-Por favor, tome cuidado. E arrume esse cabelo. - Ela sempre me pedia isso.
-Te amo. Fale para Judit que trago uma maçã caramelizada.- Fechei a porta de madeira. Em frente de casa, a pequena mesa que púnhamos as maçãs estava vazia, pelo visto não venderíamos nada hoje.
As ruas lamacentas, vizinhos bisbilhotando o que acontecia para depois poder fofocar. Caminhei até o centro da cidade até encontrar o senhor Pumpper que me dá carona todos os dias. O encontrei descarregando a sua carroça, deveria ser a sua primeira entrega. Fiz carinho em Paspalho, o cavalo negro, e cumprimentei o Senhor Pumpper.
YOU ARE READING
Salem//E.P
FanfictionGrier. Um bruxo de 17 anos, tem toda a sua família morta e assim como suas amigas. Sua raiva o deixa vivo, o que o faz procurar vingança no mundo atual, além de encontrar um novo amor.