My safety

Prólogo

- David, você não pode me dar as costas assim! - eu falei num tom tão sério que mal me reconhecia.

Vi ele sair pela porta e corri atrás.

- Aliás, se alguém tiver que sair sou eu. - falei tentando me redimir pela fala anterior - Essa é sua casa, lembra? E eu já estou de saída.

Me aproximei do carro e abri a porta. Ele já estava sentado no banco de motorista, seus olhos estavam fixados em mim e eu simplesmente não podia interpretar aquela expressão confusa dele.

- Nós não precisamos fazer tudo isso por causa de um beijo, ok? - falei - Se você preferir, ele pode não ter significado algum. - me sentei no banco de passageiro da frente e esperei por sua resposta.

Vi ele abaixando a cabeça e encostando-a no volante. Permiti minha cabeça se encostar no banco e respirei fundo. Minha vontade era de abraçá-lo, por algum motivo estranho eu tinha essa vontade. Mas sabia que se o fizesse, a situação poderia piorar.

- Isso que é o problema... - ele disse baixo, tornando quase impossível de saber o que ele falara.

- Isso o quê?

- Pra você não tem como ser "só um beijo". Eu queria que fosse mais que "só um beijo".

Um sorriso tímido se formou em meus lábios.

- E qual o problema disso, David?

- O problema, Charlotte, é que eu não sou o suficiente pra você. O problema é que eu nunca vou ser o cara que você sempre esperou. Eu não sou assim. Você sabe. Eu não sei amar um mulher completamente. Eu não sei. Eu não sei lidar com isso. - o tom de voz dele foi se alterando até que ele percebeu o quanto estava falando alto.
O silêncio pairou sobre o carro.
- Você não sabe porque talvez não tenha chegado o dia de você sentir isso. - falei meio baixo, quase pra mim mesma - Porque, talvez, meu propósito sempre foi te mostrar o que é o amor de verdade.
Abri a porta e saí do carro sem sequer olhar qual havia sido a reação dele. Peguei meu casaco dentro da casa e fui caminhando pelas ruas iluminadas de Paris.
O que você tá fazendo, Charlie? Que besteira foi essa que você acabou de fazer?!