Capítulo - 19

767 54 0
                                    


***

De manhã a enfermeira me trás o café da manhã e os remédios que eu devo tomar, ela também me fala sobre meus horários. Eu farei terapia em grupo e depois sozinho com o Psiquiatra.
Depois do café da manhã passo boa parte da manhã no jardim, ha flores lindas ali. Fico me perguntando se algum dia eu terei a oportunidade de dar flores para Emma, mas logo deduzo que nunca mais a verei. Sou retirado de meus pensamentos por alguém impertinente.

- Oi, eu me chama Samanta, qual é o seu nome ?
- Oi, eu me chamo James.
- Hum, você é novo aqui né?!
- Sou sim.
- Que bom, acho que finalmente terei uma companhia.
- Eu não estou louco se é o que pensa.
- Eu não pensei nada, sei que você não é louco, te observei desde o momento em que chegou.
- Eu não te vi.
- Eu sei, quase ninguém me vê. Já estou aqui a tanto tempo que acho que meio que me tornei parte do hospital.
- Sinto muito.
- Não sinta, eu sairei logo, logo daqui.
- Mas o que você fez para te colocarem aqui?
- Matei algumas pessoas, e você ?
- Fiz a pior burrada da minha vida, mas se você matou pessoas não tinha que estar na cadeia?
- Eu tenho distúrbio de personalidade, meu pai achou melhor me internar aqui.
- Eu já tinha ouvido falar, tem cura ?
- Tem, mas eu gosto de ser assim.
- Por que ?
- Porque assim eu me divirto mais.
- Entendo.
- Mas eu quero saber o real motivo de você estar aqui.
- Nos conhecemos agora e eu tenho dificuldade em confiar nas pessoas.
- Entendo, por isso vou ser sua amiga.
- Você diz isso com tanta convicção, você é vidente ou algo assim?
- Não, eu apenas deduzi que você não iria querer nada além de uma amizade comigo, você é bonito, gostoso também, mas nos seus olhos eu posso ver que tudo isso já tem dona.
- É.

Abaixo a cabeça triste com o que acabei de lembrar, ela puxa meu queixo e diz.

- Não esquenta não, estarei sempre aqui pra te ajudar.

Como uma garota com distúrbio de personalidade pode me ajudar? Ela mal entende o que se passa dentro dela mesma. Acho que eu que acabarei ajudando ela, eu não gosto dela me fazendo perguntas e acho que não seremos amigos, mas ela tem fé em mim. Por que será que ela me escolheu pra ser seu amigo?
O dia passa voando e logo chega a hora da terapia em grupo, entro na sala e Samanta está lá me encarando esperando eu escolher um lugar para me sentar, escolho uma cadeira bem longe dela e me sento, quando olho para ela vejo seu sorriso. Por que ela está sorrindo? Ela realmente é intrigante e irritante.
A terapia começa e todos temos que falar sobre o que pensamos e como vemos nossas vidas. No começo nem prestei atenção no que eles falavam mas quando chega a hora de Samanta falar eu a observo.

- Quando eu tinha 7 anos eu fui abusada pelo meu tio e desde então eu crie uma outra personalidade. Quando estou com raiva ou magoada ela aparece, eu me dou bem com ela, nós até conversamos. Ela não se arrepende das coisas que fez e nem eu. Me sinto viva.

Ela termina e me olha, o que ela está tramando? O médico se dirige a mim e pede para que eu fale sobre meu problema. Começo sem jeito.

- Meu nome é James e estou aqui porque minha mãe achou que eu preciso de ajuda.

O médico me interrompe com uma pergunta.

- E você precisa de ajuda?
- Eu diria que não, eu tenho um trabalho, amigos, um irmão bem legal. Não tenho problemas mentais e nem sentimentais, sou uma pessoa comum.
- Se você é uma pessoa comum você tem que ter problemas. Se você não tem problemas é porque está negando isso pra si mesmo e é aí que está o problema. Você esconde a sua verdadeira personalidade, todos estão se abrindo, por que você não nos diz quem você realmente é?
- Porque eu não sei quem sou.
- Entendo, bom a sessão de hoje está encerrada, boa noite a todos.

O que eu acabei de fazer? Eu admiti ter um problema. Que viagem! Sou abordado por Samanta que está no meio do meu caminho até meu quarto.

- Então é esse seu segredo? Você não sabe qual é o seu problema.
- Talvez seja.
- Eu acredito que você saiba mas está apenas negando.
- Talvez.
- Eu gosto de você, você me deixa excitada.

Fico sem resposta diante a sua exclamação. Que diabos essa louca quer comigo?

- Com licença, preciso dormir, estou cansado.
- Toda.

Ela sai do meu caminho cantarolando, estou perplexo demais para fazer qualquer objecção.

***

O Psicopata e a Suicida (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora