O Amor de Cristo Demonstrado ao Morrer por Pecadores, por Jonathan Edwards
[Excerto do Sermão Agonia de Cristo, por Jonathan Edwards]
“E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o Seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue que corriam até ao chão.” (Lucas 22:44)
O sofrimento que Cristo, então, esteve realmente sujeito, foi terrível e assombroso, como foi demonstrado; e quão maravilhoso foi o Seu amor, que ainda permaneceu e foi confirmado! O amor de qualquer mero homem ou anjo sem dúvida teria afundado sob tal peso, e nunca teria sofrido um conflito em um suor tão sangrento como o de Jesus Cristo. A angústia da alma de Cristo naquele momento foi tão forte a ponto de causar esse efeito maravilhoso em Seu corpo. Mas o Seu amor aos Seus inimigos, miseráveis e indignos como eram, foi ainda mais forte. O coração de Cristo, nesse momento estava cheio de angústia, todavia era mais cheio de amor por vermes desprezíveis: Suas tristezas abundavam, mas o Seu amor superabundou. A alma de Cristo foi esmagada com um dilúvio de sofrimento, mas isto ocorreu a partir de um dilúvio de amor por pecadores em Seu coração, suficiente para transbordar o mundo, e sobrepujar as mais altas montanhas de seus pecados. Aquelas grandes gotas de sangue que corriam ao chão foram uma manifestação de um oceano de amor no coração de Cristo.
A força do amor de Cristo, mais especialmente evidencia-se no fato de que, quando Ele teve uma visão tão plena do horror do cálice que estava para beber, que tanto O assombrou, Ele, não obstante, mesmo assim, toma-o e bebe-o. Então, parece ter sido a maior e mais peculiar verificação da força do amor de Cristo, quando Deus coloca a porção amarga diante dEle, e o deixa ver o que Ele tinha que beber, se persistisse em Seu amor pelos pecadores; e trouxe-O para a boca da fornalha para que Ele pudesse ver a Sua ferocidade, e ter uma plena visão da mesma, e teve tempo, então, para considerar se Ele entraria e sofreria as chamas desta fornalha por tais criaturas indignas, ou não. Isso foi com a última consideração do que Cristo faria; como se então, fosse dito a Ele: “Aqui está o cálice que Você deve beber, a menos que Você desista de Seu compromisso pelos pecadores, e mesmo deixe-os perecer como eles merecem. Você tomará este cálice, e o beberá por eles, ou não? Há uma fornalha na qual Você está prestes a ser lançado, para que eles possam ser salvos; ou eles devem perecer, ou Você tem que suportar isso por eles. Ali Você vê quão terrível é o calor do forno; Você vê qual a dor e angústia que Você deve suportar no dia seguinte, a menos que Você desista da causa dos pecadores. O que Você fará? É tanto o Seu amor que Você prosseguirá? Você lançar-se-á nesta terrível fornalha de ira?”. A alma de Cristo foi esmagada com o pensamento; Sua frágil natureza humana afundou diante da triste visão. Isto O colocou nessa terrível agonia que ouviste descrita; mas Seu amor pelos pecadores resistiu. Cristo não passaria por esses sofrimentos desnecessariamente, se os pecadores pudessem ser salvos sem eles. Se não houvesse uma necessidade absoluta de Seu sofrê-los para a salvação deles, Ele desejaria que o cálice passasse dEle. Mas, se os pecadores, em quem Ele havia fixado o Seu amor, não pudessem, de acordo com a vontade de Deus, ser salvos sem que Ele o bebesse, Ele escolheu que a vontade de Deus fosse feita. Ele optou por seguir em frente e suportar o sofrimento, terrível como apareceu para Ele. E esta foi a Sua conclusão final, após o conflito sombrio de Sua pobre e fraca natureza humana, depois de ter tido o cálice em vista, e, por no mínimo o espaço de uma hora, já tinha visto o quão incrível isto era. Ainda assim, Ele finalmente decidiu que Ele suportaria, ao invés que aqueles pobres pecadores que Ele havia amado por toda a eternidade perecessem.
Quando o cálice terrível estava diante dEle, Ele não disse em Seu interior: “Por que Eu, que sou tão grandiosa e gloriosa Pessoa, infinitamente mais honrado do que todos os anjos do Céu, por que Eu mergulharia em tão terríveis, incríveis tormentos por vermes inúteis miseráveis que não podem ser proveitosos a Deus, ou a mim, e que merecem ser odiados por mim, e não ser amados? Por que Eu, que tenho vivido desde toda a eternidade no gozo do amor do Pai, lançar-Me-ei em tal fornalha por aqueles que nunca podem me recompensar por isso? Por que Eu deveria me render a ser, assim, esmagado pelo peso da Ira Divina, por aqueles que não têm amor por mim, e são meus inimigos? Eles não merecem qualquer união coMigo, e nunca fizeram e nunca farão, qualquer coisa para recomendarem-se a Mim. Em que serei mais rico por salvar um número de inimigos miseráveis de Deus e Meus, que merecem ter a Justiça Divina glorificada em Sua destruição?”. Tal, porém, não era a linguagem do coração de Cristo, nestas circunstâncias; mas, pelo contrário, o Seu amor permaneceu firme, e Ele resolveu, mesmo assim, em meio à Sua agonia, entregar a Si mesmo à vontade de Deus, e tomar o cálice e o beber. Ele não fugiria para sair do caminho de Judas e daqueles que estavam com ele, mas Ele sabia que eles estavam vindo, mas na mesma hora entregou-Se voluntariamente em Suas mãos.
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O Amor de Cristo Demonstrado ao Morrer por Pecadores, por Jonathan Edwards
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