Capítulo 17

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ANNA


Jorge foi embora. Graças a Deus. É uma tortura estar com ele e não ter coragem de me entregar. Mas não pretendo ficar adiando o inevitável por muito tempo.

Já tomei banho e agora estou colocando uma roupa bem bonita para ir ser garçonete da filha da diretora. Jessy e eu combinamos que eu seria a primeira a servir os pratos e depois revesaríamos. Eu prefiro ficar andando com uma bandeja pela casa do quê lavar louça e enxugar. Mas dividimos tudo em tempos certos. Como a diretora me livrou dos castigos, minha festa na piscina foi um sucesso. Felizmente Sérgio não insistiu quando eu disse para fazermos aquele teatro de separação de um casal que era feliz. Eu poderia simplesmente não ligar para a opinião dos outros e não fazer nada disso. Mas não consigo. Me incomoda.

Coloco uma saia curta jeans e uma blusa preta um pouco larga. Exagero na maquiagem e coloco minha bota preta de salto quinze que vai até o tornozelo. Me olho no espelho do meu closet e vejo que minha perna não está com uma aparência muito agradável. Tiro a saia e coloco uma calça preta. Bem melhor. Estou toda de preto. Tiro a blusa preta e coloco uma roxa com manga até o cotovelo. Agora sim. Penso em colocar um macacão, mas minha preguiça não deixa. Saio do closet antes que eu pense em mudar de roupa de novo. Arrumo meu cabelo e vou buscar Jessy. Na frente da casa dela buzino e ela aparece. Ela entra no carro.

- Você está tão produzida. Mas você tem que lembrar que não é convidada e sim a empregada.

- Se já vou ser ofuscada, não quero ser ofuscada e feia ao mesmo tempo. Pena que não posso te elogiar. - Olho para ela. Jessy está usando uma blusa cinza larga e uma calça jeans clara, com uma sapatilha branca. Seu cabelo está preso em um rabo de cavalo e ela não está usando maquiagem, exceto por um protetor labial de cereja.

- Minha mãe teve outra crise. Me xingou o dia todo. Eu sei que eu não deveria ligar, porque ela não é tão consciente do que diz, mas... você me entende. Não é a primeira vez que isso acontece. - Uma lágrima escapa de seu olho direto. - Obrigada de verdade por me acompanhar. Sei que não é fácil pra você.

- Estamos aqui pra isso. - Sorrio e olho para estrada. Ela também deixa escapar um sorriso. - Posso te pedir uma coisa?

- Claro. - Ela me olha e eu pego minha maleta de maquiagem na bolsa aberta do banco de trás. - Pelo menos um rímel e um lápis. - Quando me virei para fechar a bolsa meu carro se direcionou para a direita e um homem no carro que quase bato gritou buzinando ao mesmo tempo.

- Tinha que ser mulher no volante mesmo. Vê se aprende a dirigir. - Coloco a mão para fora e mando um cotoco.

Jessy estava se segurando firme no banco porque aumentei consideravelmente a velocidade.

- ANNA! Pelo amor de Deus. Presta atenção na direção.

- Descupe.- Falo envergonhada.

Chegamos à casa da diretora. São nove da noite. Está tudo arrumado para a tal festa e pelo visto vai ser do babado. Queria estar participando. Tem uma piscina, um bar e dentro uma parte para a balada com jogos de luz. Ainda não vi a filha dela. Mas provavelmente não a conheço. Tanto faz.

- Vocês vieram mesmo. - Senhorita Lúcia fala. - Por aqui. - Ela nos guia para a cozinha. - Os convidados irão chegar por volta das dez da noite. Fiquem atentas. Ali tem um avental para as duas. Boa sorte. Vão precisar.

- Senhorita Lúcia! - A chamo. Ela vira para mim. - Como sua filha se chama?

- Se preucupe em servir os convidados. Você verá minha filha em breve. - Ela fala e sai.

Amores FurtadosOnde histórias criam vida. Descubra agora