Descobrimento p.1

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- Gabriel, não se esqueça do Cubo de Metatron...

Gabriel despertou rapidamente, sua respiração acelerada, suor escorrendo pela testa, seus lábios secos e o peito necessitando de ar. Tão rápido quanto acordou, ele se move para o lado da pequena cama, pegando o que se poderia chamar de inalador em outros tempos, um aparelho em formato de cubo, as cores precárias e mal pintadas, um antigo dourado que agora já estava desbotado, de forma inconfundível, qualquer um perceberia a idade do objeto só de olhá-lo.

- Defeituoso? - Um homem que estara no quarto durante toda a noite olhou o menor, piscou algumas vezes, levantando o tronco da cama. - O que faz acordado nesse período?

Isso mesmo. Apesar de um grande herói, Gabriel era tratado apenas como mais um defeituoso.

- Lamento senhor... Acabei... Tendo aquela espécime de sonho novamente. - Gabriel havia desligado o inalador para poder responder a seu "superior".

- A mesma voz novamente? - Senhor Carmesim o fitou por um longo momento - O que ela disse dessa vez?

- O mesmo... Algo sobre cubo... Não sei - Ele leva sua mão a cabeça, a mesma doía horrorosamente quando tentava se lembrar dos sonhos.- Esse cubo novamente? Tsk! É apenas sua imaginação aflorando novamente, não fique pensando sobre isso. - Apesar de dizer isso todas as vez que Gabriel teve esse sonho, as palavras de seu senhor lhe eram muito estranhas. Não passavam uma sensação de sinceridade, era como se senhor Carmesim quisesse esconder algo. Quer dizer, além de tudo que já escondia.

- Senhor Carmesim? - Gabriel o chama antes que pudesse escapar do quarto. O homem de aparência rigorosa, olhos fundos de uma cor avermelhada como o nome, pele branca e cabelos negros e lisos que batiam em sua cintura, o encarou brevemente, o rosto desgastado pela idade banhado em suor.

- O que quer Defeituoso? - Perguntou ríspido.

- O que aconteceu com a Velha Terra?

Não era segredo para ninguém que a Terra em que viviam havia renascido após a terceira guerra. Durante a briga sem motivos dos humanos, a mãe natureza tratou de mandar seu próprio exército. Banhando a Terra em uma hera de caos sem fim. Destruindo tudo que os humanos levaram seculos para construir. Recomeçando a Terra do Zero. Um recomeço perfeito, deixando apenas os mais aptos ao novo clima sobreviverem.
Também não era segredo que qualquer tipo de documento falando sobre a velha Terra fora completamente destruído.
Mas Gabriel não queria saber a história contada nas reuniões de ensino. Ele queria a verdade, imaginava que os senhores sabiam da resposta.
Por que a Velha Terra foi destruída?
Por que nenhuma existência antiga conseguiu sobreviver?
Afinal, os da Nova Terra não teriam problema em sobreviver a uma evidente catástrofe, nada como terremotos, clima quente, frio ou até mesmo a radiação de um meteroro, eles não morreriam tão facilmente. Seus corpos foram criados para aguentar o reinício de um mundo completamente erradicado, eles eram fortes. Todos... Exceto os famosos e raros Defeituosos. Seres com olhos de coloração fraca e saúde debilitada. Nesse mundo, sobreviveria o mais forte, sempre, então seres como os Defeituosos não eram de bom grado, ou vistos com bons olhos. Quando se encontrava um logo eliminava, porém, alguns, como Gabriel, nasciam com objetivos específicos.

- Do que está falando Defeituoso? Já sabe toda a história sobre a Velha Terra... Não é necessário mais nada. - O homem elevou o tom da voz já rouca pela idade, saindo pela porta do quarto, a batendo com força, trancando o menino. O quarto! O local onde Gabriel viveu a vida toda. Saindo apenas para treinar e ter lições. Tudo o treinando para o dia D. E, apesar de Gabriel não entender o que aconteceria nesse dia, estava preparado para dar sua vida à causa.

- Se soubesse tudo não teria usado "não é necessário" e sim um "não existe nada mais". - Gabriel repetiu para si mesmo essa afirmação na cabeça, duas, três vezes. - Estão escondendo algo, Senhores... - Sussurrou dessa vez, olhando a porta de metal enferrujado.

Tudo naquele lugar era feito de metal, a aparência sempre velha e enferrujada, porém, com uma resistência impressionante. Não havia como sair a força. Gabriel não tinha escolha além de esperar pacientemente até que o próximo superior o viesse visitar.

- Metatron... - Repetiu.

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