Capítulo 18

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JORGE

Anna pediu para eu não ir à festa de Nat. Mas preciso falar com ela, e não posso mais adiar. Preciso tentar fazer ela voltar a ser a Nátalie de antes, por quem eu era apaixonado. Ela não é esse monstro que aparenta. Até agora não sei porque ela está agindo tão friamente.

Pego o carro do meu pai e dirijo até a casa dela. Quando chego lá, a maioria das pessoas estão na parte da piscina. Então me aproximo e a vejo. Ela está usando um vestido lindo e fica muito bonito nela também. Está fantástica. Chego mais perto para chamá-la para um lugar mais reservado, mas Sérgio chega primeiro. Ele cochicha alguma coisa no ouvido dela e ela fica absurdamente irritada antes mesmo dele afastar a boca de sua orelha.

- Como você... - Ela começa a olhar agitada em várias direções. - Tudo bem, mas fica de bico calado.

- Você está incrível. - Sérgio fala rindo ironicamente. O que não entendo, pois ela está realmente incrível.

Quando ele sai, chego até ela.

- Oi. - Falo um tanto desajeitado.

- Você veio. - Ela sorri. - É uma pena. Você perdeu a melhor parte da festa.

- O quê eu perdi?

- Sua namorada servindo aos meus convidados. E amiguinha dela também. - Arregalo os olhos.

- Anna está aqui?- Pergunto.

- Está. Agora como uma das convidadas graças a um dos capachos dela que acabou de me chantagear. Mas fazer o que, né? - Ela ri um pouco alto. - A gente não pode ganhar todas.

- Espera...- Começo a raciocinar. - Se Anna e Jessy vieram trabalhar aqui, então você... - Levanto a cabeça e olho para ela. - É a filha da diretora.

- Qual é o problema? - Fala ela. - Não tenho culpa de ter nascido. Idiota!

- Você está bêbada?

- Não é da sua conta. Vai embora daqui. Não é mais bem vindo. - Ela levanta da poltrona a qual estava sentada e desequilibra. Rapidamente a seguro.

- Me leva pro meu quarto. Não consigo sozinha.

- Só se você prometer me ouvir.

- Eu prometo o que você quiser. - Ela se apoia em mim e vou levando- a até seu quarto.

O segundo andar da casa está vazio. Além de estar bem mais silêncio que lá em baixo. Abro a porta que ela indica e entramos.

Quando a ajeito na cama, ela me puxa pela camisa e tenta me beijar. Viro o rosto a tempo de escapar.

- Quando vocês sumiram juntos por dias naquela vez, o que aconteceu de verdade? Você nunca me contou.

- Você não acreditaria. - Falo, e ela dá uma risada triste.

- Eu gostava de você. De verdade. - Uma lágrima escapa dos olhos dela. Não sei o que dizer.

- Eu sinto muito, Nat. - Pego a mão dela. - Você é a prova viva de que essas coisas a gente não controla. Não escolhi me apaixonar por Anna. Simplesmente aconteceu. Seria muito mais fácil pra mim gostar de você.

- Para de falar que ama ela. Me machuca. Me irrita. - Ela ergue a cabeça. - Antes de você ir embora e não falar mais comigo, me concede um último pedido?

- Claro. - Falo. - Eu ainda acredito que você possa mudar.

- Me beija. - Ela olha dentro dos meus olhos.

- Desculpe, mas isso não posso...

- É pra encerrar a situação. Fica comigo aqui essa noite e nunca mais implico com vocês. Volto a ser como antes. Só quero que me dê um beijo e um momento digno de uma despedida.

- Nat... - Gaguejo. Não posso fazer isso. Nunca conseguiria olhar para Anna de novo sem me sentir culpado. Mas se ela voltar a ser como antes... tudo vai voltar ao normal. - Eu não sei o que fazer.

Nátalie depois de olhar seu celular e digitar alguma coisa, vem em minha direção pegando em minha nuca. "É só por um momento, depois não precisarei me preucupar com ela". Repito a mim mesmo. Afinal, não é tão ruim assim. Retribuo o beijo. O lado ruim disso, é que eu estou gostando. Não era pra isso acontecer. Eu amo Anna. Fecho os olhos e imagino que no lugar de Nátalie, estou beijando Anna. Tudo desaba em meu mundo quando escuto a voz dela. Como ela está aqui. Será que...

- Parabéns, Nátalie. - Anna fala da porta do quarto. Saio de cima de Nátalie, me levantando e indo até Anna.

- Anna, por favor, eu posso explicar tudo. - Pego em seu braço.

- Não encosta em mim! - Ela fala chorando. - Nunca mais me procura.

- Anna! - Olho para Nátalie desacreditado. Ela só pode ter armado isso tudo. Quando vejo que ela está sorrindo, vou atrás de Anna, e a encontro na escada. Antes de descer, ela olha pra trás de mim, por cima do meu ombro. Ainda está chorando.

- Você conseguiu o que queria. Agora me deixa em paz. Vocês dois se merecem. - Ela fala. Percebo que Nátalie está atrás de mim.

- É. Posso dizer que consegui. - Nátalie fala. - E me sinto muito bem com isso.

- Você mentiu para mim. - Digo virando para Nat. - Eu achei que... por favor, Anna. Deixa eu explicar. Ela disse que não ia mais mexer com você caso eu...

- Cala a boca! Não quero que você explique nada. Só me deixa ir embora.

- Não! Eu levo você em casa. Você sabe que não sou assim. Sabe que não faria nada para magoar você. Eu te amo. - Falo deixando cair uma lágrima.

- Eu achava que você não era assim. Mas nada vai mudar o que eu vi. Você estava tão envolvido com ela. Parecia do mesmo jeito que você agia comi...- Ela põe a mão na boca tentando conter o choro.

- Eu não sei o que fazer. Por favor. Confia em mim. Eu estava vendo você, não ela.

- Talvez seja melhor parar por aqui. Essa história, de nós dois, só me machuca. Sempre que acho que está tudo perfeito, percebo que é só ilusão. - Ela limpa o rosto com a costa da mão e sai.

Fico parado sem reação. Voltamos ao zero. Nem eu consigo me perdoar por ter beijado Nátalie. Ela ficou parada durante toda discussão, encostada na parede ao meu lado. Estava sem forças para xingá-la ou brigar com ela. Comecei a chorar.

- Você é um monstro. - Falo. - Agora sim percebo o quanto fui ingênuo em relação a você.

- Eu só defendo meus interesses. O resto que se dane. Confesso que esperava mais do que esse showzinho sem graça. Mas tanto faz. - Ela ri.

- Você me inoja. - Falo e desço a escada.

Lá fora, entro no carro do meu pai e vejo que o carro de Anna ainda está no mesmo lugar. Olho ao redor e percebo que ela não saiu da festa. Está ao lado do bar, bebendo. Penso em ir lá com ela, mas não acho que tenho esse direito. De qualquer forma, não posso deixá-la sozinha. Ela está bebendo demais. Não vai poder dirigir assim. Não me perdoaria se acontecesse alguma coisa com ela por minha causa. Por isso, fico esperando dentro do carro que eu vim. Os vidros são peliculados. Ninguém vai notar que eu estou aqui.

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