SYLVIUS B. BLACK
RORAIMA, RORAIMA
UMA AVENTURA NA SELVA AMAZÔNICA
SYLVIUS B. BLACK
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CAPITULO UM
PREPARATIVOS PARA A EXPEDIÇÃO
Aurélio, naquele dia estava alvoroçado, pois acabara de chegar da cidade e tinha passado em uma banca de jornal e comprado a Folha, para saber do resultado do concurso do BNDES, que daria ao vencedor, dinheiro e condições de refazer alguns dos percursos feitos há 300 anos pelos Bandeirantes, e ao mesmo tempo, trazer as aventuras para o país, que depois de ficar moderno, ficara obsoleto e sem vida. Era uma maneira que os intelectuais do governo acharam para incentivar o povo a conhecer melhor seu próprio país. Só que naquele momento, Aurélio só queria mesmo era ter um carro que não fosse preciso usar chave ou trocar de marcha, ou melhor, colocar a primeira marcha, pois na ânsia de chegar logo em casa e descobrir um sim ou não, estava tão atarantado, que ele não conseguia fazer o mais simples, colocar a chave na ignição e engatar a primeira
marcha e sair... O pior era que seu carro estava zerinho!! Mas depois de algumas tentativas frustrantes e até hilariantes, como tentar colocar a marcha sem pisar na embreagem, que quase estourou com o cambio, ou ao invés de colocar a primeira marcha, ter engatado a ré e quase atropelar um transeunte que passava em seu skate, usando o carro como baliza e o pior, achar que o carro era automático e ficar aguardando ele sair sozinho... Coisas de louco!
---Essas revistas de carros me deixam louco!Pensou Aurélio em voz alta,quando finalmente conseguiu realizar a seqüência simples e por o carro em movimento. E foi com uma mistura de alegria, com calafrios de ansiedade, que Aurélio viu seu nome e de seus outros três amigos no topo do concurso... Eles haviam ganhado. E agora ele poderia refazer o mesmo caminho do fundador de sua família,e de certa forma, ele agora SYLVIUS B. BLACK Página 3
seria também ,um Bandeirante!A primeira coisa que Aurélio fez foi ir contar a sua esposa e ela como sempre ficara entusiasmada com mais uma aventura do marido, que mesmo aos 55 anos, não parava de arrumar algum jeito de bancar o menino mais uma vez!E depois, Aurélio pegou o telefone e avisou Camilo, Juliano e Eliseu, seus companheiros nessa empreitada, e marcou um encontro para dali uma hora, no ginásio de esportes do recém inaugurado clube, que ficava quase ao lado de suas casas. Depois de se encontrarem, e muito confabularem, decidiram ir ao Estado de Roraima,já que Aurélio quando era criança,ouvira de um parente histórias fantásticas, lendas antigas, mitologias e que uma grande cidade havia existido por ali nos pés do Monte Roraima(Ele preferiu não conta-lhes ainda a história dos antepassados),...então estava decidido,iriam para esse “paraíso quase intocado”,e brasileiro! ---Agora,vocês de certa forma tem pelo menos uma idéia básica do que isso significa...estou certo?Perguntou Aurélio ---O que significa irmos para Roraima? ---Sim?!Disseram todos, fingindo ter entendido a pergunta inesperada. ---Quanto ao que nos espera?Aurélio tentou mais uma vez. ---Sim?!---Não!?Não sabemos. Disseram por fim.
Aurélio respirou fundo e então explicou; ---Nós já participamos de inúmeras aventuras juntos, mas essa é de longe a mais desconhecida e prosaica de todas, pois nós vamos enfrentar uma floresta fechada e quase virgem, quase inalterada, vamos pisar em solo totalmente diferente de um pico do Jaraguá ou mesmo de algum dos parques aqui de São Paulo, vocês agora estão me entendendo?Quiçá me acompanhando? Mas nada ainda, todos pareciam ter acabado de acordar, pois olhavam de um para outro e para Aurélio, com cara de tupinambá-que-acabou-de acordar! ---Muito bem, vou ser mais claro então... nós iremos de certa forma, conhecer os mistérios da natureza e seus limites... ---Estaremos pisando em solo sagrado?É isso que você esta querendo nos dizer?Perguntou Camilo, já menos apalermado. ---Isso!Ou pelo menos quase isso!O que eu estou querendo dizer, é que muitas das coisas que só conhecemos pelos livros ou pela televisão, serão para nós reais, e que teremos que estar preparados, pois a todo o momento, poderemos nos deparar com alguma coisa que para nós e totalmente fora de nosso cotidiano. ---Eu não acredito!Disse Eliseu.Você esta falando dos seres de nosso folclore?Saci-Pererê?Cuca? SYLVIUS B. BLACK Página 5