Capítulo 16

232 22 1
                                    

JORGE

Já se passaram duas semanas desde a festa de Anna. Ela conseguiu se livrar dos castigos, mas vai ter que ser empregada da filha da diretora por uma noite. O engraçado é que ninguém sabia que a diretora tinha uma filha. Nem mesmo eu que vivia na diretoria devido situações vergonhosas às quais me submetiam. Mas isso é passado.

Sérgio e Anna armaram um teatrinho na festa dela na piscina. Ela fingiu estar muito magoada depois de ver seu "namorado" beijar outra na frente dela. Os dois não precisam mais andar juntos na escola. Ou seja, ela está livre para mim. Mas isso por enquanto não quer dizer nada, pois ela ainda não quis nos assumir em público. Na verdade, nem eu.

Nátalie me convidou para o aniversário dela. Hoje é sábado e ela me pareceu muito convincente me pedindo desculpas e dizendo que está arrependida. Disse isso à Anna e ela falou que não era nem para eu pensar na possibilidade de aparecer nessa festa. Apesar de tudo ela ainda se sente insegura quanto aos meus sentimentos por Nátalie. De qualquer modo eu não iria. Não consigo esquecer a maneira cruel com a qual ela tratou Jessy e vem tratando Anna esses últimos dias.

Nátalie conseguiu um grupo para ela com três meninas super bonitas e agora estão perturbando a vida de Anna e de Jessy querendo ocupar o lugar que as duas assumiram desde que viraram amigas na escola. A popularidade de Anna está ficando por um fio graças a Nat. Eu já disse a ela que não havia necessidade de ela se preocupar tanto com isso, mas claro que ela não me escutou. Ela gosta de chamar atenção, gosta de ser o centro, talvez porque sempre foi assim. Ela não quer aceitar deixar sua fama escolar ser arruinada pela inimiga no seu último ano.

Estou na casa de Anna, mais especificamente no seu quarto. Ela está chorando. Confesso que não consigo entedê-la as vezes. Ela muda de humor de uma hora para outra certos momentos, mas é uma das coisas que me atrai nela.

Vou até o canto do quarto onde ela está sentada no chão, olhando para cima abraçando os joelhos.

- Você tem ideia do que ela fez? Ela sujou minha roupa. Passei boa parte do tempo servindo de palhaça para as pessoas sem saber. Depois ela simplesmente... QUE ÓDIO! - Ela grita. - Na frente de todo mundo. Como ela conseguiu fazer a cabeça dele em menos de um mês?

Nat beijou Sérgio na frente de todo mundo. Não foi um simples beijo. Parecia beijo de novela. As pessoas ficaram atrás de Anna tentando consolá-la, pois, todos acham que ela está sofrendo devido a separação. Eles se separam por ele ter beijado outra pessoa na frente de todos na festa na piscina. Anna não ficou tão brava por ser digna de pena de outras pessoas nesse momento. Mas ser digna de pena por causa da pessoa que está tentando assumir o seu lugar e tomando seu pseudo ex-namorado parece ser um problema enorme para ela.

- A gente tem que pensar em alguma coisa. Ela não pode sair por cima. Eu sou o centro. Eu sou melhor do quê ela. Eu quero. Eu posso. Eu consigo. - Ela enxuga as lágrimas e levanta. - Você precisa ir. Tenho que me arrumar pra essa festa da filha mimada da diretora. Vou buscar Jessy daqui a pouco.

- Vamos ficar só mais um pouquinho juntos. Cinco minutos. - Me aproximo dela e a beijo, empurrando-a na parede e pressionando nossos corpos. Aparentemente ela não resiste e corresponde.

Anna ainda é um pouco egoísta. Mas não a culpo. Isso foi resultado de sua criação. Ela mudou muito nos últimos tempos. Nunca mais maltratou ou humilhou qualquer pessoa naquela escola. Nem mesmo Nátalie, apesar de não lhe faltar vontade. Estou cada vez mais encantado com ela.

Sem parar de nos beijar, caminhamos até sua cama e logo estou por cima dela. Deixo sua boca e vou em direção ao seu pescoço. Ela ergue o corpo ao meu encontro, mas como sempre acha um motivo para interromper quando as coisas começam a avançar. Isso é outra coisa que tem acontecido constantemente.

- Jorge... por favor. É melhor... - Ela fecha os olhos e joga a cabeça para trás. Ofegando continua. - Sai de cima de mim. - E me empurra. Caio do lado esquerdo dela na cama e ela levanta imediatamente arrumando o cabelo e organizando a roupa. Só observo. Respirando fundo.

- Me desculpe. - Ela me olha, ainda estou deitado. - Mas se for pra continuar assim... fica cada vez mais difícil de conter as sensações... você tem que parar de vir aqui e passar muito tempo no meu quarto. A partir de amanhã vamos continuar o trabalho de geografia lá em baixo. Com a Celina por perto. - Ela coloca a mão na testa e expira.

- Tenho uma ideia mais simples. - A olho. - Você para de resistir e seguimos em frente.

- Você disse que respeitaria meu tempo.

- Eu não menti e não vou mudar o que eu disse. Mas se você quiser encurtar um pouco esse tempo, eu dou o maior apoio.

- Eu te amo, sabia? - Ela fala se aproximando e para no meio do caminho. Eu sento na beira da cama.

- Eu não mordo. - Falo porque ela parou a uma distância considerável de mim. - Só se você pedir. - Ela ri. Então vem até mim, senta em minha perna direita e me abraça. Logo a envolvo em meus braços também.

- Agora vai embora. Sai logo. - Ela fala fingindo ser durona.

- Calma. Já estou saindo. Você não vai me levar até a porta? Sou visita.- Roubo um selinho dela.

- Tchau, Jorge. - Ela fala meu nome lentamente e fecha a porta do quarto na minha cara. Começo a sorrir e saio.





-


Amores FurtadosOnde histórias criam vida. Descubra agora