Prólogo

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— Uno! — Gritei, exibindo uma última carta em minha mão.

Daniil estreitou os olhos, como se estivesse duvidando da minha vitória. Provavelmente estava, mas isso não vem ao caso. Estávamos relaxando um pouco antes de abrirmos o Neko Café, mas havia um gatinho agitado, Billy, que mal podia esperar para brincar com os clientes.

— Não mais — disse Daniil, colocando uma carta de "+2" sobre a mesa.

Olhei para ele, um pouco indignada.

— Mais uma?! Quantas dessa você recebeu?

— Provavelmente, todas do baralho — respondeu, dando de ombros.

Olhei para Billy enquanto pegava mais duas cardas. Ele me encarou de volta. Senti que estava praticamente implorando para que abríssemos o estabelecimento. Revirei os olhos e suspirei.

— Tudo bem, Daniil. Acho que é hora de você colocar sua fantasia, não?

Ele virou os olhos.

— Agora?

— Sim, agora. — Me levantei e comecei a me distanciar dele. Daniil pareceu confuso com a ideia de eu estar indo em direção oposta ao Café.

— ...Onde você está indo, Kitty?

— Eu também vou me arrumar! Não é só purrrque não preciso de fantasia que não precise estar com uma boa aparência.

Soltei uma risadinha e subi para meu quarto. Daniil odiava ter que vestir aquela fantasia de gato. Mas eu entendo o lado dele, eu também não gostaria. Não deve ser confortável ficar com aquilo o dia todo, mas não podíamos sair da temática. Principalmente porque somos os garçons! Somos nós quem vamos lidar com o público.

Entrei no meu pequeno mundinho. Ele não era muito grande, talvez um dos menores quartos dessa grande construção que eu chamo de ''casa''. A vista também não era das melhores, mas eu considerava aquele um dos melhores cômodos.

Já estava com o uniforme do Neko, precisava só dar uma pequena arrumada no cabelo. Peguei minha escova e sentei na penteadeira, olhando meu reflexo no espelho. Comecei a desembaraçar as pontas do meu longo cabelo preto. Passei para a franja logo em seguida, deixando o mais difícil para o final.

Bom, lembra que eu falei que não precisava usar fantasia de gato para trabalhar? Então, é agora que entramos nesse detalhe. Meu pai me disse uma vez, antes de eu entrar na escola, que nossa família é... Especial. Temos uma certa "habilidade" que as pessoas normais não têm. E esse DNA foi passado de geração para geração, até que ele não se manifestou mais. Mas agora ele voltou, e com uma "mutação".

Eu tenho essa mutação. Eu sou um gato. Meio gato, na verdade. Posso me transformar em um e tenho características de um...

Mas não consigo ficar na forma humana por muito tempo.

É um pouco complicado de explicar, mas não se preocupe, com o tempo você acaba se acostumando. As pessoas raramente duvidam que é de verdade, geralmente se recusam a acreditar em algo que julgam não ser "real". Por mim, tudo bem. As vezes eu acho que é até melhor. Mas ainda não consigo me sentir parte de nenhum lugar deste mundo.

É por isso que meu pai fundou o Neko Café, pouco depois do desaparecimento da minha mãe. E depois disso, minha vida ficou perfeita. Claro que tem altos e baixos, mas eu estava feliz.

— Kitty, está ai, gatinha?

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⏰ Última atualização: May 12, 2016 ⏰

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