Parte 27

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Alguns meses se passaram e lá estava eu no convívio com meus avós. Eles já tinham chegado da viagem. 

Os dia eram tristes e irritantes, só a viam brigas e xingamentos.

E o pior não foi nem isso, era o que vinha a seguir.

Sabe não tenho dúvida e nunca tive sobre meu sexo ou meus gostos. Mesmo sabendo que meu primeiro beijo tenha sido com uma mulher e está sendo minha prima, não significa que eu goste de uma até porque não foi de livre e espontânea vontade, foi a base de torturas.

Confesso que depois de tudo que vivenciei na infância, me fechei para esse tipo de instinto, claro que namorei um pouco, porém nunca passou de celinhos e de vez em quando um beijo de verdade e todos eles de sexo oposto ao meu, quando um garoto queria algo sério, um namoro formal, eu simplesmente saía vazada, eles nunca entendiam, também nunca contei a verdade, que tinha medo dos homens, eles nunca iria compreender.

Não é porque na infância fui abusada psicologicamente, que sairia distribuindo o meu corpo para qualquer um.

Abuso sexual não é só quando ocorre o estupro físico em sim, mas quando uma criança é exposta, forçada ou até mesmo torturada para satisfazer os desejos de um adulto, mesmo que estas satisfações sejam apenas toques.

Tinha em mente que pelo menos isso,  minha pureza ou virgindade, já que era a única coisa que tinha me restado intacta, deixaria para o homem dos meus sonhos quando ele iria aparece não sei, só sei que seria para ele. Aquele que não iria forçar nada, seria paciente, respeitoso e quisesse casar comigo com todo os meus defeitos.

Por fim, um belo dia pego minha querida e amada vó falando de mim para a vizinha.

Grande foi meu espanto quando escutei ela dizer que eu era "sapatôna" e meu "macho" era minha amiga Paty.

Sério foi a gota d'água, não tenho preconceitos e tal, tenho minhas próprias convicções e conceitos, isso não vem ao caso.

O que me deixava triste é que ela sempre estava procurando algo para me magoar.

Passaram mais alguns dias, não foram meses, lá estava ela dizendo para minha tia que eu iria virar "mulher da vida" e ter uma "renca" de filhos.

Será que vocês podem me entender?
Minhas tristezas e rancores?

Gente eu só tinha dezessete anos e era uma garota totalmente dependente da mãe, nunca fui descola ou popular.
Sempre fui a olivia palito da classe, o mosquito da dengue, olho de bode, a voz de sirene de fina e irritante.  Não vou mentir que isso foi bem na infância, o tempo fez seu papel moldou algumas coisas.

Sabe ter uma infância reprimida em casa e de bullying na escola e quando chega a adolescência passar por tudo isso, sei não, mas é de ficar doente.

Minha sanidade andava por um fio.

Então tudo que eu sempre fiz na infancia para mim distrair, continuei fazendo, que era ir para a igreja de Damon com minhas amigas. Com elas eu era aparentemente feliz.

E foi no na virada daquele ano que conheci o amor da minha vida, a salvação da minha alma, a ressurreição dos meus sentimentos.

Eu só não descobrir naquele exato dia.

Um eu antes de mim.[Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora