Cotidiano Libertador

Sem vida

 Virei na esquina J.K com a Oliveira. Lembro que estava com pressa, não sei o por que, mas tinha que ir rápido,sabia disso. Senti o frio bater na minha espinha, como uma mão que lhe puxa. Meu coração doía, lembro disto também, mas não sei o porquê daquela dor ou sentido que isto tinha. Apenas sentia. Talvez fosse melhor nunca ter sentido, ou melhor, nunca ter vivido aquilo. 

Porque quer saber o que é pior do que amar, é não saber fazê-lo, pode ser até piegas, e na verdade é. Mas é pura e simples verdade. Não vou falar a história, esta que me machucou, e me dilacerou de dentro pra fora. E se nesse momento, digo que estou sem vida, não é porque sou idiota, talvez seja, mas porque não sinto mais o que deveria sentir e me assusto com isso. Deveria sentir, mas não sinto e ai? Choro, multiplico a dor, grito, me calo, vivo e abraço as pessoas? Não e não, tudo é piegas demais é doloroso demais, chore e prove a eles como é fraco. Multiplique sua dor e traga o passado pra perto do seu peito, se desligue do resto, mas o mundo ele chora com você ou sente a dor por você? Nenhuma das duas, ele ri de você e percebe o quão fraco é,então faço um favor a mim mesmo, e engulo meu choro, meu orgulho,  meu amor pelo rosto teu, e simplesmente me desligo do teus pretextos. 

Espero meu cotidiano, se torna encantador, ou apenas encantado, porque dor já faz de mim o que sou, e ah meu bem não existe mais esse amor. Esse que você tanto sonhou, veja as coisas a sua volta e perceba o quanto mudou. Não pare de sentir como eu parei, não desgoste do seu cotidiano, como eu fiz. Não tente me entender, sou um completo desespero de atitude. Me espere e talvez eu te encontre me mude e me parta de vez, me reconforte e não me ame. Guarde seu amor pra quem merece, seu amor não salva almas já machucadas, sinto muito lhe dizer, mas é a verdade.  

E se minha liberdade, algumas vezes tiver cadeados, eu os quebro, esmago como já fizeram algumas vezes, mas quer saber o que eu irei fazer de diferente. A liberdade que grita dentro de mim, é a mesma que percorre as entranhas desse sistema. Se temos ela eu não sei, só sei que a sinto dentro de mim esperando apenas que ela saía e me abra assim sem nada de especial, só libertador. Viu de novo a dor.

Acho que é isso que faz com que meu cotidiano seja libertador, dá mesma forma que ele me aprisionou ele me salvou, e quer saber no fim acho que foi de mim mesmo. Me deparo com meus delírios e quer saber nunca sei o que fazer. A única coisa que sei, é que não irei chorar.