Descobrimento p.5

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A semana virou e diferente da passada, Gabriel não foi chamado no primeiro dia, mas no segundo. Uma voz gentil e fina anunciou que iria entrar no quarto, batendo duas vezes antes de abrir a porta de metal e olhar para o garotinho na cama sentado.

- Olá Gabriel. - A moça jovem de cabelos castanhos até a cintura, um jaleco branco, olhos de uma cor esverdeada bem forte, o corpo um pouco malhado demais para uma mulher, mas todos ali tinham corpos malhados, músculos a mostra, ela entrou no quarto, sorrindo de forma simpática. - Vamos para a aula de botânica?

- Sim, senhor Olive - Gabriel se levantou depressa, o rosto meio corado, não estava acostumado que o chamassem pelo nome, era sempre "defeituoso" ou nem se incomodam em chamá-lo por um nome.

Os dois entraram na primeira porta do corredor, a mesma que era usada para as aulas de estudo científico, mas diferente da outra aula, agora a sala estava completamente diferente, os equipamentos químicos não se encontravam mais ali, um jardim artificial tomara o lugar, as poltronas e os livros eram as únicas coisas que permaneciam as mesmas. E ao entrar no quarto, Gabriel já se sentou numa cadeira de metal em frente a mesa grande que sustentava uma árvore pequena, ele não a tocou, apesar da grande curiosidade em descobrir o que era aquilo, já tinha visto árvores antes, mas nenhuma como esta, era inclinada e por mais que fosse pequena, tinha uma estrutura grossa, parecia algo moldado, era linda.

- Hoje eu trouxe algo especial como presente - Olive disse ao chegar mais perto da planta, se sentando na cadeira em frente a Gabriel, que a olhou de canto, ainda apreciando a planta.

- Presente? - O garoto perguntou.

- É seu aniversário de quatorze anos, não? - A mulher manteve a voz calma e gentil, sorrindo em direção do garoto que agora estava boquiaberto, os olhos arregalados.

- É meu aniversário? - Seus olhos se encheram de água, ele rapidamente os secou, abaixando a cabeça.

- Sim, não sabia? - Ela solto um riso baixo. - Parabéns, querido herói - Sorriu, segurando uma das mãos dele. - O dia em que irá nos salvar está chegando mais e mais. Obrigada.

- Aaaaaah! - O garoto soltou um feito esasperado, não sabia o que fazer era a primeira vez que isso acontecia, nunca ninguém o agradeceu por nada, ele mal sabia que essa palavra existia, talvez tivesse se esquecido completamente antes daquilo. Seus olhos se encheram de água novamente e não conseguiu conter o choro que veio feroz, o fazendo soluçar, baixando a cabeça até batê-lá contra a mesa, chorando em cima do vidro. A mulher que o observava a chorar, não desviou o olhar ou soltou sua mão, apenas abriu um sorriso maligno, o observando de cima, mas logo se desfez dele, escondendo o rosto, enquanto tocava a cabeça do menor que ainda chorava.

- Pare de chorar, Gabriel. Abra um sorriso e me deixe vê-lo.

Gabriel levantou a cabeça, secando as lágrimas com a mão livre, soluçando algumas vezes, mas abrindo um grande sorriso de orelha a orelha.

- Isso mesmo, muito bom - Ela sorriu levemente. - Agora deixe-me explicar como cuidar dessa árvore, ela é especial e delicada, os humanos a chamavam de Bonsai. Te darei uma tesoura e uma garrafinha de água, corte as folhas sempre e não deixe de molha-la. Entendeu?

- Sim, senhora Olive! - Ele quase gritou de empolgação. - Posso? - Apontou pra árvore.

- Claro, a porta está destrancada... Ah, me deixe abrir, assim não machuca a planta. - Olive se levanta com certa dificuldade da cadeira e caminha até a porta, abrindo-a e esperando o garoto passar todo apressado enquanto carregava a planta. Olive suspira pesadamente, saindo da sala e voltando ao quarto principal, onde digitou a senha por fora e abriu a porta, deixando Gabriel entrar.

- Até a próxima aula. - Ela acena brevemente da porta, com seu sorriso gentil, o garoto acena de volta, sorrindo largamente. Quando a porta se fecha e tranca, o sorriso de Olive que antes era gentil se transforma numa expressão fria, o olhar fica vago e olha observa o corredor, andando devagar até última porta.

- Isso mesmo defeituoso... Você definitivamente irá me salvar. - Sussurra, com um sorriso sinistro estampado no rosto.

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