Capítulo sem título 5

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Mal demos um passo e senti um puxão no braço, seguido por um grito de alerta.

— Cuidado!

A voz pertencia a Alamanda. Ela nos puxou para trás no momento exato em que uma cadeira voava pelo bar em nossa direção. Havia uma briga que não dava para entender ainda entre quem. A única coisa que eu sabia era que Alamanda acabara de nos livrar de um grande problema. Eu podia ver Carol nos procurando com os olhos por cima da briga, acenei tentando dizer que estávamos bem, mas ao mesmo tempo senti que estava sendo puxada novamente.

— Vocês precisam sair daqui.

Alamanda nos tirava de perto da confusão e não parecia mais tão calma agora. Ela nos conduzia para os fundos do bar, havia uma saída atrás do balcão. Pude ver que a porta por onde havíamos entrado estava bloqueada por várias mesas e cadeiras amontoadas. Sem outra opção as pessoas corriam na nossa direção, buscando a única saída disponível. Estava tudo confuso, mas eu não podia simplesmente sair.

— Não podemos ir embora, as meninas ainda estão do outro lado e acho que não estão conseguindo passar. Precisamos ajudá-las.

A cada minuto mais alguém entrava no meio e passava a fazer parte da briga, como em um filme de faroeste. No início algumas pessoas apenas observavam. Depois pareciam tomar posição de ataque, como se fossem animais. Também pude ver uma mulher colocar as mãos na cabeça como se estivesse com muita dor e vi quando um dos homens grandes que pareciam Vikings levantou-se e virou a mesa, fazendo tudo que estava em cima dela voar sobre as pessoas. Mais alguns puxões e estávamos do lado de fora do bar, junto com outras pessoas que saiam correndo, histéricas; pareciam realmente fugir de um tornado ou coisa pior.

— Fique aqui! Eu vou lá dentro buscar as meninas, não saia daqui Any, por favor. ― Will estava com uma voz assustada, nunca o tinha visto assim antes.

— Eu fico com ela. ― disse Alamanda demonstrando que essa era a melhor coisa a fazer.

A voz dela parecia bastante calma agora. Ela segurou minha mão e me dirigiu um olhar tranquilizador. Na verdade, eu estava bastante apreensiva ao lado dela porque, apesar da paz que ela conseguia transmitir, era bem diferente das outras pessoas. Era como se aquela paz fosse a sensação que ela queria passar e não a sua energia natural.

Ouvi alguns barulhos estranhos vindos do interior do bar, pareciam gritos e gemidos misturados a risadas. Dei um passo pra trás como reflexo e Alamanda segurou minha mão ainda mais forte, me mantendo firme. Eu estava assustada e ela não parecia se incomodar com nada, com a briga, com a expressão daquelas pessoas correndo e com certeza também não se importava com os barulhos que ficavam cada vez mais esquisitos. Também ouvi muitas coisas quebrando no interior do bar; às vezes alguém saía lá de dentro machucado, cambaleando e também corria pela rua como se estivesse fugindo para salvar a própria vida. Parecia um filme de terror.

Uma mulher de cabelos negros com uma mexa azul, que estava com as mãos na cabeça segundos antes de eu sair pela porta dos fundos, saia cambaleando, parecendo desnorteada. Sua situação era até compreensível; o inacreditável foi ver a cor dos seus cabelos, que agora estavam completamente brancos como nuvens. Isso me deixou muito mais apreensiva. Estava acontecendo qualquer coisa muito errada.

— Eles estão demorando, preciso ir até lá ver o que está acontecendo.

— Não é uma boa ideia Any. ― ela disse isso com uma tanta calma, que era irritante.

— Alamanda, eu agradeço muito por me tirar de lá, só que eu não consigo ficar aqui parada sem fazer nada enquanto meus amigos estão dentro desse lugar. Vou ligar pra polícia.

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