Engravatados Estúpidos

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I

O que será que ele pensa? Durante aquelas maçantes reuniões de engravatados discursando tolices, à fim de decidir futuros alheios? Me pergunto o que houve com o tão falado nessas reuniões, e, me pergunto porque, algo tão citado, não é exercido? O que os leva a citar tão frequentemente nessas reuniões o famoso 'livre-arbítrio', se ele não praticam; porque vivem dizendo-o, sendo que quem decide cada passo das vidas das verdadeiras vítimas são eles? Sim, caros companheiros, minha vida daqui em diante será tomada por 'porquês'. E, a cada momento penso mais e mais, questiono-me mais e mais, à respeito dele: o juiz.
Raychul falava comigo nestes momentos; eram os em que mais prazer sentia, era onde minha mente caía em Beta*, e me desligava de tudo que aborrecia-me, tudo o que aqueles engravatados, advogados diziam. Tudo aborrecia-me. Já foram cerca de duas semanas que eu estava naquela reunião. A cada dia me levantando as forças, sendo humilhado e forçado a fazer coisas, a comer coisas... a unica coisa que eu tinha de 'livre', era meu pensamento. O corpo já machucado de pancadas dos policiais que me vigiavam; eu já estava enlouquecendo, com medo de que até em meus sonhos interfericem. Raychul me mantia vivo, sabendo que o mundo não poderia perder-me, que eu me sacrifiria para que, todos tivessem a honra de receber meus textos. (Com certeza mudariam o mundo) Faltando três dias para ser sentenciado, observei com mais atenção, analizei mais, todos presentes no tribunal.
Em uma de nossas conversas Raychul encorajou-me e me levantei:
-Com licença meritíssimo.
-Prossiga... - O juiz perifericamente olhou-me, sem mover-se, apenas gesticulando para que o advogado de acusação pausasse, à fim de ouvir-me.
-Quer saber meritíssimo? Durante essas duas semanas de tribunal, você não olhou nos meus olhos ou nos olhos de meu advogado uma sequer vez... - eu disse - É obvio, que não está em busca de justiça...
-Senhor recomendo que sente-se, e guarde seus pensamentos para você. - Interrompeu-me o juiz.
-Meritíssimo, ao menos uma vez, escute-me! Quero sair daqui tanto quanto qualquer um, ter o conforto da rotina familiar como qualquer um presente! Escute-me meritíssimo...
Pensativo, prosseguiu:
-Permissão concedida.
Sem expressões, continuei meu discurso:
-Portanto, não faz sentido apelar por uma sentença menor, não me importa o que você faça, porque não está nos respeitando. Isto não é um julgamento!
O salão calou-se, por aluns segundos nao disse nada, e então continuei:
-No que diz respeito à mim, nenhuma justiça está sendo feita.
Olhei para o juiz, que com uma expressão de tédio nada disse.
-E você continua não olhando nos meus olhos... então faça o que tiver que fazer, me condene o tempo que quiser, porque não estou em suas mãos, estou nas mãos de Deus.
Você poderia cortar a tensão do tribunal e jogá-la para a área de acusação. O meu discurso, mudou os rumos do tribunal.

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Beta : estado cerebral recebente de menores ondas neurais que Alfa, os estado 'acordado'.

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⏰ Última atualização: May 25, 2016 ⏰

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