Capítulo 17

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Havia dado um jeito de falar com Valentina, então comprei um ursinho e um celular novo para ela, o coloquei dentro do urso de pelúcia e joguei na sua sacada. E foi assim que conseguimos nos comunicar todas as noites, às vezes eu passava na livraria para saber como ela estava, acabávamos dando uns amaços no depósito, mas fazia tempo que não conseguíamos ficar completamente a sós.

Eu havia voltado ao trabalho, já conseguia andar sem as muletas, mas ainda era um pouco difícil caminhar com a bota ortopédica. Tio Raphael tentava aproximar-se algumas vezes, mas falávamos apenas o básico e o que tivesse haver com o trabalho, Papai ficava apenas observando de longe. Mesmo contra a sua vontade eu viajei a trabalho, agora estava na Inglaterra, inclusive vovó exigiu que eu ficasse hospedada na casa dela e assim o fiz, já que o trabalho que iria fazer era tudo muito perto de sua casa.

- Posso fazer companhia? - Perguntou aproximando-se, eu estava sentada no jardim fumando.

- Claro, não devia nem perguntar. - Sorri dando espaço para que sentasse.

- Seu semblante está abatido, como anda aquele problema com os pais de Valentina?

- Um saco, acredita que eu comprei um celular novo pra ela porque a mãe dela arrebentou o que ela tinha? - Disse soltando a fumaça aos poucos.

- Acredito, pela cena que ela fez na sua casa eu acredito.

- Juro que não sei o que fazer, já pensou se Valentina resolve namorar novamente um cara só por vontade dos pais? - Revirei os olhos.

- Se ela gosta mesmo de você isso não irá acontecer, pare de colocar essas coisas na sua cabeça, você mesma vai acabar a afastando de você. Está enchendo sua cabeça com coisas que não tem a possibilidade de acontecer, aproveite esse tempo aqui para pensar, colocar tudo no lugar.

- É o que vou fazer, mas eu queria mesmo que... - Quando ia terminar a frase fui interrompida pelo som do celular.

- Vou deixar você a vontade, estarei lá dentro. - Vovó se retirou rapidamente como se já soubesse de quem se tratava.

A voz de Valentina soava como música aos meus ouvidos, adorava poder ouví-la antes de dormir, eu estava planejando voltar antes do combinado para fazer uma surpresa a ela na livraria, já que o trabalho seria rápido. Precisava apenas tirar algumas fotos dos lugares mais exóticos da Inglaterra, nem precisei trazer equipe para isso, saberia me virar sozinha.

- Preciso te apresentar um amigo, nos conhecemos na livraria, ele é louco por livros, você vai gostar dele. - Comentou demonstrando estar animada.

- Amigo? - Indaguei meio seca.

- É, ele é muito palhaço, quando você voltar quero que o conheça. - Ela parou uns instantes. - Está tudo bem?

- Sim...

- Ficou quieta de repente.

- Estou com um pouco de dor de cabeça. - Menti. - Amanhã será um dia cheio e é melhor eu descansar, te ligo assim que der.

- Ôh, está bem, toma algum remédio para dormir bem.

- Pode deixar, boa noite!

- Boa noite! - Pude ouví-la suspirar.- Sophi's...

- Sim?

- Eu te amo! - Disse quase num sussurro.

- Eu também... Te amo. - Respondi desligando em seguida.

Devo admitir que fiquei com um pouco de ciúmes ao ouvir Valentina dizer que havia um novo amigo, pode ser bobagem minha, mas depois de Kenai eu fiquei meio encabulada com essa idéia de homens tentar aproximar-se dela. Passei a noite namorando a lua, que por sinal estava bem cheia, queria poder estar desfrutando dessa maravilha da natureza ao lado de Valentina. Precisava arrumar um jeito de resolver tudo a nosso respeito ou morreria com essa falta dela.

A Carne é Fraca (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora