Someone Like She

- Capítulo 3 -

Holly não havia tido uma ideia naquele dia quando chegou em casa, nem no dia seguinte, nem no dia depois desse e quase sem que percebesse a semana se passou e ela estava entrando em um caos interior  que chegava a ser cômico para quem visse de fora. Mas não é nada engraçado quando é você que tem seu sonho caindo de paraquedas bem em suas mãos e no segundo seguinte o vê escapulindo por entre seus dedos. Era frustrante e sem sentido nenhum o que o destino estava aprontado com ela.

Qual é? Por que este castigo, senhor ser superior?

Ela sempre fora uma boa garota, ajudando a mãe na rotina de casa ou seu pai como garçonete em seu restaurante. Tudo bem aquelas eram as únicas coisas angelicais que poderiam ser consideradas feitas por Holly em seu dia a dia, mas deveria contar alguma coisa. Sendo como fosse, com castigo do destino ou uma piada sem humor da vida, ela conseguiria seu par ideal, nem que precisasse pagar por um.

Por isso, quando a sexta feira apontou com um céu ensolarado e os raios de sol entrando pela sua janela aberta Holly acordou com uma determinação quase que assustadora. Tomou um banho gelado a fim de acordar e vestiu a primeira roupa que viu pela frente logo em seguida pegando as chaves de seu amado carrinho que havia, finalmente, saído do concerto na noite anterior, mal pode acreditar quando sua mãe lhe entregou as chaves, quase pulou em cima dela de tão feliz que estava. Lembrou-se de nunca mais emprestar o carro para seu irmão, ele podia ser grade e ter hormônios demais para um menino de 14 anos, mas definitivamente ainda tinha 14 anos e não sabia dirigir. 

Não sentou na mesa para tomar seu café, se ateve a pegar uma fruta qualquer enquanto ouvia os protestos de seu pai quando saia pela porta sem sentar-se a mesa como uma família feliz para tomar café da manha igual aqueles comerciais de margarina, hoje não tinha tempo pra essas coisas, ela tinha mais o que fazer, ou seja, sua euforia por um plano era tão grande que não via a hora de buscar logo Thea para ter mais uma mente pensando a com a sua.

O caminho tão conhecido por ela enquanto passava pelas ruas de Chelsea até a casa de sua melhor amiga pareceu menor quando seus pensamentos estavam voltados para a ideia que começava a brotar em sua cabeça, ela simplesmente precisava saber quais meninos sabiam dançar e como segundo passo convencer o garoto a ser sua dupla na competição. Competição bem irracional, afinal porque diabos em dupla? E pior porque em duplas mistas? Quem tinha sido o imbecil que achara que aquilo seria uma boa ideia? Porque esse machismo todo? Mulheres não são boas o suficiente sozinhas, nem mesmo dançando? Aquilo a estressava.

- Bom dia, docinho – A voz melódica de Thea preencheu seus ouvidos enquanto a mesma entrava no carro alguns segundos depois de Holly ter estacionado em frente ao prédio da amiga.

- Bom dia, Theads – falou e sem nem ao menos perceber a inquietude da amiga prosseguiu sua fala – Eu preciso saber quais meninos da Westvill sabem dançar para depois ir atrás deles e encontrando meu par, nem que eu precise usar o suborno. Eu sei que isso era o óbvio, mas queria muito sua ajuda pra saber... 

- Acho que sei como podemos descobrir isso – falou Thea com um sorriso triunfante no rosto interrompendo a  fala da amiga. A feição de dona da razão surgiu em seu rosto com uma serenidade assustadora que não combinava com seu jeito atropelado de ser. Holly parou o carro no sinal e encarou a amiga com expectativa, enquanto a mesma sorria presunçosamente para ela.

- Então Einstein, qual sua ideia? – Falou já perdendo a paciência com a falta de palavras de Thea.

- Uma festa – Falou um segundo antes que o sinal abrisse e Holly se xingou por ter sido tão burra a ponto de não pensar nisso antes e voltou a dar partida em seu carro – Digo, não uma festa qualquer, uma festa onde de algum modo todos vão ser obrigados a dançar.